Capítulo 01

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CHECK-IN - Capítulo 01

||Narração Rafael||

Eu era feliz. Ou eu achei que era, até aquela vádia me trair, com meu melhor amigo. Eu achei que ela me amava, mas pelo visto não.
Quem já leu O Lado Bom da Vida, de Matthew Quick? Então, minha vida se resume naquele livro. Não na parte que o Pat é feliz com a Tif, mas sim a parte que ele encontra a Nick trepando no chuveiro da casa deles, com um professor de Educação física e ainda ouvindo a música do casamento deles. Então, eu fiz a mesma coisa que o Pat, e tentei matar Roger. Fui internado, mas consegui fugir.
E diferente de O lado bom da Vida, o Roger não se casou com a minha mulher, ele morreu. Eu não quero ela de volta, por mim ela morreria junto com ele, mas Deus me ensinou a não desejar o mal dos outros.

Com o tempo que passei na clínica, aprendi a ser ainda mais amargo do que já era, e vamos combinar que ficar três anos sem sexo, preso em um quarto sem nada, nem cama; preso à uma camisa de forças (Nunca disse que eu não era esquizofrênico, mas ultimamente ando mais calmo), sem nem poder bater uma punheta de vez enquando é duro. Literalmente duro.
Acredito que eu vá sair daqui um dia, acredito que vá voltar a mandar na Sexy Girl, mas não acredito no amor.
Aliás, amor? Nunca nem ví! Nem sei o que é. Sabe a música do Zeca Pagodinho? Aquela assim: "Nunca ví, nem comi, eu só ouço falar". Essa música se aplica a a minha vida e também a nova enfermeira.
Eu nunca a ví, só ouço os babacas que me tratam falar dela.
– Ela é uma gostosa. – Diz Nato, o meu enfermeiro.
– Dez de Dez? – Pergunto o olhando.
– Dez de mil! Parece uma deusa.
– Por que não mandam ela, ao invés de mandar você? – Arqueio as sobrancelhas.
– Fazendo pouco caso de mim, Luanzinho?
– Claro que não, meu amigo. Mas eu prefiro mil vezes uma gostosa me vigiando no banho, do que um negão de dois metros de altura. Eu tenho medo de você. Vai que você decide me estuprar. Nem quero saber o tamanho desse Treco. – Ele gargalha.
– Boa tentativa, Santana. Mas a gostosa foi proibida de chegar perto de você. Todos nós sabemos do seu dom de persuadir as mulheres. – Ele se levanta. – Boa noite, Santana. – E sai fechando a porta.
Ah, foi exagero. Eu nem tenho esse poder todo. Só a última enfermeira que me soltou a meu pedido, mas fora isso, nada demais.
Amanhã é dia de visita e tenho certeza que a Bruna vem me ver, porque diferente do nosso pai, ela ainda é esperta e sabe que não matei ninguém. Minha mãe vem me ver, mas não sabe se acredita em mim. Prefiro mil vezes que ela esqueça que tem filho, ao ouvir ela me chamando de assassino.
Mas fora isso, nada de interessante acontece na minha vida.

Acordo com uma puta dor de cabeça, e Nato me chamando.
– Bora. Vai tomar banho. – Levanto do chão e deixo ele soltar a camisa de força.
– Nem pensou na minha proposta de deixar a gostosa me vigiar?
– Não. Anda. Bora pro banho. – Ele me empurra pro banheiro e fecha a porta.
Grandes merda.

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