0 5 ◈ shoot m e?!

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H O L L Y

Luke havia me mantido dentro da casa toda revestida de madeira. Em outras circunstância, eu diria que a casa era bonita, rústica e bem decorada. Mas tudo o que eu prestava atenção era na arma em cima da mesa, ao lado de Luke enquanto ele gesticulava e, ao mesmo tempo, amolava uma faca pontiaguda.

— Sabe, Holly, você teve uma infância boa? — ele pergunta.

— S-Sim — murmuro.

— Huh, e como é?

— É apenas boa.

— Oh, não... eu quero saber tudo. Se teve patins, se já quebrou algum osso, se escreveram e decoraram seu gesso... — ele riu. — Tantas coisas!

— Foi tudo normal, Luke — dei de ombros.

Luke olhou para mim, sorrindo levemente e deixou a faca do outro lado da arma – em cima da mesa.

Ora ou outra eu olhava para a arma, planejando pegá-la igual em cenas de filmes e que consigo fugir depois de muita sorte ou efeitos especiais patéticos. Lembrar disso me lembra de James e sua paixão interminável por filmes de ação.

— Sabe, eu nunca conheci a minha mãe — ele ri. — Dá pra acreditar? Bom, tudo o que eu sei era que ela era uma puta, uma vagabunda que não se importou em deixar o filho. Meu tio me explicou toda a história, foi meio difícil acreditar, mas... hey, eu tinha tudo o que queria naquela época.

Por mais que eu fique quieta enquanto escuto sua história, estava tensa pela arma ali e fico traçando um plano pra pegar e apontar para ele, mas sou covarde e apenas continuando ouvindo. Luke faz um movimento brusco e eu levemente me assusto.

— Estou te assustando, querida? — ele pergunta, mas posso perceber seu sorriso no canto dos lábios.

— Estou apenas prestando atenção na história da sua mãe — engulo a seco.

Luke concorda com a cabeça.

— É, ela era apenas uma vagabunda mesmo. Mas sabe quem acabou comigo todos esses anos? Meu pai. Além de me humilhar a vida toda, ele roubou a única coisa que importava pra mim — ele soltou uma risada mal-humorada.

— Essa coisa importante seria a Uriah? — soo com naturalidade.

Luke olha pra mim, sua testa franzida me fez pensar o pior, mas ele estava apenas vulnerável.

— Eu amava ela como nunca amei alguém. O dia que descobri sobre os dois... — ele balança a cabeça, ficando com raiva. — Foi o pior dia da minha vida! O segundo pior dia foi quando descobri que ela estava de caso com Jack.

Luke bate na mesa com força, fazendo a arma e a faca saltar e eu levo um susto.

— Eu ainda tentei avisar o meu pai! — Ele rosna. — E sabe o que ele fez? Me bateu. Disse que eu não havia superado e estava inventando história!

Ele levanta e depois senta, como se tivesse mudado de ideia. Por segundos, Luke olhou para o outro lado e foi a oportunidade de pegar a arma da mesa e logo em seguida levantar – apontando a arma para sua cabeça. Eu tremia por inteira, mas a adrenalina me deixava mais sensata.

Luke virou o rosto e fingiu um ar de surpresa. Eu estava atentada a atirar pois ele estava sorrindo, como se a situação fosse engraçada. Mas será que ele não percebia que era loucura? Que essa vingança era inútil e eu não tinha nada a ver com a situação? Por mais que ele me conte suas lamentações, eu ainda não compreendia.

Além do InevitávelWhere stories live. Discover now