42 ◈ w i t n e s s

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Você fez o quê?!

Havia meia hora desde que cheguei e conversei com Jack sobre a visitação. Desde o início ele se mostrou tenso, porém, foi atencioso em me ouvir calmamente. Mas quando cheguei na parte do acordo com Boggs... ele perdeu totalmente sua calma.

— Holly, eu juro que estou tentando entender o seu motivo, mas você precisa me esclarecer isso — seu rosto demonstrava confusão, raiva e irritação. — Já pensou que Luke pode estar sabendo disso, pode estar planejando sair...

— Jack, me escuta! — Eu grito, tentando pará-lo. — Eu achei que tinha matado uma pessoa. Você pode entender isso, mas pra mim... isso era impossível de imaginar. Tirar uma vida, eu. Não foi fácil. Pra mim, nenhum segundo da decisão de puxar aquele gatinho foi fácil pois era ele ou eu. E agora eu posso escolher uma forma de parar. Buscar minha paz e fechar esse ciclo que se criou nesses meses.

— Luke pode fugir...

— E eu farei questão de impedi-lo de vir até a mim de novo e novamente. Mas eu terei a plena consciência de que tomei a decisão certa e de que ele sofrerá seu próprio inferno pois foi escolha dele criar essa vingança — digo. — Eu irei fazer o acordo com Boggs. Garantir que ele permaneça na prisão, caso contrário, farei questão de enfiar uma agulha em seu braço. Mas não posso decidir matar alguém. É... impossível imaginar essa opção. Fere meus princípios e fere a mim.

Jack parece compreender em parte minha decisão, mesmo não concordando cem por cento e eu compreendia. Não deve ser fácil para ele, que constantemente se culpa por não ter me protegido mais. Não deve ser fácil ver a pessoa que ama ter passado por um inferno sozinha e continuar revivendo aquilo.

Ele solta um longo suspiro e coloca as mãos no quadril, inerte em pensamentos, conflitos de opiniões diversa da minha e tentando controlar seu temperamento. Eu entendia que, por ele, só me pegaria pelas pernas e colocaria sobre os ombros enquanto me leva para Nova York ou apenas criar um outro país que não seja possível a entrada de outros imigrantes. Porém, ao mesmo tempo, ele sofria ao ter de aprender a lidar com minhas opiniões, a respeitá-las ou não fazer ao contrário à minha opção.

Seria algo complicado para nós dois.

Sabíamos da divergência.

Sabíamos que era isso que compunha nós dois.

E era uma aceitação constante que precisávamos fazer.

Após pensar demais, ele parece precisar de contato e me puxa pra perto. Rodeio meus braços ao redor de seu pescoço, apoiando meu queixo em seu ombro e solto uma longa respiração de alívio, sabendo que ele estava cedendo a minha decisão.

— Eu só quero que isso acabe logo — ele sussurra, acariciando minha nuca e dando um beijo no pescoço, arrepiando-me. — Eu só quero que... Deus, eu não sei o que eu faria se ele voltasse as ruas. Se ele voltasse pra tentar algo com você...

— Ele não vai — o tranquilizo e sussurro: — Ele não vai.

✕✕✕

Roupa.

Cabelo.

Repete.

Devo ter verificado minha roupa e mexido no cabelo mil vezes antes pensar em sair do hotel. Eu estava estática, como se o que estava acontecendo não fosse real. Como se eu não estivesse indo para um julgamento de verdade. Calma, Holly. Respire fundo. Ele está preso. Ele não pode tocá-la.

Além do InevitávelOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz