O RUIVO DO UBER -ROMANCE GAY-

CAPÍTULO 34 "VEM PEGAR"

A noite voou como nenhuma outra. Enzo e eu ainda nos beijávamos carinhosamente sentados no banco no qual ele havia me puxado para conversar minutos antes e aquele momento, nenhum de nós queria que acabasse.

Parei o beijo com um selinho e sorri. Era estranho saber que dei uma chance ao ruivo e saber que aquele beijo foi tão gostoso ao ponto de me excitar. As coisas não estavam certas, e de qualquer forma, eu não estava nem aí.

Enzo ficou me encarando por algum tempo me deixando completamente envergonhado; o seu rosto esboçava uma suavidade que me causou calma e aconchego no coração, e para todos os efeitos, me senti satisfeito por causar tamanho impacto.

-Você não ia tomar banho? -Perguntei me levantando para desligar o som.

-Sim, já estou indo... E, Léo?

Arqueei as sobrancelhas para que ele continuasse e assim o fez.

-Poderia separar uma roupa para mim? -Perguntou sorrindo e descendo para o convés.

Aquela com certeza seria uma das muitas vezes que eu ajudaria Enzo a se vestir; enfim, desci atrás dele para o convés e lá encontrei a sua bolsa. Nela tinha mais coisas de Yasmin do que do próprio; tirei as peças de roupa minha princesa e procurei algo que serviria bem para aquela ocasião. Por fim, peguei uma bermuda preta e uma camiseta preta também; os sapatos deixei ao critério dele.

Voltei novamente para onde estávamos e fiquei pensando em tudo o que aconteceu nesse domingo, e realmente, eu já não sabia de mais nada.

Assim que voltamos para onde os outros estavam, percebi o olhar sorridente de Bia para nós, a sua feição deixava evidente de que ela sabia o que aconteceu, e Thalel, bom, Thalel estava enchendo a cara e sequer percebeu que eu havia voltado.

Me aproximei do ruivo e me sentei ao seu lado. Enzo se sentou próximo e parecia me vigiar -coisa que eu não estava acostumado- e começou beber novamente. Bia disse em alto e em bom som que estava cansada e que queria ir embora; aquela foi a deixa para que eu me manifestasse também, e não fiz nada que não fosse concordar com ela.

Os meninos lançaram na gente um olhar de sensura, mas não reclamaram. No dia seguinte seria segunda feira e nós todos teríamos compromissos, e tudo voltaria ao normal, cada qual com a sua vida -era assim que eu pensava até o momento...

A volta para a cidade foi calma e silenciosa. Todos dormiram, menos Thiago e eu. As coisas ali estavam um tanto desajeitadas e antes mesmo de pegar no sono, Bia me olhou e sussurrou.

-Eles estão apostando em você... Agora jogue sujo.

Esse não era o tipo de roteiro que eu imaginei para a minha vida. Com toda a certeza do mundo, eu não seria capaz de iludir ou mexer com os sentimentos de pessoas que querem o meu bem.

Ao mesmo tempo que o meu lado bom gritava dentro de mim, o meu lado ousado me sussurrava aos ouvidos que eu não poderia me entregar tão fácil assim. Naturalmente, eles deveriam ter um mérito, um motivo muito bom para me ter, e se deixar os dois brigarem por mim fosse a causa, não seria mais do que justo entrar nessa briga -mesmo que fosse para ascender fogo onde já existia.

Quando acordei estávamos no lugar onde demos início àquela noite louca. O carro de Enzo estava estacionado no mesmo canto e o frio golpeou o meu rosto assim que me retirei da lancha. Thalel pegou minha bolsa e a depositou em seu ombro, as coisas e o clima entre nós pareciam estar normais; e eu tenho certeza de que só não estavam mais normais por causa do beijo que rolou entre a gente.

Assim que Enzo terminou de se despedir de Thiago e Bia, me limitei a deixar para eles apenas um aceno com a mão e um sorriso.

Entramos no carro e meu cérebro começou a raciocinar. Até o momento, Enzo e Thalel não tinham ficado a sós comigo, e qualquer coisa que ambos falassem, com toda certeza acabaria em algum desentendimento; mas para minha sorte, o ruivo acabou dormindo ao lado de Yasmin, aliviando assim, o meu coração.

Durante todo o trajeto até minha casa, a mão de Enzo ficou sobre minha coxa -as vezes ele a tirava para poder mudar as marchas- e eu posso dizer que aquilo fora um tanto bom, pois, assim como o ruivo também já fizera aquele ato comigo, e diga-se de passagem, isso é muito gostoso.

Quando finalmente chegamos no meu aposento, Thalel saiu rapidamente do carro apertando a mão de Enzo e depositando um beijo na testa Yasmin. Ele por sua vez me olhou com um olhar que dizia "Você não vem?", e eu retribui com os olhos, dizendo " Me espera ali fora!"

Aquela, com toda a certeza deste mundo, foi uma das primeiras vezes que Thalel e eu desenvolvemos a química de conversar apenas com olhares, e só quem já passou por isso sabe o quão bom é saber que alguém nos entende sem a gente sequer abrir a boca pra falar.

Quando nos vimos sós, pensei em dizer alguma coisa, mas nada construtivo passava por meus pensamentos. Enzo alisou o meu rosto com a mão e se aproximou um pouco para poder me beijar. Eu não sabia o que tinha dado em mim, mas recuei, deixando ele com um ponto de interrogação na testa.

-Desculpe, eu sei que a Yasmin está dormindo, mas acontece que não me sinto muito confortável fazendo isso com ela aqui!! Ela é muito nova e eu não quero que ela fique confusa... Me entende? -Sussurrei olhando em seus olhos.

-Claro!! Eu também não posso discordar de você... Amanhã eu posso vir aqui te pegar pra gente fazer alguma coisa? -Perguntou.

-Pode! Amanhã eu vou para a escola, então, provavelmente estarei livre depois do meio-dia... Me liga quando estiver vindo... Pra eu poder me arrumar, okay? -Falei dando um selinho rápido em sua boca.

-Okay!! Até amanhã! -Disse com um sorriso bobo depois do selinho roubado da minha parte.

-Até.

Com isso, desci do carro e caminhei até o meu portão. O automóvel de Enzo deu partida e sumiu rua a fora.

Parei bruscamente quando dei falta da minha bolsa, as minhas coisas estavam lá dentro, e como um flash, peguei meu celular e comecei discar o número de Enzo.

-Está procurando isso aqui, paixão? -Disse Thalel descendo de seu carro com minha bolsa na mão.

-Sim... -Respondi sorrindo aliviado.

-Então vem pegar! -Falou jogando a bolsa dentro do carro novamente.

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