A idiota de cabelo azul acha que sabe alguma coisa

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Clarice
Saí daquela sala com raiva daquele bando de manés por eles não terem falado com ela o que tinha acontecido durante todo esse tempo, ah, mas se Fred não falasse nada eu mesmo iria contar. Priscila merecia saber que Fred tem sido um completo idiota. Passei pela vila dos chalés até que parei na porta de Apolo.
—Sunstone. —Gritei enquanto esmurrava a porta.
Uma menina abriu a porta coçando os olhos como se estivesse acabado de acordar.
—O Fred tá no banheiro, espera um pouco que eu vou chamar ele. FRED! — ela gritou andando em direção à seu beliche. Depois de um minuto o loiro colocou a cara pra fora e eu o puxei pela camiseta do acampamento.
—Ah, oi Clarice. —Ele disse sem vontade pra nada.
—Não vem com Oi, Sunstone. Vim te dar uma notícia que você não merece receber, Priscila está acordada e perguntando por você. Olha aqui... —Disse colocando ele no chão e apontando meu dedo em sua cara— Você precisa contar a ela o que você fez enquanto ela dormia, ou eu mesma conto, seu galinha.
—Ela acordou? É sério, Clarice? —Aqueles olhos, antes apagados, agora mostravam uma luz de alegria. Idiota.
—Você ouviu o que eu disse, cabeça de ovo?
—Sim, eu ouvi. Vamos. —Ele se soltou de mim e saiu do chalé fechando a porta.
Andei com ele voltando pelo caminho de pedras até a enfermaria, esbarramos em Travis Stoll que corria com umas coisas nos braços.
—Oi Clarice, Fred —Ele o chamou com indiferença. —Vocês estão juntos agora?
—Não, só vim chamar o Fred. Priscila acordou.
—Ah, isso sim vai ser interessante. Vou colocar isso no meu chalé e estou indo para lá.
Andamos até a enfermaria e Fred entrou na minha frente. Ele se aproximou da cama de Priscila e beijou sua mão, lágrimas caíram e eu me afastei deles para deixá-los conversarem. Will estava limpando aquilo tudo junto com Elena e Nico, fui ajudar.
—Eu me sinto mal por eles, esse tempo todo afastados... Não sei se eu conseguiria. —Nico falou enquanto passava pano no chão molhado.
—É muito complicado, mas por enquanto Priscila vai ficar em observação. O veneno parece não estar fazendo mais efeito no corpo dela, então pelo menos nisso papai estava certo. —Will completou suspirando
—Vou esperar Fred sair e chamar mamãe...Ela não está muito feliz com ele esses dias. Coisa de irmãos.
Eu saí da enfermaria depois de arrumar a banheira no lugar e fui até a arena começar minha aula de espadas. Com Percy desaparecido e Fred desinteressado, eu tive que assumir todas as turmas. Como teria fogueira naquele dia para apresentar a campista nova, achei melhor não falar sobre Priscila a eles e deixar Quiron dar as novidades. Quando uma menina de cabelos totalmente azuis entrou na arena acompanhada de Quiron, eu suspirei. Ele não ia fazer isso.
—Olá, Quiron. O que traz você aqui?
—Bom dia, Clarice, essa é Taynna. A campista nova. Essa é sua primeira aula.
—Então o que ela está fazendo aqui?
—Tendo sua primeira aula.
—Você não vai fazer isso com ela, né... Quer que ela morra?
—Tenho certeza de que você não vai deixar isso acontecer.
—Claro.— disse suspirando enquanto ele saia desfilando aquela bunda gorda de cavalo. Mudei minha atenção para a menina— Taynna, não? Bom, você já sabe quem é seu pai Olimpiano?
—Ainda não, isso é ruim né? —Ela perguntou mordendo o lábio. Me concentrei em deixá-la viva até o final da aula.
—Não sei, bom. Você ainda não tem uma arma, então vai começar com a espada. Vem comigo.
Levei ela até o canto dá arena onde as armaduras ficavam penduradas por tamanho e as espadas num baú embaixo.
—Escolha uma dessas, uma dessas e venha para a arena. Você vai tentar acompanhar os movimentos. Você não sabe, então, se você não conseguir fazer de primeira, não tente. A enfermaria já está muito cheia, não precisam de você também lá.
Deixei ela ali e fui reunir os alunos no centro circular da arena.
—A aula hoje vai ser mais tranquila —ouvi todos suspirando e comemorando. —Mas isso é só hoje. Não pensem que eu vou deixar vocês moles como o Jackson. É luta de espadas, não aula de tricô. Formem duplas! —Gritei enquanto via a menina lá atrás vestindo a armadura toda errada.
Quando eu terminei de falar teve uma confusão de gente procurando seus parceiros e eu ouvi um estrondo que eu já sabia de onde vinha. Taynna tinha deixado a espada cair no chão. Eu fui até ela.
—Algum problema?
—Elas não pareciam tão pesadas de vista.
—Isso é bronze celestial, o único material capaz de matar monstros mitológicos. Ele não é muito comum, então tente não quebrar ou danificar todas elas. Toma está aqui, é mais leve. —Disse pegando uma espada prata e preta enquanto ela prendia seu cabelo azul.
—Qual é a do cabelo azul? —Perguntei para mudar de assunto.
—Qual é a do cabelo vermelho? — Bufei, odiava quando respondiam minha pergunta com outra pergunta. Só idiotas fazem isso.
—Eu nasci com ele. Venha, e fique quieta ao meu lado. — Levantei e fui até a frente das crianças que conversavam muito alto.
—Vamos começar com ataque e defesa. Depois troquem. Sem machucados ou arranhões. Se eu mandar algum de vocês para a enfermaria, vou garantir que não voltem.
—Pega leve com eles, LaRue.
Olhei na direção da porta e vi Elena encostada no batente. Ela se aproximou com a parte de cima de sua armadura e um vestido rodado em baixo. Seu figurino típico de batalha. Só ela pra lutar com aquele tipo de roupa.
—Elena Song, gente. Mostrem-me que vocês podem derrota-la em combate, ou estou fazendo um péssimo trabalho. Comecem.
Elena se aproximou e olhou os campistas duelando. A primeira parte estava no meio da arena enquanto a outra esperava sentada a sua vez. Ela viu Taynna e se apresentou.
—Olá, você é a aluna nova, não? Sou Elena Song, como você já deve ter ouvido. Clarice já está infernizando sua vida?
—Pode se dizer que sim.
—Não fica assim não, depois ela melhora. Quer treinar comigo? A muito tempo não uso minha espada. Tudo bem, Clarice?— Ela disse piscando um olho pra mim, maluca.
—Sim, só deixe ela vencer uma vez.
Elena se aproximou e beijou minha bochecha de leve.
—Você sabe que isso não é uma coisa que eu faço. —Eu sorrio enquanto elas se afastavam e andei entre as duplas, arrumando alguns movimentos errados. No final da aula, Elena se aproximou trazendo uma Taynna cansada e suja.
—E como ela foi? —perguntei a filha de Dionísio que não parava quieta.
—Ela foi ótima. Pra uma primeira vez. Eu vou ver Priscila, depois falo com você. Foi bom te conhecer, Taynna.
Ela beijou minha bochecha de novo e saiu colocando sua espada na bainha da cintura e eu assisti enquanto ela ia embora.
—Humm. —A campista soltou um grunhido leve me dando um sorrisinho de escárnio.
—Que foi?
—Você gosta dela.
—Não gosto nada, novata. Você que gosta dela. Idiota. —disse deixando a espada cair sem querer em seu pé. Ela gritou e se abaixou para segurar seu pé.
—Opa, calma, estressadinha. Ficou mordida, bom, eu vou tomar um banho, até mais.
Eu guardei as espadas que ficaram largadas na arena e organizei as armaduras. Resolvi descontar um pouco de raiva em um dos bonecos de palha ali. Gostar da Elena? Ah, conta outra. Nunca. Eu não gosto de ninguém... palhaçada.

E se? Where stories live. Discover now