Se não fosse por você...

Capitulo 11

Cherry narrando

Eu sempre gostei de viagens. Toda a minha vida eu quis viajar pelo mundo e conhecer novos lugares, novas pessoas, novas línguas, novos costumes, novas culturas entre muitas outras coisas. Grande parte de tudo que já vivi envolveu esse meu fascínio. Afinal, eu poderia sim dizer que estava satisfeita com a vida que eu havia levado até ali. Apesar das muitas tragédias, eu aprendi a seguir em frente de cabeça erguida e com fé. Já havia conhecido vários e vários lugares, tantos que eu perderia até a conta se fosse tentar realmente contar. Cheguei a aprender muitas línguas, algumas ainda tenho dificuldade mas sempre procurei aprender nem que fosse o mínimo das línguas dos lugares onde eu visitava. Tenho amigos ou meros conhecidos por tudo quanto é canto. Me orgulho da mulher que me tornei, apesar da morte de meus pais, da morte do meu ex futuro noivo, da tentativa de estupro do meu próprio cunhado, e de tudo que eu já passei. Eu me orgulho da pessoa que sou hoje. Me formei na profissão que eu realmente queria. Viajei por tantos lugares que nem sei. Me apaixonei e quase fiquei noiva. Não deixei de ser corajosa. Já me diverti a beça. Já fiz tantas coisas, e quer saber ? Não me arrependo de nada do que fiz.
– Cherry eu estou falando com você, droga -Lay esbravejou irritada com meu devaneio-
– Calma Lay. Diz, o que houve ?
– Houve que temos que ir embora, eu não encontro o maldito par do meu sapato e você ta ai pensando na morte da bezerra.
– Seu sapato está debaixo da escada. -disse me levantando da areia e batendo as mãos na bunda para eliminar qualquer grão que estivesse por ali. Laysla bufou de raiva e saiu marchando até dentro de casa.
Depois de Lay finalmente achar e calçar o sapato dela, fechamos a casa e entramos no táxi.

*•••*•••*

Acordei eram exatamente 05:30, levantei-me arrastada e fui tomar um banho e fazer minha higiene pessoal. Vesti uma saia lápis preta que pegava acima do joelho, uma blusa de cetim creme e um blaser da mesma cor da saia, nos pés havia um sapato fechado com o salto razoável. Peguei minha bolsa junto com tudo que eu precisava e a chave do meu carro, eu tomaria café na rua. Passado 45 minutos eu estava entrando em minha sala e chamando o primeiro paciente.

O dia foi cansativo, mas como sempre valeu a pena. Cheguei em casa morta, comecei a me desvencilhar da roupa na sala mesmo, tomei um banho gelado pra relaxar, sai de lá vestindo um pijama leve e fui atrás do que comer na cozinha. Fritei um hambúrguer lavei um tomate, cortei o mesmo, lavei algumas folhas de alface, peguei duas fatias de mussarela, uma de presunto e uma de peito de peru, peguei o pão e montei meu sanduíche. Na geladeira havia um suco de maracujá do quão eu enchi um copo e fui pra sala. Liguei a Tv e comecei a procurar por um canal. Supernatural, era o que eu assistia no momento. Eu não era muito de assistir Tv, isso só acontecia nesses horários, depois que eu voltava do trabalho. Assistia tão pouco que nunca tinha percebido o quão bonito esse tal de Dean, ou Jensen Ackles é.
Acabei assistindo dois capítulos de Supernatural pra depois subir pro quarto, escovar e finalmente dormir.

🍃😌

Já era quarta feira, eu estava no meu horário de almoço do qual eu resolvi colocar uma lasanha comprada no microondas ao invés de sair pra comer.
Levantei pra ir resgatar minha lasanha depois de ter ouvido o bip bip do microondas, enquanto eu preenchia um copo de suco de uva o telefone tocou.
– Senhorita Malvin ? -perguntou uma voz masculina-
– Sim. Em quê posso ajudar ?
– Aqui é o sr. Henrys. Bom, eu trabalho em uma das multinacionais de direito penal e a procura de um psicólogo, foi me indicada você. Estou certo de sua profissão ?
– Está sim sr. Henrys. -falei depois de tomar um gole de suco. Qual é ? Eu estava com fome-
– Muito bem. Eu queria então lhe fazer uma proposta. Quer trabalhar para minha empresa ? Estou precisando de uma pessoa que seja competente como eu ouvi que você é, e que saiba lidar com as pessoas daqui, são um pouco difíceis, mas fique tranquila, nada impossível -ele disse meio divertido-
– Ouh! Bem... Eu não sei o que dizer. Desculpe mas não posso simplesmente aceitar de cara, temos que conversar sobre muitas coisas e se possível eu queria poder conhecer a empresa e assim tomar minha decisão.
– Claro. Sem problema algum. Pedirei então que minha secretaria te ligue marcando um dia para você vir aqui, assim você conhece a empresa e já acertamos o que tiver de acertar tudo bem ?
– Tudo bem. Tenha uma boa tarde sr. Henrys -sorri mesmo sem ele poder ver-
– Tenha uma boa tarde senhorita Malvin.

Desliguei o telefone um pouco surpresa, afinal, já fazia algum tempo que nenhuma empresa ligava para me propor tal coisa. Ele disse que as pessoas de lá são meio difíceis? Porque eu adoro um bom desafio. Fico até animada com a ideia, o que é estranho já que até hoje, eu nunca havia cogitado a ideia de aceitar uma proposta dessas, rejeitei todas.
Peguei minha lasanha, meu copo de suco e sentei-me a mesa da mediana cozinha. Logo ouvi um barulho, olhei para o rumo da porta e avistei Pietro. Droga! Aqui não.
– Não Pietro. Estou em meu ambiente de trabalho. Vá embora -falei calma voltando a beber meu suco-
– Eu não vim brigar -disse normalmente e veio em minha direção se sentando ao meu lado- Quero me desculpar.
– Está desculpado -disse fria e sem olhar para ele- Pode se retirar agora.
– Não faz assim Cherry -ele pediu com a voz meio embargada-
Só então olhei para o mesmo percebendo seu rosto um pouco inchado e seus olhos avermelhados e sem sinal de ter dormido a noite toda.
– Eu não to fazendo nada. Você fez Pietro. O que você me causou não é o tipo de coisa que se esquece com um pedido de desculpas, vê se entende isso. -disse jogando as palavras na sua cara-
– Eu sei, eu posso tentar me redimir, eu juro. Posso voltar a ser o cara bom e gentil que já fui um dia. Posso tentar concertar as coisas, eu só preciso que você me deixe fazer isso.
Fiquei por alguns minutos o olhando
– Diz alguma coisa -ele pediu-
– Quero acompanhar seu psicológico -falei depois de respirar fundo- Quero que me conte tudo. To tentando abaixar a guarda e te ajudar Pietro, me ajude também ta legal ? Não vai ser fácil, e eu ainda não gosto de você. Mas eu estou aqui, e quero tentar fazer isso. Se não der certo, adeus. Entendeu ?
– Entendi -ele disse concordando com a cabeça e se levantando- Vou ligar pra sua secretária e marcar horário.
Dito isso, ele me olhou uma última vez e saiu, e enfim eu consegui comer em paz.