Dançando no mesmo ritmo

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Ok, nenhuma pessoa é rasa o suficiente pra não ter um passado. Ninguém é preto e branco, e definitivamente, nenhum homem é uma ilha. Que culpa teria eu de haverem pendências na minha história? Culpa nenhuma. Minha única culpa foi cair na pista, me deixar levar pelo som, me envolver em um beijo e gerar uma pendência extra a essa altura do campeonato. Eu teria que lidar com as consequências...

Quando vi o recado do Tyler, mandei uma mensagem a ele que podíamos ir no cinema naquela semana, ver um filme na República, e que ele podia ficar tranquilo, pois não era cinemão e nem pornô.

Na terça feira seguinte, entrei na net e conversei com o Tiago, que entre outras perguntas, falou:

—O que pra você é um relacionamento perfeito?

Eu então respondi:

—É cumplicidade. É o diálogo silencioso entre duas pessoas, como se estivessem dançando em um mesmo ritmo, em uma só sintonia.

Ele adorou a resposta.

No dia seguinte, a caminho para encontrar o Tiago, recebi uma mensagem dele às 13h10 perguntando se eu ia mesmo para o encontro, que estava combinado para 13h30. Já fiquei cheio de dúvidas, tentando ligar para ele sem conseguir, o que me deixou com muita raiva, já que estava tudo combinado e agora eu nem sabia aonde ele estava.

Estando eu no último vagão, estressado com a situação, olhei para o lado e vi em um banco um cara... bem bonito. Cheguei na Barra funda, onde eu deveria descer, e aquele rapaz, junto a meia dúzia de outros rapazes, permaneceram no vagão.

E eu também.

Queria descer, tinha que descer, mas as dúvidas em relação à ida do Tiago me fizeram permanecer sentado. O rapaz bonito começou a me olhar, enquanto outro olhava para ele. Eu disfarcei.

O bonitão balançou a cabeça negativamente para o que o paquerava e voltou-se para o meu lado, mas não tive certeza se olhava para mim.

Desci na estação, tentando falar com o Tiago de novo, sem sucesso.

O bonitão andou na minha frente e chegando perto das escadas que levavam ao banheiro, ele subiu.

Foi então que eu me dei conta:

"Mas que merda eu estou fazendo aqui?"

O trem apitou e eu saltei pra dentro, voltando à Barra Funda, com a cabeça martelando a possibilidade de ter tido aquele rapaz bonito comigo... Mas eu superei. Foi a última tentação.

Chegando na estação de trem, não vi o Tiago. Encostei no pilar, furioso, e então de repente ele surgiu.

"—stou aqui desde as 13h00... Aqui em baixo não tem sinal.

—E onde você estava agora?

—Vi um cara parecido com você... e fui atrás dele, até perceber que não era você.

—Hmmm... certo...

Fiquei desconfiado mas deixei pra lá.

Saímos da estação e caminhamos próximos à praça da República. Mostrei a rua gay pra ele e fomos até o cinema. Como ele já tinha visto o filme Eclipse (isso mesmo, da saga Crepúsculo, ninguém merece), escolhemos o filme pra assistir, ou melhor, para NÃO assistir, pois o objetivo era entrar e dar muitos pegas. O filme só começaria às 15h00.

Nos sentamos e começamos a conversar. Me surpreendi com o papo dele, MUITO legal mesmo. Falando sobre diversos assuntos, sem pensar muito, sem silêncios constrangedores.

Diário de um ex-virgem gayWhere stories live. Discover now