O RUIVO DO UBER -ROMANCE GAY-

CAPÍTULO 16 "CALÇA OU SHORT?"

Quando terminei de almoçar, resolvi me deitar e esperar um tempo até que a coragem de sair com Enzo se reacendesse novamente.

Meu celular gritou por mim na escrivaninha no mesmo momento que eu me joguei na cama. Bufei de raiva e então me levantei novamente para poder apanha-lo.

Deslizei o dedo pela tela sem ao menos ver quem era.

-Alô? -Disse ríspido.

-E aí, cara, tudo beleza? -Perguntou, e aquela voz, de longe eu sabia de quem era. Um sorriso cresceu em meu rosto.

-Estou ótimo, e você? Bom, não precisa nem responder, porque pelo seu tom de voz, imagino que seja bem melhor que eu. -Falei já rindo e olhando para a lâmpada apagada que estava bem no centro do teto do meu quarto.

Ah ruivo.

-Nem tanto! Mas eu vou ficar se você aceitar sair comigo mais tarde pra uma festa... -Fiquei em silêncio.

Eu nunca tinha ido à uma festa. A coragem nunca me deixava ir, e o medo sempre gritava mais alto. Até em festas de aniversário eu me sentia em uma selva.

Imagina em uma em que este louco do ruivo frequenta.

-Tá aí ainda? -Falou me fazendo despertar do transe imaginário.

-Aham... Estou.

-Topa ou não topa?

-Eu não sei... Eu n-nun...

-Ei, relaxa, eu vou estar lá com você. -Disse, e eu senti que seu tom de voz mudou de agitado para protetor.

-Eu sou de menor, Thalel... Não poderei entrar! -Tentei arrumar qualquer desculpa para poder não ir.

-Eu tenho carta branca... É um amigo meu quem esteve organizando toda a bagunça de hoje à noite, então você vai entrar comigo... Nem que tenha que ser pelos fundos. -Disse fazendo a minha desculpa descer pelo ralo.

-E os seus amigos?

-O que tem eles? -Perguntou.

-Eles podem estranhar vendo você com um Gay... que no caso sou eu. -Bingo, essa é ótima.

-Leozinho, você nem de longe parece ser Gay, e é bem capaz de eles quererem pegar você depois de algumas vodkas. -E então veio aquela gargalhada gostosa do outro lado da linha.

-Não seria uma má ideia. -Sussurrei.

-É, e talvez eu arranque o pau deles...

-Não entendi.

-Okay, continue sem entender então.

Rimos e trocamos de assunto, e alguns minutos mais tarde, ele desligou; o motivo foi que Enzo estava me ligando.

-Alô? -Disse ao atender.

-Titio, o papai quer saber o seu endereço para a gente ir buscar você.

Own, eu ainda te mato, Enzo.

-Fala pro seu papai tomar vergonha na cara e vir perguntar ele mesmo, meu amor...

-Papai, o Titio falou pra você tomar vergonha na cara e... O que mais titio? -Disse quase num sussurro, fazendo tudo parecer um segredo.

-Vir perguntar ele mesmo.

-Ah, e ir perguntar você mesmo!

Ouvi então aquele som de quando pisamos nos patinhos de borracha e então um "com licença, minha filha".

-Qual o seu endereço para podermos passar aí e buscar você? -Falou com aquela voz grossa.

-Será que você vai colocar a Yasmin pra dirigir também? -Perguntei rindo -Brincadeira... Então, eu vou te mandar a localização no WhatsApp e aí você me pega aqui na frente, pode ser?

-Pode... É... Você prefere que eu use uma calça ou um short? -Perguntou já me colocando na dúvida.

-Está meio frio, não acha? -Disse -Talvez calça seja uma boa ideia... Mas por que a pergunta? Não consegue decidir isso sozinho?

-Eu não costumava fazer esse tipo de coisa... Minha mulher quem fazia por mim... Ela dizia que eu não sabia me vestir.

Okay, eu não queria chegar neste assunto delicado. Pensei. Pensei. Pensei mais um pouco e então falei:

-Eu vou me arrumar agora e daqui vinte minutos você vem me buscar... E-eu... Espera um minutinho -Entrei no WhatsApp e enviei a localização para ele -Pronto, já enviei o que você precisa pra me encontrar, e bom... Eu vou te ajudar a se vestir... E a Yasmin também.

-Tá bom!! Eu só vou trancar tudo aqui, e jaja estou aí. -Ele parou de falar comigo e disse pra sua filha "dá um tchauzinho pra ele, princesa... E manda um beijo por mim"

-Tchau, titio... Papai mandou um beijo pra você... - "Não era pra falar assim, filha", ouvi ele dizer e pude sentir sua vergonha.

E eu só fiz o que me convinha: Dei risada.

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