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J A C K


Seis meses atrás eu cometi um erro.

E todos os dias depois disso eu lembro de como aconteceu.

Estava cansado após um dia infernal e Holly começou a dizer todas aquelas coisas. Eu estava exausto de me manter afastado, com medo de feri-la. De fazer com que ela relembrasse aquele inferno que havia passado com Luke. Mas, ainda sim, eu sentia falta dela. Era a coisa mais louca. Como sentir falta de alguém que está a poucos passos de você?

Mas... em um flash eu relembrei o que Ethan disse, o que meu irmão havia dito e eu fui um covarde. Terminei tudo por achar ser a coisa certa, por achar que estava a ajudando, ajudando a nós. E é aí que eu cometi o grande erro.

Eu a deixei escapar e não há desculpas para tais atos pois eu não voltei atrás. Eu simplesmente a deixei ir.

Lembro perfeitamente dela correr pela escada em direção do quarto chorando enquanto encho meu copo de whisky puro. Lembro de pensar mil vezes em ir até ela e implorar para que perdoasse minhas palavras. Lembro de pensar que aquilo era o melhor pra ela, eu só pensava no melhor pra ela.

Eu espero que você perceba o seu erro, mesmo que seja tarde demais.

Oh, querida, eu percebi.

Eu percebi desde o momento em que eu soltei aquelas palavras, só fui ignorante em pensar que fazendo isso ajudaria Holly a superar, a se livrar do peso de amar alguém como eu. Eu tinha medo dela me quebrar e quem quebrou a nós dois, foi apenas eu.

Os seis meses foi como viver de whisky abastecido e ressacas intermináveis. Kara precisava me ajudar até tarde da noite pra que eu não bebesse durante a leitura dos contratos. Ela acompanhou minhas reuniões e perdi muito cliente por trabalhar bêbado ou de ressaca.

Fui visto por tabloides com mulheres e quando elas aproximavam com os perfumes baratos, meu estômago revirava e eu dava dinheiro pra sair dali comigo. Apenas pra ter a imagem de que havia saído com alguém. E novamente eu fui um idiota. Eu sabia que ela veria tudo aquilo. Eu fazia pra machuca-la, pra ela superar a nós dois, pra ela nutrir raiva, pra ela não ser como eu.

Reencontrá-la foi como dar fôlego ao meu coração. Foi como sentir novamente aquela atração inevitável, aquele ar pesado nos puxando um para o outro. Amá-la e observá-la quietamente era o que eu poderia fazer todos os dias.

Saber que ela havia conseguido entrar no mundo dos negócios me fez sentir orgulho. Eu sabia que ela estava fazendo pelo pai, mas ela me surpreendeu com aquela apresentação. Parecia ter nascido para aquilo e fiquei satisfeito em assinar um contrato com aquela mulher. Ela me tinha por inteiro, até pelo meu bolso.

Sorrio sozinho, lembrando de nossos reencontros e o quanto ela ficava brava. Era a parte mais engraçada pois ela me encara feio, franze o cenho e segura pra não soltar um palavrão.

Agora, aqui estou eu, em um restaurante grã-fino, com três grandes clientes que esperam fechar contrato com minha empresa. Dois deles eram arquitetos e precisavam do apoio da Indústrias Backer para começar as obras. Variava entre dez milhões a trinta milhões. Eram contratos importantes, devo confessar.

O restaurante possuía mesas redondas ao redor do salão e havia castiçais em cada mesa. Havia muitas pessoas ali que vieram pra fazer negócios, talvez seja por isso que um prato era de cem dólares pra cima.

— Como eu estava falando, senhor Backer, a Edgefield Building tem grande intenção de criar uma sociedade com a Indústrias Backer como orçamento desse grande projeto — disse Dalton Edgefield. Um homem muito inteligente e ambicioso. — Trouxe todo o planejamento, custo e pretendo discutir tudo isso com o senhor, é claro.

Além do InevitávelWhere stories live. Discover now