Diário de um ex-virgem gay

Uma resposta à vida...

Antes de terminar com o Tiago, eu tinha conhecido um rapaz chamado Alejandro (não é o da música), mas eu, como rapaz fiel, disse estar namorando e não poder fazer nada. Mesmo assim o mantive no msn e após terminar com o Tiago, vi nele uma possibilidade, não de namorar, por que pelo perfil já dá pra se imaginar bem o que ele quer, mas só para sair junto e ver o que rolava.

Alehandro

Idade: 39 anos ( o mais velho que já conheci)

Formado e mestrado na USP

Conheci: Perfil de uma rede social gay, só fotos sem camisa (e sem cabeça)

Mora: Sozinho

Provavelmente levava um rapaz por semana (senão por dia) pra casa dele e não queria compromisso sério. Beleza, era tudo que eu precisava naquele momento.

Fui até a estação dele já imaginando o tribufú que iria encontrar. Afinal, 39 anos, as fotos deviam ser da juventude, considerando que tinha o corpo mais belo que já vi...

E quando ele chegou... não é que era gato? Só o nariz que era grande como já tinha visto nas fotos, mas um corpo lindo, sarado, jamais aparentaria a idade que diz ter. Fiquei louco pra conhecer a casa dele e curtir aquela sexta feira a noite como uma pessoa normal e resolvida... mas como estamos falando da minha vida, onde nada normal pode acontecer...

"Então, Arthur , infelizmente não vou poder te levar em casa... Meu gato (ele tinha falado do gato doente dele) piorou e está vomitando sangue, a casa está uma bagunça."

Fiquei triste, mas fomos andar no shopping e deu pra conhecê-lo bem conversando.

Após horas no shopping onde comemos e caminhamos falando dos preços absurdos dos produtos nas lojas chiques (até 60 mil reais nas vitrines), saímos e começamos a caminhar. O papo foi bem legal, superou minhas expectativas.

Chegamos então ao assunto sobre relacionamentos antigos (acho que eu inspiro as pessoas a falarem sobre isso). Eis o que eu ouvi.

—Já me apaixonei uma vez. Ele me motivou a me assumir. Foi uma grande mudança na minha vida. Como eu era novo, acabei fazendo a burrada de trair... e ele descobriu, terminando tudo. Por cinco anos fiquei apenas pensando nele, fiquei mal, eu amava demais.

Sim, o amor... O doce veneno do amor. É disso que eu falo, é isso que eu procuro. Um amor que mova montanhas, que destrua paradigmas, que me faça gritar ao mundo: EU SOU GAY!!!!

Um amor que me faça rir e chorar, que lhe faça sentir-me vivo. Eu realmente nunca tinha amado ninguém, em meus plenos 24 anos. Estava angustiado, uma parte de mim queriar tacar o f#$da-se e sair por ai transando com os caras sem ligar pra sentimentos enquanto a outra queria encontrar esse amor que me fizesse querer viver eternamente e querer morrer por ele... Tenho medo de acordar aos trinta e olhar pro passado, vendo tudo aquilo que eu podia ter sido e não ter mais tempo de ser... Crise de meia idade...

Eu e Alehandro ficamos ao descer até a República e foi bem legal. Claro que comparações são inevitáveis. O beijo do Tiago era mais selvagem, mais intenso, mas ainda assim curti... É questão de desacostumar.

Indo embora, passamos diante de um bar gay só de homens bem mais velhos e ele disse que não queria ficar assim, velho e solitário na porta de um bar esperando os rapazes mais jovens passarem...

Aquela noite foi um verdadeiro tapa na minha cara, como se a vida perguntasse:

"E agora? O que você quer, Arthur? O que você procura? Você se acha jovem? Você não acha que está envelhecendo? Será que um dia você será como Alehandro? Um homem mais velho, formado, morando sozinho, e marcando encontros pela internet pra ter uma boa transa? Será que você é capaz de amar?"

Não soube responder a essas questões... espero um dia saber...