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J A C K


Eu estava me sentindo radiante pela primeira vez desde o sequestro de Holly.

Finalmente havia esperança e em minhas veias corria uma adrenalina constante.

Isaac trabalhava arduamente a procura do endereço, mas era barrado por vários vírus. Ele pedia ajuda aos amigos e um deles havia dito que aquela era a maior proteção que havia. Danificava o computador de qualquer um que ousasse entrar.

Eu pressionava Valentino e usava meus métodos de persuasão. Boggs me ensinou isso, Kane me aperfeiçoou a isso. Valentino se tornou uma criatura sangrenta. Pego uma garrafa de água e caminho de volta até onde ele está e o vejo me encarar, completamente cansado.

— Parece que está com sono, Cruz.

— Insônia — ele resmunga.

Eu sorrio.

— É, eu tenho tido insônia também ultimamente.

— Por causa da sua namoradinha?

Olho para Cruz. Ele tinha o rosto cheio de cortes, um deles era no supercilio, que deixava seu olho direito inchado e avermelhado. Sua camisa já estava cheia de respingo de sangue por conta do nariz quebrado.

Pego a cadeira e sento na frente de Valentino.

— Você está com sorte hoje, Cruz, pois estou me sentindo de bom agrado — falo, pegando a garrafa de água e dando-lhe a água na boca.

— Por que está sendo legal? — ele diz roucamente após ter bebido mais que a metade da garrafa.

Sorrio levemente para ele e deixo a garrafa de lado.

— Quero conversar com você.

— E o que temos pra conversar, Jack? — ele resmunga.

— Você me perguntou o que eu vi nela. E eu sei o que eu vi.

            Valentino franze a testa, sem compreender, mas não diz nada.

— Eu me apaixonei por ela. Não. Eu estou terrivelmente apaixonado por ela. E isso me assusta. Você viu como eu fiquei após entrar na Máfia, eu era pele e osso, eu vestia trapos, eu era fraco. Kane me acolheu. Boggs me acolheu. Você me acolheu.

Valentino desvia o olhar.

— Luke gostava de você e acabei gostando de você também — diz, friamente. — Às vezes eu me arrependo, pra falar a verdade... me arrependo de não ter metido a bala na sua cabeça quando tive a oportunidade.

Desta vez eu rio.

— Talvez esteja certo. Eu já pensei muito em tirar minha própria vida quando mais novo — digo. — Holly me fez enxergar tudo muito diferente. Enquanto alguns apenas sugavam pelo "poder" que eu tinha, outros sugavam por eu ter dinheiro. Ela não é assim. Não era meu dinheiro, minha reputação ou as coisas que eu tinha... era somente eu. Ela queria a mim e somente a mim.

Vendo que Cruz ia dizer algo, eu digo primeiro:

— Você está certo: ela me domou. Vê-la nessa situação, me faz querer voltar atrás e nunca a ter conhecido. Mas eu sou egoísta demais e preciso dela. Então eu vou até o inferno e voltar se preciso — vejo que consegui sua atenção, ele me observa. — Me diga o endereço do galpão e eu prometo não fazer nada com Luke. Tem a minha palavra.

Valentino me encara até que balança a cabeça.

— Vai pro inferno.

— Você fez a sua decisão, Cruz. Só não reclame das consequências.

Além do InevitávelWhere stories live. Discover now