Frases, momentos, dias cinzas ou coloridos, contos, poesias e o que mais der para ser. Virá a transparecer sentido ou a falta dele, que seja em metáforas que fazem sintonia com a ironia ou em pontos finais que não dão chances para reticências. E, be...
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Vejo a máquina de cima e ela gira. Gira tão rápido que nem consigo acompanhar com o olhar sem ficar zonza. Faz sons estranhos e posso escutar a água batendo nas laterais de metal e em minutos, tingindo-se e se misturando às substâncias químicas, gerando um aroma agradável de lavanda no ar, impregnando-se ao tecido e ao mesmo tempo, liberando matéria escura.
As luzes estão acessas na parte inferior. Uma vermelha e as demais verdes. Pare ou siga, prosseguindo nas etapas necessárias. Logo, sendo desligada e guardada, ficando a espera da nova rodada ou até a próxima na qual não será usada e sim, eliminada do sistema automático. Fácil e rápido. Cíclico e contínuo. Lave e guarde. Use e troque. Vista e sinta o personagem dessa tomada e invente o próximo.
Quantos eletrônicos estão sendo usados? Energia que não para. Não é criticar o que estou usando e gerando benefícios não só a mim, mas para todos. É notar que mesmo diante tanto avanço e facilidades criadas, há tanto retrocesso e em todos os sentidos, do ser físico e emocional. Em uma era na qual muito se esperava. Em um espaço no qual há mentes tão inquietas e superpoderosas, mas que se fecham e se trancam com pensamentos que não valem ao potencial que energiza em cômodos superlotados, alimentados por medos, inseguranças e crenças.
A água entra limpa e sai suja, parece ser necessário sacrifícios para obter uma roupa limpa, mesmo com uma mente manchada e desgastada.
Em alguns momentos sacoleja tanto que a tomada sai do eixo e não consegue voltar ao lugar, se não por mãos humanas e não de aços e fios.
Gira, gira e gira.
Mexe-se para direita e para esquerda.
Faz silêncio e barulho.
O movimento é impossível, Zenão de Eleia? Talvez, sim, para as máquinas de pensar e não para às de lavar. Estamos aparentemente presos e retrocedendo sempre na ilusão da dicotomia e esse é só um dos quatros paradoxos, mas, talvez, o mais importante a ser quebrado e lembrado. Diferente delas, temos consciência e é isso que martela dia e noite. Solda e se solta.
Desacelerando,
desacelerando
e desacelerando.
A velocidade vai perdendo a intensidade. As luzes oscilam. O som de mental vai perdendo a força ou o que for que mantinha até agora. As luzes acedem e se apagam. E de repente um estralo preenche o ambiente, do tipo que assusta e não era esperado, mesmo sendo inevitável e provável.
Os segundos finais da última etapa. A máquina para. Desliga. Termina o trabalho. A tomada é retirada do interruptor e tudo se apaga.