As Cinco Bruxas de Aliança

A Besta

As duas garotas pegaram suas coisas e andaram apressadas para sair logo daquele lugar. As luzes da biblioteca começaram a piscar sem parar. De repente, o local ficou escuro.

- O que foi isso? - America se virou ao ouvir um barulho.

- Não sei. - Genevieve começou a procurar o celular na bolsa.

- SENHORA FREGO! - Gritou America.

- Você é louca! - Genevieve ligou a lanterna do celular e direcionou para a amiga.

- Por quê? - A menina colocou as mãos na frente do rosto para conter a luminosidade.

- Está querendo que o assassino venha atrás da gente. - Antes que America respondesse a loira houve um ruído acompanhado de um grito. - Viu? - A menina revirou os olhos.

- Para de feiura. Vamos atrás da senhora Frego. - Elas refizeram o caminho para o primeiro piso da biblioteca.

O coração de Genevieve batia forte. Não queria ser a próxima a ser morta. As palavras da mãe ecoaram em sua mente: "... eles vão te caçar ...". Como ela queria aquela faca de cozinha agora.

Uma mão fria tocou o braço da loira. A menina parou, sentiu a bile subir pela garganta e todos os seus músculos estavam tensos. O medo era cortante. Genevieve se virou lentamente, viu Camila com o dedo indicador a frente dos lábios e relaxou.

America não tinha parado de andar, por isso estava um pouco mais na frente. Quando olhou para trás para verificar se a loira ainda a seguia, viu Camila e Genevieve se aproximando a passos largos.

- Temos que sair daqui. - Sussurrou Camila.

- Por quê? - Indagou a menina.

Camila tinha um olhar que acomodava um enorme assombro.

- A Besta. - A voz da bibliotecária era muito baixa e tinha um certo tom de pavor. - Ele está aqui. - Aquilo deu um frio na espinha das garotas. - Vamos, eu sei como podemos sair daqui. - As meninas a seguiram silenciosamente para os fundos da biblioteca.

Senhora Frego empurrou a porta, mas ela estava trancada. As janelas estavam todas fechadas. Alguém havia feito questão de trancá-las.

- E agora? - America olhou para a senhora encolhida contra a porta.

Ela sussurrava palavras estranhas. Algo que poderia ser latim. Palavras tão antigas, quanto as que a velha Doveva havia recitado na propriedade Toslei na noite anterior. Aquilo tinha uma certa energia atraente, que deixavam as garotas maravilhadas e completas.

- Estão prontas para conhecer Aliança? - Camila parou de recitar as palavras desconhecidas, mas ao mesmo tempo tão familiares para as meninas.

As garotas olharam uma para outra com certo espanto.

- Como você sabia? - Indagou a loira.

- Eu senti vocês. - Camila sorria para as meninas. - Extremamente fortes. - Ela puxou as portas duplas da biblioteca novamente.

Um portal luminoso, que brilhavam em diversas cores como a galáxia, estavam no lugar do que deveria ser apenas o fundo de uma biblioteca antiga e puída. America e Genevieve estavam um pouco amedrontadas com o fato de que Círculo de Aliança, era formado por bruxas poderosas, e que elas estariam indo para lá. O que aconteceria se essas tais bruxas as encontrassem revirando as suas histórias procurando respostas? Ou entrando em seu mundo sem serem convidadas? A senhora Frego viu o espanto das meninas em seus rostos jovens.

- Olha. - Camila estava séria. - Eu sei que vocês querem respostas. E eu não vou deixar vocês procurarem por elas sozinhas, por isso vou levá-las aos casarões de Aliança. - Genevieve tinha os olhos arregalados de espanto e ansiedade. - Vamos.

- Vai nos levar mesmo a Aliança? - Genevieve não estava acreditando, que foi tão fácil arrumar um jeito de ir a Aliança.

- Sim. - Camila disse. - Vamos logo. Não temos muito tempo para conversa agora. - America foi a primeira.

Ela sabia que avó a mataria se soubesse que estava se arriscando a ir a Aliança, o lugar onde sua família era indesejada. Mas queria as respostas, e por elas valia se arriscar. America passou pelo portal e simplesmente desapareceu assim como aconteceu com Genevieve e a senhora Frego quando passaram pelo portal.

Cassidy, Clarissa e Olívia estavam sentadas em uma mesa qualquer, no Denie-Way, jogando papo fora. America e Genevieve não tinham chegado até agora. Ambas haviam mandado mensagens para as amigas mais cedo, dizendo estar doente e com problemas familiares. O que quer que fosse não parecia muito bom.

- Eu vou para casa de G, ver como ela está. - Cassidy pegou a bolsa do chão e se levantou da cadeira.

- É óbvio que ela e nem Meri vão aparecer por aqui. - Olívia colocou o seu suco em cima da mesa com o dinheiro para pagar a bebida. - Vou com você.

- Bem. - Clarissa pegou a mochila. - Vou na casa de Meri, então.

- Se Genevieve estiver bem, vamos para casa de America depois. - Cass saiu com Via.

As duas garotas pegaram o primeiro taxi, que avistaram na frente. Olívia pegou o celular e ligou para Genevieve. Tocou uma, duas e na terceira deu caixa postal. As garotas avistaram as luzes azuis e vermelhas dos carros de polícia e do pronto-socorro parados na porta da casa dos Lavoisier.

Olívia pagou o taxi. Cassidy correu para a casa, mas foi interrompida por um policial.

- Não pode entrar na casa, senhorita. - Cass olhou para o policial pronta para dizer um palavrão, mas Olívia apareceu.

- Desculpa perguntar, mas o que aconteceu aqui? - O policial olhou para os olhos claros da loira.

- Um massacre. O senhor e a senhora Lavoisier foram encontrados mortos em um ato que julgamos ser satanista, porque achamos diversos símbolos estranhos desenhados, nos corpos das vítimas e na casa. Tem diversos policiais trabalhando no caso, fiquem despreocupadas. - O policial parecia um pouco atordoado.

Ele não entendia o porquê de ter revelado tais fatos da investigação. Cass havia se sentando no chão e começado a chorar. A loira se sentou ao lado da amiga e a abraçou.

- O que aconteceu com Genevieve, Via? - Os olhos da morena estavam cheios de lagrimas.

- Não sei.