As Cinco Bruxas de Aliança

A Linhagem Toslei

Dona Doveva tirava tudo da mesinha de centro da sala dando lugar a potes que tinham coisas como folhas, líquidos coloridos, olhos, algo que se parecia baratas mortas. Tudo isso foi tirado de uma grande mala de viagem. Logan deu um pulo para trás quando viu a série de coisas estranhas que a avó tirava da grande mala de viagem.

- Vovó o que são essas coisas? - Logan estava com um pote nas mãos analisando com cuidado. Ele nunca iria imaginar que uma velhinha carregasse esses tipos de coisas em uma mala.

- Lamentações. - Ela estava sentada no chão em frente à mesinha com os olhos fechados e falando uma língua estranha. Logan não sabia dizer se era latim ou sueco. Ele mal sabia falar sua língua direito. - Agora coloque o pote sobre a mesa e deixe me fazer a minha mágica. - Logan colocou o pote com cuidado na mesinha de centro, ele agora entendia o porquê de seu pai nunca falar muito sobre a sua mãe. Ela é louca, pensou. - Eu ouvi isso Loganland! - Os olhos do menino se arregalaram e a porta da frente se abriu.

America e Tia Prudy.

- Vovó, o que está acontecendo? - America olhou desesperada para a avó e depois para mesinha de centro com os potes cheias de coisas estranhas e coloridas. - Tia Prudy? - Olhou desesperada para a tia, que estava muito calma e à vontade com a situação.

- Eu acho que a vovó enlouqueceu, Meri. - Logan falou baixo o suficiente para que a menina escutasse, infelizmente não foi só ela.

- Loganland se você me chamar de louca mais uma vez, eu lhe transformo em um rato. - Logan se escondeu atrás da irmã. Covarde, pensou America. - Meri, minha neta. Senta-se. - Doveva apontou para que a neta se sentasse no chão, do outro lado da mesinha de centro, de frente para ela. America assim o fez.

- O que está acontecendo? - Doveva abria alguns potes - Cadê minha mãe? - E colocava em um caldeirão pequeno. - O que é tudo isso? - Apontava para os objetos estranhos em cima da mesa.

- Vamos achá-la agora. Fique calma - Ela pegou uma colher de pau e começou a mexer a mistura do pequeno caldeirão. - Estou fazendo um feitiço antigo de localização para achá-la. E antes de tudo quero que saiba que não sou louca como seu irmão diz. Sou apenas uma bruxa. - Ela mantinha os olhos no pequeno caldeirão. America lançou um olhar para sua tia, que suspirou fundo antes de começar a falar.

- A família Toslei é uma família de bruxos e bruxas. - Logan se sentou na poltrona mais próxima sentindo-se tonto. America tinha olhos arregalados e apavorados. - O pai de vocês era um bruxo de Aliança... - foi interrompida.

- Bruxo de quê? - Logan olhou para America em plena confusão. A garota estava calada com o rosto sem expressão.

- Aliança. Ela é uma cidade de bruxos em um mundo paralelo a esse. - Prudy falava calmamente.

- Então quer dizer que também tem uma escola de bruxos e lutas com demônios da pesada e... - America revirou os olhos e Prudy o interrompeu.

- Não. A mãe de vocês deixou vocês verem TV de mais. - Ignorando o comentário da tia, America olhou para a avó.

- Nossa mãe também era bruxa? - Logan ainda tinha uma expressão de apavoramento, mas agora também havia um deslumbrei por saber, que poderia ser como os personagens dos quadrinhos que ele tinha.

- Não, meu bem. - A avó olhou para o neto e depois voltou a olhar para a neta. A menina não havia entendido. - A mãe de vocês é mundana. O pai de vocês costumava vir para esse mundo mortal com alguns amigos para se divertir, e por um acaso encontrou a mãe de vocês. E eles... - Tinha um pouco de dor na fala dela, forçando Prudy a continuar.

- E eles se apaixonaram. Então, Otto deixou Celeste e Aliança para viver com Annabel. - Aquilo era muita informação para um dia só.

- Quem é Celeste? - Perguntou Logan com um pouquinho mais de calma.

- A primeira esposa da vida de Otto. - O clima ficou pesado.

- Papai se separou para ficar com a nossa mãe?! - America sussurrou olhando para o chão, como se ele tivesse todas as respostas para as suas perguntas.

- Na verdade, não. - Dona Doveva parecia cansada, não era assim que queria contar a verdade para os netos. - Não se pode separar em Aliança e muito menos de Celeste Boaventura. - Ela queria poder sentar com os netos e seu amado filho, que agora estava morto. A velha suspirou e prosseguiu o assunto. - Tivemos que vir para o mundo mortal para não sofremos as consequências das escolhas de Otto no seu lugar. A família Toslei praticamente foi banida de Aliança. - Dona Doveva manteve a cabeça baixa e Prudy também. Otto tinha envergonhado e sujado o nome da família, mas nem por isso deixou de ser o amado filho de dona Doveva.

- E por que não contaram nada para a gente antes? - Logan estava com raiva.

- Vocês são muito novos. O pai de vocês não queria que se envolvessem nesse mundo de magia. Ele tinha medo. Então, ocultou e sugou os poderes de vocês para si. Para que vocês não vissem como o nome da família está na lama, e para que tivessem a oportunidade de viver uma vida normal longe dos perigos de Aliança. - Prudy se sentou no sofá. Essa conversa não era fácil sem Otto.

- Quer dizer que não temos mais poderes? - Logan parecia aliviado e ao mesmo tempo decepcionado com o fato de não ter mais os seus poderes.

- Vocês ainda os têm. Otto só sugou e não retirou. Tem que ser muito poderoso para se fazer uma coisa dessas. Talvez a magia só esteja fraca. Qual é a data de nascimento de vocês? - Prudy olhou primeiro para America.

- 21 de Fevereiro de 1997. - Um minuto de silêncio. Doveva olhou para sua filha, que assentiu.

- Loganland? - Logan cruzou os braços e revirou os olhos assim que a tia pronunciou o seu nome.

- 18 de Agosto de 1998. - Logan olhou para a tia.

- America está com a magia forte e Logan está um pouco fraco, mas logo estará completo. Só se pode sugar os poderes de um bruxo em seu aniversário. - A tia levantou e olhou para os sobrinhos. - Mas agora está muito tarde. Vão dormir. Isso foi muita informação para um dia só. Eu e mamãe cuidaremos de vocês e iremos explicar melhor tudo com mais calma e no seu próprio tempo. - America e Logan se olharam e foram direto para as escadas rumo aos quartos. Assim que as portas dos quartos foram fechadas, Doveva estalou os dedos e as mesmas foram trancadas. E outro tipo de conversa surge na sala.