M u l t i v e r s o s

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Vejo-me no reflexo do espelho e não me reconheço

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Vejo-me no reflexo do espelho e não me reconheço.

E é assustador pensar, que nada será meu por muito tempo.

E ainda me queixo do que vejo... sou cruel comigo mesmo e pago o preço.

Quando me acostumar, já será tarde e nada será na/da mesma forma e versão.

As células vão se regenerando e em algum momento, vão morrer e desacelerar – o óbvio.

As mitocôndrias trabalham sem parar e enquanto isso, nossa energia oscila e sei, sabemos, que um dia, elas também, irão parar e organismo não vai aguentar.

A pele não será a mesma, assim como os batimentos internos.

O comprimento do cabelo e até a quantidade de fios não vai permanecer.

O formato do rosto e a vitalidade dos músculos.

E a intensidade do sorriso?

E do olhar?

É você que escolhe como vai ficar?!

Esse rosto. Esse corpo. Esse jeito de pensar.

Nada me pertence para sempre.

É só por um tempo.

E sabe qual é a única coisa que se mantém por fora intacta, ao que detecta para dentro, apesar dos anos e da exposição à radiação ultravioleta?

O olhar.

Ele quem nos acompanha desde o nascimento ao último suspiro. Desde a primeira à última cena de nossas vidas. Ele é uma das únicas coisas minhas. É uma das únicas coisas que lhe pertence. O que desperta seu universo e o expande.

E é ele que vejo no reflexo do espelho.

É ele quem me vê, no universo de mim mesmo.

A luz vai e volta e me projeta da maneira que penso que existo. – confuso? Sim.

Quase que em m  u l t i v e r s o s,

em múltiplos r e f l e x o s. 

O meu eu do espelho sorri, mas não sei do quê. – Quem é que está ali dentro? Quem é que vejo?

Persiste se movendo, como se não fosse meu e na verdade não é.

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Fevereiro/2019

Currículo Existencial.Where stories live. Discover now