Arrumando as malas

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Fred foi o primeiro a falar.

-Percy, você tem alguma idéia de onde possa ser esta ilha sobre a qual Nico falou?

-Acho que não, não sei.

-Bom, eles estão com Will, pelo que eu percebi. Eu devo ir. - Fred disse se levantando e olhando para Quiron.

-Você não irá sozinho.

-Nico já me salvou, mais de uma vez. Devo isso a ele. - Disse Percy olhando para Annabeth.

-Eu vou com você. - Eu e Annabeth dissemos em uníssono, eu olhando para Fred e ela para Percy.

Fred veio até mim e segurou minhas mãos. -Amor, você nunca saiu em missão. É perigoso. Não posso garantir sua proteção aonde iremos.

-Não vou ficar aqui sem você. Sem saber o que esta acontecendo com vocês três. Se fosse o contrário você também não ficaria. Eu estou melhor com minha espada. Não vai se livrar de mim tão fácil. -Fred sorriu e beijou as minhas mãos. Olhei para Quiron com um olhar pidão.

-Então preparem-se, vocês partem amanhã ao amanhecer. Até lá, Percy tentará lembrar de alguma ilha onde eles possam estar. - Todos saíram do grande salão e Fred ainda segurava minhas mãos. As dele estavam frias.

-Amor. Vai ficar tudo bem. Ilha é, por definição, um grande pedaço de terra cercada por água. Percy e eu vamos mandar ver.

-Você é tão teimosa, parece seu irmão. Só que bem mais gostosa.

-Ahn... obrigada. Eu acho. Estranho isso aí que você disse.

-Verdade. Vem, vamos arrumar uma boa mochila de semideus em viagem pra você.

-Sim senhor.

Descemos até o sótão da casa, onde eu nunca tinha ido antes. Fred me disse que as vezes o oráculo antigo ficava ali. Bom, ainda bem que não ficava mais, o lugar já era bem sinistro sem uma louca gritando profecias. Depois de um tempo gasto e muito entulho mágico acidentalmente jogado no chão por minha pessoa, achamos uma mochila e Fred fez um sinal de "V" como se tivesse concluído uma tarefa.

Subimos e fomos direto para o chalé de Apolo. Quando Annabeth projetou as novas plantas dos chalés do acampamento, colocou uma espécie de fechadura de sangue. Só os filhos do deus do chalé respectivo podiam abrir a porta. Fred passou a mão na maçaneta e ela abriu no mesmo instante. Ele entrou e comprimentou todos que estavam lá. Ele tinha um espírito de irmão mais velho que era maravilhoso de se ver. Em nenhum momento ele tocou no assunto da missão, mas todos os olhos do acampamento se viraram pra ele quando ele tirou uma mochila de baixo de seu beliche. Os campistas olhavam de canto de olho e sussurravam sobre perderem os dois conselheiros do chalé ao mesmo tempo. Não sei se Fred não ouviu ou escolheu ignorar. Só sei que ele arrumou a bolsa numa rapidez sem igual e logo depois, já estávamos indo em direção ao chalé de Poseidon. Que não tinha a proteção de sangue, porquê ninguém achava que Poseidon seria idiota o bastante de ter mais um filho. E aqui estou eu. Dormindo num chalé sem proteção. Uma verdadeira zona. Bom, pelo menos eu tenho meu próprio quarto roubado de Tyson.
Fred colocou num dos bolsos laterais da minha mochila uma garrafa térmica preta, e dentro eu coloquei algumas roupas. Ele adicionou uma aljava de flechas e eu fiz uma grande cara de dúvida pra ele.

 
-Bom, já que você não vai usar mesmo, eu podia levar umas a mais.

-Ta, eu faço esse favor pra você. Só porque eu te amo muito.

-Eu sou irresistível mesmo.

-E o que tem na garrafa misteriosa?

-Nectar. Você nunca bebeu, mas vai ser útil, caso se machuque na missão.

-Por quê? É uma bebida mágica, tipo poção e o café do Starbucks?

-Não, nectar é a bebida dos deuses, ajuda os semideuses a curarem os ferimentos. Ah, quase esqueci. - Ele tirou duas latinhas de sua mochila e colocou uma de volta, a outra colocou na minha.

-Ambrosia. Comida dos deuses. Mesmo efeito. Não esquece, amor. Se você se ferir e eu não estiver por perto. Por favor. Por favor. Promete pra mim que você vai se cuidar. Esses dois vão te dar força. Tudo bem?

-Eu prometo me cuidar e você promete não sumir. Sem essa de você não estar por perto, que foi? Quer me deixar louca?

-Longe de mim, se você já é assim normal, imagina louca.

-Eu não entendi muito bem o que você quis dizer.

-Nada. Eu não quis dizer nada. Te amo.

-Eu acho bem melhor assim. Agora vai lá. Eu sei que você tentou evitar, mas você precisa explicar pra todos do seu chalé o que está acontecendo. Não precisa dizer tudo. Acho melhor deixar a parte do Will de fora. Mas pelo menos se explique e deixe alguém no comando. Você não pode simplesmente sair com uma mochila nas costas.

-Você tá certa. Bom, melhor falar logo pra acabar de vez com isso. Depois eu volto e venho ficar com você. Nossa última noite num colchão durante um tempo. Tá preparada?

-Não mesmo. Mas com você eu durmo até em cima de uma pedra. Mas não uma muito pontuda, porque tudo nessa vida tem limites.

Fred riu, me beijou e mais uma vez saiu correndo. Sentei na cama e fiz uma coisa que nunca imaginei que faria. Rezei. Pro meu pai. Esquisito né? Eu sei, logo após meu chamado, abro os olhos e vejo Poseidon sentado na beira da cama.

-Oi peixinha. Sabia que você ia morrer de saudade do deus mais bonitão do monte Olimpo.

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