Eclipse de Cores - Parte 1

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 "Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz

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 "Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz. Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma. Vivo numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa dentro de mim."  Clarice Lispector 


Não quero ser o que não sou, mas esse outro ser já se apoderou do que mencionei não querer. E, sai por aí dizendo o que não diria. Porque, isso de fato, não são palavras minhas. Acena e diz estar feliz, sorri e diz frases que fazem outros curvarem suas faces em um sutil sorriso, mas depois se volta para si e se esquece do que está fazendo ali. 

O tempo voa e com ele suas asas pendem para baixo, já não conseguindo subir de novo para o alto. Não sabe mais voar ou até mesmo apreciar o vento.

Tempestades já não são ouvidas, apenas sentidas em suas fortes gotas de euforia.

Os olhos cessam o seu antigo brilho. Estrelas já se fazem ausentes, ofuscadas por névoas escuras, ventos fortes e trovoadas. Desse modo, apenas buracos negros abrem espaço e caminhos para o cair no abismo. Como se fossem um tapete vermelho convidativo que proclama pelo seu caminhar sobre eles. Mas, desaparecem logo em seguida, revelando ser somente o que gostaria.

Luzes e vozes não as deixe o enganar. Não são o que dizem e não refletem o que enxergam, apenas se deixam ir como uma folha ao vento.

Entretanto, suas asas são a única coisa que podem ser chamadas de suas, mesmo que essas já tenham perdido e desaprendido tingir-se de cor e utilidade. Com os anos, foram colocadas no térreo e nunca mais sentiu o sopro do que é poder acreditar. A comodidade, a fez perder vitalidade. O realismo, a sutileza. O preto no branco, as cores do arco-íris. A margem nítida, a possibilidade de transformar-se. Com o ser adulto, deixou o ser ilimitado. Logo, com o tempo, o céu fechou-se e os olhos apenas sincronizaram imagens padronizadas. Mas, felizmente, não foi capaz de resistir a insistência da luz. Assim, ao adentrar dos raios de sol no meio da escuridão... levemente elas batem uma na outra criando coragem.

Uma brisa gélida varre o lugar.

A lua depois de tempos, sorri.

Ação essa que, gera algumas reações antes fora de cogitação. 

As estrelas saem de seus esconderijos e se permitem cintilar em suas correspondentes constelações. 

O céu noturno mostra que ainda sabe colorir. 

A antiga e atual casca mostra-se velha e oca. Vazia por fora, grossa a prender alguém por dentro.

O inverso irônico; transparecendo lábios curvados e que já não sabem mais esboçar um sorriso, mas ao bater mais forte das asas, eleva tons vermelhos de vida. 

Cores que aquecem a casca – ou seria à prisão humana (?) - e essa vai ficando mais transparente, como o processo do transformar de uma lagarta em borboleta.

O luar permeia à cena, como se fosse possível, visto que já havia se tornado algo improvável.

As estrelas se espalham pelo céu, não mais em um só lugar. Brilham e cintilam cores e sonhos em várias partes mal iluminadas, o que ninguém mais acreditava. 

O farfalhar de outras asas se faz mais audível e o olhar antes sombrio, se eleva às alturas ao pegar do voo no céu gotejante de cores e, assim, acendeu um sorriso... que tão rapidamente se alastrou, como fogo que logo permeou todos os seres que haviam se perdido em suas próprias existências monótonas e sem cores.

Houveram mais sorrisos.

O preto deu lugar ao vermelho que, por conseguinte, espalhou cores das mais variadas tonalidades; o branco se manteve, mas sem sua colocação comodada e fosca, esse agora era um branco de paz e serenidade. Não havia mais gritos ou dores que antes nem mesmo eram físicas, dando ar ao reflexo de pessoas que agora eram capazes de se abraçarem e sorrirem de dentro para o transparecer do lado de fora, que em seu íntimo deixava à felicidade livre e visível.

No mesmo instante, além dos olhares, o sol e a lua mantiveram-se lado a lado. 

Os raios do sol, como um sutil abraçar com suas cores vibrantes e alegres. A lua, como um atenuar de que tudo ficaria e estava bem, como o finalizar com um material específico que (re)vigora a cor de um desenho recém feito.

E, naquele lugarzinho, se plantou a sementinha das mais ternas qualidades, gerando árvores com o colher dos sentimentos mais puros e bem-vindos e saudáveis para à alma, sem colocações para qual tipo de existência faria mais bem, pois não havia restrições. 

Assim, um eclipse de cores permeou o céu e a Terra, em um contraste incrível de sentimentos verdadeiros o que fez o acreditar que dias nublados, eram apenas passagens temporárias para o surgir de um lindo arco-íris depois, revigorando e inovando cores as quais eram capazes de formar os mais belos dias dos quais já se ouviram falar.


Just the beginning  

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06/03

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