29 ◈ favorite a u n t

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            Sally Doty estava com seu novo cabelo chanel – liso e brilhoso – e vestia um vestido xadrez com um sobretudo vinho, seus saltos pretos combinavam com o look e senti-a me pior por toda sua beleza estonteante, enquanto eu estava me recuperando de uma ressaca e duas fortes emoções daquele dia.

Ela me observava quietamente, ora ela escrevia, ora ela franzia a testa e ora ela parecia brava. Eu havia relatado tudo o que tinha acontecido e admiti minha vergonha, admiti que havia sido bom e admiti que estava com medo. Mas ela não disse nada nos cinco minutos que eu terminei de contar. Ela estava tão quieta – tamborilando a caneta em seu bloco de notas – que eu comecei a ficar agoniada.

— Bom, acho que você achou sua resposta para Jack — disse ela, calmamente.

— Achei? Por que me sinto confusa?

— Talvez pelo medo dele fazer o mesmo que fez sete meses atrás — disse, dando de ombros. — É normal, quando fazem uma vez com a gente... temos receio de que poderão fazer de novo.

Suspiro, compreendo que aquilo fazia sentido.

— Mas, meu conselho, Holly... — ela deixa suas anotações de lado e encosta em sua cadeira — Tenha cuidado. Tanto com seu coração como essa pessoa que está te vigiando. Obviamente é alguém que você conhece. Infelizmente, você é – agora – o próprio alvo de seu próprio site. Você sabia como funcionava, mas esse novo dono... pode ser qualquer um. Pode não ser como você que ficava de longe. Precisa observar isso ao seu redor.

Pisco algumas vezes e consto que ela estava certa. Meu coração parece bater mais rápido. Sem perceber, eu agarro o braço do sofá que estava sentada de frente para ela.

— Holly, olha pra mim — eu a olho, tendo uma crise de pânico. Sally se levanta e aproxima de mim, afastando as xícaras da mesa central e senta nela, ficando de frente pra mim. — Não pense nisso. É bom saber que você está disposta a falar isso, que está disposta a enfrentar isso. Querida, escute... ele não pode te tocar. Não pense nisso.

Meus olhos se enchem de lágrimas e eu sinto meu lábio inferior tremer.

— Ele pode estar morto, Doty, mas está vivo nos meus pesadelos mais obscuros que você possa imaginar — comento baixinho, limpando uma lágrima que cai.

— Qual foi a última vez que você teve pesadelos?

Franzo a testa, realmente pensativa.

— Acho que um dia antes de encontrar com Jack, pela primeira vez, depois de meses — digo, surpresa.

Doty sorri levemente.

— Deve ser porque Jack voltou a ficar nos seus pensamentos, é uma boa maneira de fugir dos pesadelos, mas não pode usá-lo como um escudo — diz, séria.

— Você está certa. Quero dizer, quando Jack e eu estávamos perto... eu não sei, parece que eu só quero beijá-lo, fazer o melhor sexo... não é mais romantismo pra mim, é... prazer — suspiro, realmente relaxada em dizer aquilo. — Acho que ele me afeta, sim. E acho que, inconscientemente, eu sempre vou amá-lo. Mas, neste momento – com trabalho, casamento da Ruby, o assunto de gravidez – me afasta do sentimento e me traz pra perto o toque, o prazer. É tão errado assim? Ou estou louca?

— Não — ela solta uma risadinha. — Você é uma mulher livre, pode fazer sexo com quem quiser, desde que não se arrependa e que use proteção. Talvez você possa conversar com Jack e manter a ideia do sexo sem compromisso na mesa. É uma boa maneira de você compreender seus sentimentos por ele, talvez ele entender que você mudou e que apenas uma atração inevitável entre vocês.

Além do InevitávelDär berättelser lever. Upptäck nu