E s v a i r

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Queria dormir,

mas parece que a ficha ainda não veio a cair... e, como em um sonho ruim, tudo voltaria a ser como era. Basta(va) abrir os olhos e tudo estaria em seu lugar. Contudo, eles já estão abertos e não há nada que se possa fazer, tudo está acontecendo de verdade.

As palavras saem com dificuldade. A respiração se mostra em oscilações. O lado esquerdo não responde aos comandos do hemisfério direito, como uma marionete que tem suas cordas soltas de um dos lados, ficando a esmo do balanço do vento da vida, que, a cada suspiro se torna frágil e vazia. Nas mãos do diagnóstico dos trajados de jalecos brancos.

Logo, a calma, se torna a melhor arma, mas na verdade é apenas um escudo da realidade. "Calma, está tudo bem". "Vai ficar tudo bem". As palavras saem, mas o medo evolui por dentro. E, se não ficar?

Você está vendo aquela pessoa que lhe pegou no colo. Lhe ensinou suas primeiras palavras. Os primeiros passos. Se tornar tão frágil. Tão debilitada. Ela não consegue dizer o seu nome. Nem dizer o que está sentido. E, nada. Nada. Não há nada a se fazer.

Até alguns minutos atrás, tudo parecia estar bem. Tão bem que ninguém se importava se o amanhã seria como o hoje ou se ele viria também. Se as palavras tinham importância e o fazer do agora o melhor instante era mesmo importante... e, os minutos seguem e nada parece mudar. E a rima combina com o termo, "tendendo a piorar."

O silêncio? Ah. Ele persiste no ar e em todos os lados, sendo quebrado por um bip que oscila. Mostrando o quão frágil é a vida em um nanosegundo que ele se ausenta. E, o tempo? O tempo é apenas uma justificativa tosca, para dizer que amanhã se fará o que hoje não teve como.

Será que ele ainda vai estar lá?

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Agosto/2018 

Currículo Existencial.Where stories live. Discover now