Se não fosse por você...

Capítulo 18

Cherry narrando
O final de semana passou lentamente e quando chegou a segunda feira eu estava pirando. Em parte porque eu trabalharia em uma empresa cujo o nome é o mais conhecido por aqui, algo que eu nunca fiz na vida. Segundo porque eu estava batucando minha cabeça até hoje sobre a reação de Ian da última vez que nos vimos. Lay passou o final de semana comigo, as únicas coisas que fizemos foram dormir, comer, assistir e conversar.

Levantei-me arrastada da cama, meus olhos estavam cansados, consequência de uma noite mal dormida. Escovei os dentes e entrei no box pra tomar meu banho gelado, ver se pelo menos assim eu me mantinha mais ligada. Sai de lá bons minutos depois, vesti meu vestido cinza e coloquei um blaser por cima, calcei um sapato fechado de salto preto, e peguei minha bolsa, logo em seguida passei um pouco de base e pó em baixo dos olhos pra disfarçar as olheiras e nos lábios passei um batom rosado, nada muito forte, por fim passei rímel e perfume, estava tudo pronto. Desci as escadas com a intenção de beber um café pra despertar e ir para a empresa.
Lay estava na cozinha já comendo.
–Bom dia flor do dia -disse e sorriu pra mim- Você tem estado péssima hein -fez uma cara cômica, o que me fez rir- Desculpe -pediu se encolhendo-
– Porquê? Não é nenhuma mentira mesmo. Não consigo dormir direito desde o maldito sábado de madrugada -disse colocando minha bolsa em cima do balcão e me sentando a frente de Lay-
–Vocês tem que se resolverem logo -Lay disse se referindo a mim e ao Ian-
– Nós não temos que nos resolver, porque não temos nada. Eu vou lá, vou trabalhar, e vou agir como se estivesse tudo bem -disse e tomei um gole do café despejado na xícara agora a pouco-
– Ta correndo ? -provocou minha amiga-
– Não to correndo Lay, estou sendo profissional. Caso você não tenha entendido, aquela empresa agora é meu novo ambiente de trabalho -disse bebendo o resto de café e me levantando pra colocar a xícara na pia- Vou escovar os dentes pra gente ir -disse saindo dali-

Voltei minutos depois, Peguei minha bolsa, a chave do carro e sai com a Lay trancando a casa e pegando também essa chave.
Deixei minha amiga em seu trabalho e partir sem mais delongas afim de não chegar atrasada logo no primeiro dia na empresa. Não demorou muito e eu estava cruzando as grandes portas de vidro da Henry's, podia jurar que tinha até me esquecido de toda a bagunça que minha vida estava com tamanha empolgação, mas a primeira pessoa que  vejo me faz lembrar de tudo em questão de milésimos. Ian estava parado na minha frente agora, depois de mais uma vez, tragicamente, a gente se esbarrar. O mesmo me olhou e soltou o ar pesado que ele parecia segurar, seus olhos transmitiam pura impaciência.

Me limitei a dar um bom dia e sai do seu campo de visão, não ouvi resposta mas não me deixei abalar por tão pouco, continuei minha caminhada até o elevador.
Passei na sala do sr. Henry e ele pediu para que uma moça chamada Lorena me levasse até minha sala.

Estava indo tudo tranquilo, quando deu a hora do almoço Lorena bateu na minha porta me avisando e perguntando se eu queria almoçar com ela, mas na hora que abri a boca pra dizer que sim, Ian apareceu com seu sorriso sedutor e disse para a mesma que eu já tinha compromisso, ela sorriu envergonhada me deu um tchau e saiu fechando a porta.
Encarei o moreno na minha frente que se encontrava com uma pasta na mão, assim como seu palitó e a gravata frouxa.
– Desculpa, mas horário de almoço, é horário de almoço -sorri simpática e peguei minha bolsa já me levantando pra sair da sala-
– E quem disse que você não vai almoçar ? -me encarou parando na minha frente agora-
– Exatamente, eu vou almoçar. -disse mais uma vez tentando me livrar dele mas o mesmo segurou meu braço e colou meu corpo na parede mais próxima-
– Que droga Ian! Aquele papo de que não sou seu fantoche, eu não estava brincando só pra deixar claro -disse e empurrei ele saindo enfim da sala-
– Não precisa ficar repetindo isso, eu sei bem que você não é um fantoche -falou vindo atrás de mim-
– Afinal, o que você quer ? -perguntei parando de andar e o encarando bem de perto- Hein ? Porque pra ser sincera ta bem difícil de te acompanhar visto que uma hora você fala o que bem quiser de mim e depois vem...-ele tampou minha boca com a mão-
Eu finalmente ouvi passos e DROGA!
Não é possível, primeiro dia de trabalho e vou ser pega discutindo assuntos pessoais com o Ian.
Ouvi o mesmo suspirar e sorrir então me virei
– Davi -eu disse recuperando o fôlego que tinha fugido de mim e sorri, nunca achei que ia ficar tão feliz em ver ele-
–Oi -sorriu e me deu um beijo na bochecha- Atrapalhei alguma coisa? -perguntou malicioso-
– Não -eu disse, porém Ian disse sim na mesma hora que eu-
– Vamos almoçar -disse Ian- Temos que conversar em particular
Davi pareceu entender o que ele queria dizer pois sorriu e apenas concordou com a cabeça.
– A gente se vê depois morena -piscou pra mim e saiu sorrindo-
– Vamos -ouvi a voz que me enlouquecia em milésimos dizer atrás de mim, bufei e comecei a andar ouvindo os passos de Ian atrás de mim-

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– Então, eu estava me lembrando por acaso, no sábado de manhãzinha que você me atirou uma faca no escuro e se eu não levasse a vida que levo, teria um novo lar, o caixão. -Ian começou a dizer como quem não queria nada-
Merda! Merda! Merda! Eu sabia exatamente o que vinha pela frente, ele iria querer saber de onde tirei a maldita habilidade com facas.
– E então eu resolvi ir atrás -dito isso pegou a pasta que eu havia visto em sua mão na minha sala e deu uma balançadinha me olhando- E eu achei, como previsto logicamente. A questão é.. -interrompi ele-
– A minha vida inteira ta ai ne ? -ele me olhou intrigado e concordou com a cabeça- E porquê não leu ?
– Quero ouvir de você, caso isso não aconteça de forma alguma, então vou adotar outros métodos.
– E porque quer saber sobre isso ? Não tem nada a ver Ian.
– Tem muito a ver. Vai me contar ou não ?