Capítulo 50

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O desespero de Elena e Jack dentro do quarto, de forma tão de repente que Ana ao menos piscou e Elena estava detida no chão.

Jack tentou fugir, saindo pela porta dos fundos, levando um tiro certeiro enquanto corria para o nada.

O instinto de sobrevivência às vezes acaba nos matando também

Em todo caso, Ana não prestou atenção nada, não conseguia visualizar as coisas ao redor enquanto sentia outra contração chegando.

Alguma coisa estava muito errada consigo.

A garota fechou novamente os olhos com força, assustando-se quando sentiu alguém pegando sua mão, segurando sua cabeça.

Não precisou nem mesmo abrir os olhos para saber quem era.

Christian.

_ Ela precisa ir para o hospital - a voz dele tinha urgência. - Amor, você consegue me ouvir?

A morena abriu os olhos e o encarou.

_ Não, não pode me levar... Está... Aaaaah!

Christian segurou sua mão, deixando que ela a apertasse enquanto tinha sua cabeça em seu peito.

_ O bebê vai nascer, não dá tempo - disse ela com rapidez após o sufoco passar novamente.

Christian a encarou, os olhos arregalados.

_ O meu filho não vai nascer nesse lugar - disse ele.

_ Ele não pode nascer num carro também - rebateu ela, o suor cobrindo cara centímetro de seu corpo pelo esforço que vazia.

_ Senhor, a ambulância chega em dez minutos - Taylor informou apressado.

_ Ela não tem dez minutos! - vociferou Christian.

Ana o puxou pelo paletó, mordendo o pano em ombro, gritando abafado novamente.

A pressão lá embaixo era uma coisa que a fazia não ter nenhum parâmetro de comparação.

_ Christian, você precisa fazer isso - ela sussurrou com urgência, deixando Taylor e o marido apavorados.

Era a hora e eles iriam ter de fazer aquilo.

Durante toda a sua gravidez, Ana ouviu os médicos falarem sobre sua pressão oscilante, sobre o real risco de uma eclampsia, sobre todos os perigos constantes de cada dia de sua gestação. Ela se preocupou com aquilo - junto de Christian - sempre fazendo o melhor que podia e não podia para manter a si e bebê saudável.

Os médicos sabem o que falam. Eles estudaram para aquilo. E Ana sabia que daquele parto, ela não sairia viva.
Porém, em uma cultura muito antiga na Bulgária, existe a crença das parcas: três deusas capazes de decidir o destino.

Numa tradução grosseira, elas são quem decide a vida, o curso dela e a morte, de forma que nem mesmo um deus pode contrariar. Elas são como uma ordem cósmica que preside a vida humana, onde nada que existe no mundo pode escapar.

As Parcas, que são chamadas de Moiras na mitologia grega, são três deusas: Nona, Décima e Morta. São as filhas da noite, ou de Zeus, que controlam o destino dos mortais e determinam tudo, decidindo questões da vida e da morte.

Na Bulgária se tem a estrutura de calendário solar para os anos, e lunar para os atuais meses. A gravidez humana é de nove luas, não nove meses. Nona tece o fio da vida no útero materno, até a nona lua; Décima representa o nascimento, o corte do cordão umbilical, o início da vida terrena, a décima lua; Morta é a outra extremidade da coisa, é o fim da vida terrena, que pode ocorrer a qualquer momento. Quem sabe se as parcas não são mesmo reais?

Talvez a vida das pessoas seja mesmo guiada pelas Parcas. Talvez Décima decidisse continuar tecendo mais um pouco, em vez de deixar Morta fazer tudo ficar mais fácil para Ana.

A morena se agarrou em tudo, em todas as crenças que existiam. Se fosse real ou não, não importava, mas ela precisava ter fé naquilo. Em tudo.

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À vocês que pediram por mais e pediram, pediram e pediram rs, um capítulo às 8h45min, amo vocês ❤❤

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