Despedida (EXTRA)

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Foi extremamente difícil para Genevieve levar naquela manhã. Tinha chegado o terrível dia. A garota sempre imaginou, que quando isso a acontecesse já estaria casada e com seus filhos, nunca passara por sua mente que isso poderia acontecer precocemente. Ela mal tinha dormindo. Genevieve acreditava que se pregasse o olho, ela teria pesadelos piores do que estava tendo acordada.

A menina colocou um vestido preto básico, quase igual ao que tinha usando para ir à escola no dia do assassinato, com sapatinhas. Quando apareceu no alto da escada, viu todas as suas amigas aglomeradas no pé da mesma. Desceu calmamente e não falou com ninguém. A velha Doveva havia falado com Genevieve, logo após a mesma dar o seu depoimento para polícia, que teria que discursar no enterro, a garota passou a noite toda escrevendo o texto de despedida para os pais.

O percurso da casa dos Toslei até a igreja foi mais rápido do que esperado. Assim que chegaram lá, Genevieve e as meninas se sentaram no primeiro banco da direita da igreja. Havia mais ou menos umas oitenta pessoas da empresa Lavoisier dispostas pela igreja, que estava lotada, os alunos do colégio de Genevieve estavam lá em peso, assim como o corpo docente.

Por um tempo, a garota ficou só olhando as pessoas indo até os dois caixões dispostos um do lado do outro, em cima de um tipo de carrinho coberto com um pano dourado. Todas aquelas pessoas que a loira nunca tinha visto se ajoelhavam ao lado dos caixões ou paravam ao lado dos mesmos e olharam por alguns instantes o casal, umas chorando, outras dizendo alguma coisa, e então todas colocavam a mão no caixão, sussurravam suas últimas palavras que haviam guardado para aquele momento e secavam as lagrimas. As amigas da garota a deixaram sozinha para irem até os caixões.

A melhor amiga – e advogada família - e o padrinho da órfã Lavoisier estavam em pé ao lado dos caixões, extremamente luxuosos, abraçando as pessoas conforme iam passando, mas aí viram a jovem loira sentada com os olhos vermelhos, sorriso amarelo e foram até ela. A garota se levantou e abraçou primeiro o padrinho, depois a melhor amiga da família, que deu um abraço bem forte, que Genevieve teve a sensação que iria desmaiar pela falta de ar, era como a mãe da garota costumava fazer. Os dois aparentavam ser muito mais velhos — os olhos fundos, a pele flácida dos rostos exaustos. A loira se perguntou se estaria assim também.

— Eles amavam tanto você... — A mulher passava levemente a mão no rosto da menina.

— Eles gostavam muito de vocês dois — A voz da loira saiu baixinho.

E então o homem e a mulher foram falar com Doveva e Prudy, a conversa limitada a gestos de cabeça e lábios apertados. Genevieve olhou para os caixões e decidiu andar até lá. Ela pegou a bolsinha de mão e andou a passos lentos em direção aos seus pais. A garota queria que fôssemos só ela e só eles. Todos parecem ter entendido o recado e se afastaram dos caixões, menos as amigas da loira.

A caminhada parecia longa, mas a órfã foi dizendo a si mesma para se controlar, pois eram forte, que podia fazer isso. Ela podia ver o rosto da mãe – o do pai estava lacrado, pois estava aos pedaços - ao me aproximar dos caixões lustrosos: o cabelo loiro da mãe estava perfeitamente alinhado e seu rosto parecia plastificado. Mas ainda era a mãe da garota, Faith. Uma mulher magra e muito bela.

— Eles te amavam de verdade. — Clarissa disse como se a amiga não soubesse, o quanto os pais a amavam, quando a menina chegou perto do caixão da mãe.

— Você quer ficar sozinha? – Indagou America, depois que percebeu que a loira não diria nada.

Genevieve fez que sim com a cabeça e a Olivia completou:

— Estaremos logo ali sentadas no primeiro banco. – Os olhos cinzentos de Genevieve focaram em Olivia, eles transmitiam a seguinte mensagem: "Eu não duvido disso, obrigada."

As Cinco Bruxas de AliançaWhere stories live. Discover now