CAPÍTULO 32 "ENTARDECER"

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Caminhei a frente de Enzo e encontrei um Thalel conversando com um rapaz a um canto. Eles pareciam sorrir e o ruivo estava confortável com aquilo. Bia ficou sentada com Yasmin que ainda adormecia em seu colo, e Thiago, Bom, Thiago bebia cada vez mais. Em suas mãos tinha um coco.

Aquilo não é água de coco, tenho certeza.

Respirei fundo e olhei para trás. Enzo vinha caminhando lento e parecia desapontado; meu coração, como sempre, depositou em mim um pouco de culpa. Talvez estaria precoce demais se rolasse um beijo entre nós. E eu queria ir com calma.

Ele estava carente, e isso não me assustou nenhum pouco. Enzo tinha uma filha e por mais que não me falasse, ele ainda sofria com a morte da mulher.

Esperei que ele chegasse até mim e logo o recebi com um sorriso. Este, não demonstrou nenhuma emoção, apenas pegou em minha mão e sussurrou:

-Me desculpa... Eu não queria te constranger...

Não respondi; deixei que o silêncio falasse por si. Ele era um amigo, um futuro -talvez- e as coisas seriam totalmente fora do roteiro se caminharem pela emoção. Eu não sabia qual seria a reação de Yasmin ao nos ver se beijando, ou qualquer coisa que a deixasse confusa.

Continuei ali parado até que ele me puxou pelas mãos e me fez caminhar ao seu lado até Thiago. Aquela foi a minha deixa para se separar dele e ir ao encontro de Bia. Assim que o fiz, me sentei e a olhei no fundo dos seus olhos. Ela parecia me entender, pois sempre falava as coisas de acordo com o que estava acontecendo.

-É estranho, né? Eu sei... Mas Relaxa, Léo, uma hora ele esquece e te deixa em paz! -Sussurrou para não acordar Yasmin.

-Isso já aconteceu antes com alguma outra pessoa? -Perguntei apontando para mim e para Enzo.

-Não... Ele nunca saiu, nunca se divertiu e sequer deixou outra pessoa se aproximar. -disse passando a mão no rosto e tomando um gole da bebida verde.

Peguei seu copo e virei todo o resto. Fiquei em silêncio por um tempo pensando nas palavras dela. Como assim ele esqueceria e me deixaria em paz? Era isso que eu queria? Será que eu queria que ele me deixasse em paz? Acho que não.

Thalel chegou perto e me chamou de canto. Disse que precisava conversar e que queria me mostrar uma coisa.

Eu poderia dizer a ele ir continuar o assunto dele com o moço com quem conversava a pouco, mas minha educação falou mais alto e acabei me retirando e o seguindo. Passamos por todos e acabamos entrando no meio de muitas árvores.

-Sabe pra onde estamos indo pelo menos? -perguntei estranhando aquele caminho. -Não estou afim de passar o resto da minha vida aqui nesse lugar com você, Thalel.

O ciúmes -Se é que eu posso chamar o que estava sentindo assim- acabou me deixando rancoroso. Ele não merecia tanto a minha atenção; não depois de puxar assunto com o primeiro atirado que lhe chamasse atenção. Cruzei meus braços e parei de andar.

-Eu não vou dar mais nenhum passo. -Falei emburrado.

-Tá Bom, se é assim que você prefere, tudo bem pra mim. -Disse dando meia volta.

Por um minuto pensei que ele iria voltar e me deixar ali sozinho, mas me surpreendi quando fui pego no colo por aqueles braços fortes. Como qualquer um, tentei me livrar de seus braços, mas a curiosidade e a vontade de continuar ali deixou com que eu relaxasse e abrisse a porta para ele entrar onde quer que queira entrar.

Espero que não seja no meu coração.

Sorri com aquele pensamento insano e ele, mesmo sem saber do que eu estava sorrindo, sorriu junto comigo.

O RUIVO DO UBER -ROMANCE GAY- Onde histórias criam vida. Descubra agora