Berguzar defende o mendingo

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A limusine para em frente ao seu prédio, novamente os seguranças fazem uma redoma e o motorista abre a porta, os dois se beijam rapidamente e ela desce, fica parada olhando o carro sair lentamente e seguiu pela avenida, se vira para entrar, o mendigo agarra a barra da sua saia, um segurança chuta seu braço e ele grita, tudo foi rápido demais, Berguzar cai sentada no chão assustada com tudo aquilo e esbraveja com o segurança que leva a mão para socar o pobre homem.

- NÃO!... - ela nem chega a se levantar e pula na frente do segurança e o olha. - Escute o pobre e nunca mais faça isso... Ele não tem culpa de ser desprovido de bens! - Ela olha para o homem, seus olhos se cruzam e ela se compadece, tinha olhos bonitos. - O senhor está bem?

- Estou com fome!... Não quero dinheiro senhora... Quero comida!

- Tudo bem! -  Ela olha justamente para o segurança que bateu nele. - Pegue a VAN e vá buscar uma pizza para ele... Agora!

Todos ficaram olhando para ela que se ajeita no degrau da portaria ai lado do homem, estava começando a esfriar, esfrega as mãos nos bracos e respira fundo, era o primeiro mendigo que não cheirava mal, mas também não cheirava bem.

- Vou ficar aqui com você até você comer tudo!... Não vou deixar que te maltratem!

- Você é muito generosa senhora... Obrigado! -  Ele oferece o cobertor.

- Generosa eu?!... - ela ri e olha para o cobertor, agradece e puxa para se cobrir, estava limpo, Engin está atônito, se aproxima e se senta ao seu lado.

- Senhora!... Pelo amor de Deus!... Suba e se agasalhe, eu cuido dele para a Senhora!

- Não Engin!... Eu quero ficar aqui, quero me lembrar do tempo que vivi desprovida de dinheiro em uma favela depois que saí da cadeia. - Ela se encolheu, falando em turco.

- Você não é daqui?!... - pergunta ele olhando para o chão.

- Não!... E sim!... - ela ri.

- É seu namorado?

- Não tenho!... Eu não tenho sorte para o amor e para ser feliz!

- Com todo esse dinheiro!... Deveria ser feliz!

- Feliz é o senhor que pode ir aonde quiser, pode comer a hora que quiser... Não tem hora para trabalhar, não tem que brigar por míseros centavos... - Ela bufa.

- Mas você tem uma cama quente e comida a vontade!

- É!... Olhando para esse lado o senhor tem razão!

Os dois dão risadas.

- Vai se casar com ele?

- Não!

- Uma mulher sozinha e bonita como a senhora deveria se casar!

- Já fui casada!... E é muito difícil a convivência!... Sempre alguém está insatisfeito e insistem em nos magoar, machucar que às vezes... Até sangramos! - Ela o olha e a VAN para e o homem desce e estende a embalagem da pizza.

- Bom apetite!... Espero que goste! - Ela sorria docemente.

O homem come devagar, sabia saborear o sabor da pizza, Beguzar ri achando graça.

- O Senhor deve ter tido um lar!... Sabe comer muito bem!

- já fui casado, mas minha esposa me tirou tudo!... Não tiro a razão dela... Era um bêbado e um animal!... Há fiz chorar e muito!... Depois... - Ele engole, falava de boca cheia. - Tínhamos filhos e... Eu deixei que tirasse tudo de mim para garantir o sustento!... Eu... - ele morde a pizza... - eu não consegui me levantar... E a rua foi... Meu... Lar.

- A merda do amor misturada com o álcool e a violência não dá em nada... Só leva para o buraco!... - ela puxa o ar e solta pela boca. - Bom!... Vou entrar, está tarde!... Boa noite senhor e obrigada pela conversa e pelo cobertor, espero vê-lo aqui amanhã!

- Boa noite Senhora e obrigado pelo belo jantar, sua companhia é sempre uma Cia para mim!

- Belas falas Senhor!... - ela sorri e passa a mão em seu queixo carinhosamente e entra.

- Por Deus Senhora!... Enlouqueceu de vez!... Esse homem deve estar cheio de piolhos e pulgas!... Pode passar para as crianças!


Jacob (Volume 3)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora