O começo nem um pouco tranquilo.

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Cuspi o sangue da minha boca, é claro que eu seria atacada por uma Hidra enorme no meu primeiro dia de aula na faculdade...Como eu sabia que era uma Hidra? Eu sei por que eu estudo Mitologia Grega na faculdade de Nova York e sempre gostei de aprender sobre mitologia, só não achei que aprenderia na prática também.

A única coisa que eu não entendia era porque eu estava sendo quase morta bem no meio da rua e ninguém, absolutamente ninguém estava prestando atenção, mas eu não tinha muito tempo pra pensar nisso, porque a Hidra já estava investindo em mim mais uma vez, e foi nessa hora que eu tomei a decisão mais sensata e inteligente da minha vida: Corri!


Não porque eu queria distraí-la ou porque eu tinha algum plano em mente, eu só corri porque eu não tinha a menor ideia do que fazer e na maioria das vezes, era o que eu fazia para me proteger daqueles monstros horríveis...eu corri muito até chegar na rua do prédio onde eu moro e quando estava quase chegando lá, vi um homem em uma cadeira de rodas e quando ele olhou pra mim, seus olhos se arregalaram...bom, só um bom tempo depois disso eu percebi que ele não estava ME olhando com aqueles olhos esbugalhados e sim a Hidra, eu cheguei perto do moço e falei com ele:


- Moço, com licença, você está vendo esse bicho enorme atrás de mim, não está?

- Estou sim, minha criança.


Ele falou isso enquanto levantava da cadeira de rodas e puxava uma espada enorme que ele usou para golpear a Hidra e ela se Desintegrou. Perai, vamos voltar aí a cena, porque o que me assustou não foi um cara ter tirado uma espada da cintura e matado a Hidra, não...eu estava super de boa com isso. O que me assustou foi eu perceber o fato de que abaixo da cintura dele tinha os restos de um cavalo...bom, não é bem assim, deixa eu explicar, da cintura pra cima ele era um senhor de meia-idade normal com cabelos e barba castanho escuro, mas da cintura pra baixo ele era um garanhão, literalmente, um cavalo castanho escuro com uma bunda de cavalo...e ferradura.


- O senhor...você...cavalo? - Vocês conseguem perceber aqui que eloquente não era bem um adjetivo que me era dado com muita frequência.


- Bom, eu sou um centauro, metade homem e metade cavalo, mas acho que você já sabe o significado de centauro não é, criança?


Claro que eu sabia, mas bom, nunca pensei que iria encontrar um em frente ao meu prédio...


- Sei sim, mas é muito difícil de acreditar no que está acontecendo agora... Será que me drogaram? Nossa, eu acho que estou pirando. Bom, vamos sair daqui? Acho que o senhor tem muitas explicações para me dar, do tipo: Por que o senhor anda com uma espada na cintura?


- Vamos sim, Você se chama Priscila, não é mesmo? Meu nome é Quíron. Muito prazer, aliás.


- Como aquele que treinou Teseu e Aquiles? Perai, essa história tá cada vez pior...Isso não faz o menor sentido! - Eu estava no meio da rua praticamente gritando com um senhor numa cadeira de rodas. A pessoas não viram a Hidra mas podiam ver aquilo. E não pareciam muito satisfeitas com aquilo. Ele fez um sinal com o dedo na boca, me pedindo silêncio, e eu baixei meu tom de voz até parar de falar totalmente.


- Você precisa se acalmar, por favor. Vamos, vamos aquela cafeteria - ele falou apontando para uma Starbucks que tinha na frente do prédio - Lá conversaremos melhor. Talvez um café te ajude a organizar os pensamentos na cabeça.


O centauro, Quíron se arrumou em sua cadeira de rodas e virou indo em direção ao starbucks que estava do outro lado da rua e eu o segui fingindo não estar aterrorizada com cada coisa que saiu da boca daquele moço...e pensar que eram só 10 horas da manhã...

Entramos no café, pedimos e assim que nos sentamos em uma mesa afastada de todos eu comecei as perguntas. Esperei ele se arrumar e dar o primeiro gole em seu café eu nem toquei no meu, estava tão nervosa que ficava batendo meus dedos na mesa, num ritmo considerado irritante até pra mim.

E se? Where stories live. Discover now