F r a g m e n t o s

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Só quero escrever, 

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Só quero escrever, 

me eternizar nas palavras, sem precisar aterrissar na falta delas.

Porque isso significa, também, a ausência de mim.

E quando isso acontece parece não ter fim.


Há dias que elas desabam e transbordam; e em outros, a fonte seca e elas desaparecem.

Nunca sei para onde elas vão... qual a correnteza que às leva.

E sinto que desapareço junto e, gradativamente, vou ficando invisível para mim mesma.

Não me escuto e não sinto o meu toque, e ninguém consegue me ler.


Mas, quando voltam, sempre me surpreendem e me preenchem.

Lacunas antes vazias que se contornam em consoantes e vogais.

Elas me conduzem e não é o contrário.

Sou apenas o seu instrumento, para elas surgirem na superfície do mar que alagam.


Só preciso escrever, sem me importar com o que vão dizer.

Ou, se vão ou não ler.

Se vão ou não gostar.

Se vão ou não notar os detalhes e tudo que representam.

Se vão ou não aprovar o que significam.


Porque, aqui, sou livre!

Falo e canto.

Grito e sussurro.

Afino ou engrosso a voz, sem precisar usá-la.

Mudo de cor e de humor.

Sou narrador e protagonista.

Crio personagens ou me aproprio de pessoas conhecidas.

Tudo vira motivo para rima.

Um sorriso. Um esbarrão. Um trovão.


São minhas e isso me torna imbatível.

Torna-me arquiteta de casas com sinos rítmicos e poéticos, enquanto nas paredes tecem fonemas e temas polêmicos.

Torna-me velejadora do mar, no qual nem preciso entrar para me molhar, mas posso mergulhar quando desejar.

E, ali, vejo cardumes de peixes e algas marinhas.

E é tudo tão bonito.


E, assim, desvendo mistérios de mim mesma e do meio em que existo.

Em uma água cristalina que reflete tudo do meu dia e do que gostaria que existisse.

Do que é belo e do que é triste.

De tudo que é concreto e abstrato.

Do físico e do imaginado.


E, sabe, nunca é só um texto.

Só uma música.

Só um trecho.

Tudo emana vida.

Tudo tem um motivo.

Um pouco de mim e um pouco de tudo.

Um pouco de cada pessoa que caminha ou se senta ao meu lado.

E as palavras me abraçam e não quero sair desse abraço.


Você consegue me ler?

Se ler?

Ler?

?


Cause I'm not afraid, I'm not afraid 

~~~

11/02/2019

Currículo Existencial.Onde histórias criam vida. Descubra agora