O fim: Parte II: Momento de glória

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Cheguei duas horas mais cedo para montar o laptop no anfiteatro e ensaiar com meu grupo. Não tivemos muito tempo para o ensaio, pois os outros grupos chegaram para testar. À medida que os minutos avançavam, eu ia ficando mais tenso. Treinei ensaiando junto com a Beata e logo chegou um rapaz de outro grupo, o que fez eu ficar bem nervoso. Se com uma pessoa eu ficava assim, imagine quando chegassem todos os prometidos...

Porém, acabou que, tirando aqueles que estudaram conosco que eu chamei (incluindo o Jé, uma figura peculiar, que eu sempre achei que era gay mas que ficava só vendo pornografia hétero nos computadores da facul), ninguém mais veio. Nem segurança, nem ex, nem marido, nem Kevin do trem.... nem meu irmão foi.

E confesso que fiquei aliviado.

Se algum deles fosse, eu ficaria muito nervoso.

Antes de começar a apresentação, a Beata pediu que nos abraçássemos em grupo e o fizemos, como uma equipe quase que pela primeira vez. E com as energias de todos, vestindo a camiseta da nossa obra, idealizada por mim, a apresentação começou.

Após a Beata, eu falei. Contei uma sinopse da história, apresentei personagens, rascunhos, produção, plano de comunicação, site, links de internet... e por fim, uma animação de 12 minutos produzida inteiramente por mim.

Após a animação, fomos aplaudidos. Finalmente acabou.

Ficamos face a face com a banca, e defendi meu trabalho de seus argumentos, de forma equilibrada e inacreditável, como nunca pensei que eu pudesse fazer. Aquele foi meu momento de glória. Minha professora orientadora me abraçou e me elogiou, dizendo que meu medo era à toa. Fechamos a vida universitária, viramos uma página da história.

No sábado, fizemos um amigo secreto com a maior parte da turma da facul, e até que foi legal. Eu que pensei que seria um daqueles eventos em que as pessoas ficariam com falsidade... Mas foi bem interessante, apesar das piadas homofóbicas que sempre tem entre os homens machões, das quais não ri para nenhuma.

Não tem muito o que alongar desses últimos acontecimentos. Tive uma crise pós-término de facul, meu humor naqueles dias estava péssimo, incluindo ficar eufórico e grilado com o futuro... Enfim, vivi um período de estranhamento, de chegar em casa e não ter que ajustar detalhes de um projeto. Isso foi preocupante, mas como tudo na vida, passou.

Nesses anos de vida universitária, vivi os mais perturbadores dilemas. Tinha o de trabalhar em logística e de ter que escolher se ficava ou partia... O dilema de, se conseguisse um emprego, não ter tempo de produzir o TCC, e o pior deles: Para arranjar emprego, precisaria de cursos... e para fazer cursos, precisava trabalhar. Mas como fazer curso, trabalhar e estudar na facul? A lição que eu tiro da vida universitária não poderia ser pior: "A vida te encurrala, e você precisa saber desencurralar. E se você não souber, vai aprender na marra. Ah, se vai."

Diário de um ex-virgem gayOnde histórias criam vida. Descubra agora