O caso Tom: Parte 3 - Massacre

1.6K 135 20
                                    

E então chegamos ao evento que eu queria narrar, véspera do carnaval de 2010.

Decidi varar a noite na Tunnel, considerando não ter nada melhor pra fazer. Decidi de ultima hora, tinha vip mesmo.

Cheguei lá meia noite e dez, o vip era até meia noite, o cara quase não me deixou entrar!! Mas acabou que deixou, mesmo por que não tinha mais trem pra voltar!!

Beleza. Entrei na balada e no decorrer da noite, troquei uns olhares para alguns gatos, mas estava de boa, não fiz nada além disso. Ai, em um determinado momento, encontrei o Tom. Ele pegou na minha mão como sempre e partiu sem falar nada. Dali em diante, nos cruzamos a noite toda, e ele até beliscou minha barriga, rs.

Mais para o final da noite, eu estava dançando. Então vi o Tom, falando com um carinha que estava diante dele. Parei de dançar e assisti aquela cena. Os dois sorrindo juntos. Relembrei meus bons momentos com ele. Poderia ser eu lá, sorrindo com ele. Mas graças a mim mesmo, não era. Então, decidi ter uma recaída. Depois de meses sem conversa, iria tentar puxar assunto.

Mas o que? Simples: Eu o vi na estação de trem!! Procurei por ele, mas tava dificil encontrar, a casa nunca esteve tão lotada.

Deu 5:00 da manhã. Decidi desistir da recaída, e então tropei com ele!!!

- Ei, já está indo embora?" perguntei, e ele disse que ia pagar. - Eu subo com você.

Subimos, e citei que o vi na minha cidade.

-Ah, é. Eu trabalhei lá alguns dias.- Pronto, matei minha curiosidade.

Chegamos do lado de fora, ali eu já tinha certeza de que era só jogar alguma indireta e eu já o teria novamente.

Mas então teve início uma cadeia de eventos inacreditável; Até agora, às vezes não acredito que tenha acontecido.

Do lado de fora, haviam umas sete pessoas andando em grupos aleatórios. De repente apareceu um brutamontes, gritando: "Vagabundo? Acha que sou vagabundo? Tá me tirando? Cê qué morrer?"

Eu tentei ignorar os gritos, continuei falando, fui com o Tom para a rua vazia naquela hora enquanto o grandão caminhava pela calçada.

Parecia estar falando com alguém, mesmo estando sozinho. De repente, ele tirou o sapato e tacou nas costas de um cara que estava na frente dele. A vítima então falou:

- Ei, eu não te fiz nada...

O grandão passou por aquele que atacou e chegou em seu objetivo: O casal de héteros à frente. Ele deu um soco direto no rosto do rapaz e a menina começou a gritar

- Ô seu covarde, a gente não fez nada pra você, sai fora!!

O segurança da boate aproximou-se e tentou conter o louco, que continuou a gritar:

- Acha que eu sou vagabundo? Hein, sua bichinha? Acha?

Eu e o Tom continuamos caminhando, logo à nossa frente o casal tentou acelerar o passo e o louco atravessou a rua, ainda gritando:

- Corre, corre, seu viado, se não você vai morrer!! Corre!!

O Tom disse para irmos mais para perto do casal na tentativa de protegê-los e caminhamos mais próximos deles. Os outros grupos estavam mais afastados.

O brutamontes de cabeça raspada então atravessou a rua correndo e, diante do estacionamento da boate, acertou um outro soco no rapaz que ainda tentou voltar com a menina pra um lugar seguro.

Ela começou a gritar, colocando-se na frente do namorado e o brutamontes à pegou pelo braço e jogou contra o chão.

O Tom e outros começaram a gritar para que a briga parasse e o gigante deu uma gravata no rapaz. Eu, em um ato perigoso e impensado, tentei empurrar o cara para que ele soltasse a vítima e ele olhou nos meus olhos, ensandecido, dizendo:

- Se tocar em mim vai morrer com tiro!!

Eu nunca briguei, minha força física é zero. Não tinha como fazer alguma diferença, mas naquele momento a coisa já estava tão crítica que ninguém estava pensando racionalmente.

Em meio à gritaria dos outros por socorro, o louco arrastou o rapaz para o meio da rua. Eu gritei por socorro, tentei chamar os seguranças e um deles caminhou (lentamente) até nós. O alarme de um dos prédios disparou para tentar dispersar a confusão, sem sucesso.

Um montinho juntou-se ao redor do descerebrado, tentando aplacá-lo enquanto ele gritava como louco e um dos rapazes falou para levarmos o ferido dali, que eles levariam a garota logo atrás.

Eu, Tom e o desconhecido (que nem soube o nome), o qual estava com a cara inchando, corremos para a estação e lá embaixo, o cara ainda apareceu gritando e correndo atrás de nós.

Mas chegamos às 5:38 na estação de metrô. Depois de uns dez minutos, chegou a namorada do rapaz, aos prantos. Ele teve alguns ferimentos, mas nada muito grave, enquanto a menina estava em choque.

Explicaram que o cara os viu saindo da boate e que tentou mexer com ela. O rapaz então à puxou para perto dele, tentando apenas protegê-la e ele começou então a gritar daquela forma.

Não sei o que teria acontecido se a gente não tivesse corrido. Mas aquele foi o primeiro ato homofóbico que eu presenciei na vida. Nunca vou me esquecer.

Bom, quanto ao Tom... na estação de metrô, ele pediu que eu o adicionasse novamente no msn. Nunca imaginei que passaríamos por isso juntos. Mas até agora não sei se adicioná-lo é o certo a fazer também. Vamos deixar acontecer.


Diário de um ex-virgem gayWhere stories live. Discover now