Uma semana.
Já se passaram sete dias.
Meu quarto virou um refúgio ambulante. Havia copos esparramados, pratos de comida, salgadinhos e inúmeras barras de chocolate. Na sexta eu resolvi ter um porre sozinha e acordei na cama de Bee com tudo girando e com dores nas costas.
Deus, eu estava péssima.
Tibby bateu na minha porta algumas vezes, mas fiquei muda. A caixa de mensagem devia ter umas vinte só dela me xingando de todos os palavrões existentes e criados por Tibby Williams. Já havia assistido todos os filmes românticos do Nicholas Sparks mais de dez vezes cada. Consegui chorar até com Footloose.
Todo dia de manhã eu acordava e lembrava do que havia acontecido. Era como se eu assistisse todos os dias o filme da minha vida e vinha com uma dor esmagadora, algo que rasgava. Podia parecer drama – e olha que eu admito esse drama – mas era real. Sabia que aquela dor era real e era preciso ser sentida.
Como agora... assistindo O Diário de Uma Paixão pela décima quinta vez, os lencinhos estão todos a minha volta na cama. Bee adormece do meu lado, fingindo estar assistindo quando posso ouvir seus nítidos roncos.
— E daí que não vai ser fácil. Vai ser muito difícil. E vamos ter que trabalhar nisso todos os dias, mas eu quero fazer isso porque eu quero você. Eu quero você... pra sempre. Você e eu. Todos os dias.
Enquanto Noah tem seu coração partido novamente pelo amor da sua vida, percebo que temos algo em comum naquele momento. Estávamos devastados. Tentamos manter quem amamos e eles foram embora pois achavam ser a saída mais fácil.
Olho para Bee com a vista embaçada pois eu chorava como sempre choro nessa cena. Termino de assistir ao filme e fico pensando se há um amor assim. Eu não lembro muito de como meus pais eram juntos. Normalmente eles ficavam juntos aos filhos, quando estavam a sós eram abraços e alguns beijos. Adorava ver eles dançarem. Como Jack e eu dançamos no hotel ao som de Vera Lynn.
Jack.
Como eu sinto...
Uma batida na porta com bastante força me assusta.
— Holly Rose McAdams, levante esse traseiro gordo! Eu sei que você está aí, posso sentir o cheiro do mofo — escuto a voz de Tibby.
Reviro os olhos.
— Vai ver estou em estado de decomposição — resmungo pra mim mesma.
— Eu vou chamar Ethan pra arrombar essa porta e vou contar tudo sobre Chicago, tudo sobre vocês... — arregalo os olhos e vou até a porta, hesitando em abrir.
Cruzo os braços e digo firme:
— Você não ousaria fazer isso.
— Me desafie, McAdams — ela parecia brava.
— Urgh, eu te odeio — bufo.
— Obrigada pelo elogio, posso dizer o mesmo.
Eu sorrio comigo mesma.
— Abre a porta, Holly. Eu só quero conversar com você... saber se está bem.
— Eu estou ótima, Tibby, eu já disse.
— Você não me responde há uma semana, o que espera? Achei que ia encontrar um corpo aí dentro. Espera, eu estou em um corredor falando com você por uma porta! Quer fazer o favor de abrir a droga da porta, Holly Rose?
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Além do Inevitável
RomanceAo ser sequestrada e torturada, Holly finalmente é resgatada por Jack - como já era de ser esperado. O que ela não contava era com a sua mudança de humor e atitudes repentinas. Cada dia que passava, Holly sentia que Jack a mantinha afastada ou era m...