CAPÍTULO 42 "JUNTOS..."

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Depois do que houve na casa de Henrique, ele e eu ficamos mais próximos. Naquele dia não transamos e o mesmo sequer tentou algo.

Tentei dormir intensamente, mas foi muito em vão. Peguei meu celular e disquei o número de Enzo; esse sim saberia como agir neste momento, e por mais que eu tentasse ser maduro e racional, aqueles acontecimentos estavam acabando comigo.

Já era tarde, mas bastou apenas duas chamadas e ele me atendeu.

-Léo? Aconteceu alguma coisa? -Perguntou com aquela voz rouca que me acalmava. Sem dúvidas, ele era o meu Homem.

Aquelas perguntas eu não respondi. Não saía nada da minha boca, nenhuma palavra. Fechei meus olhos e balbuciei alguma coisa.

-Desculpe, mas eu não entendi... Você está... Você está chorando? O que aconteceu? Léo? Onde você está? -Enzo estava realmente preocupado, percebi pelo barulho que ele andava pela casa. Ouvi então o tilintar das chaves do carro. -Você está em casa?

-N-Não... Estou na casa de um amigo... O Henrique... Teria como você vir me buscar? Estou... Eu estou precisando conversar...

-Me manda a localização, chego aí em dois minutos.

-Okay.

Maria Júlia estava deitada em um colchão no chão. Ela não precisava participar daquele assunto, e seria mais prudente deixá-la dormindo. Henrique, que roncava baixinho ao meu lado na cama sequer percebeu que, lentamente eu me desvencilhava de seu abraço.

Desci as escadas e me dei conta da bagunça que deixamos por todo o caminho. Garrafas de bebidas por todos os lados. A sala estava completamente desorganizada, e se a mãe do Henrique chegasse, eu iria ser a pior imagem de amigo que existe.

Fui até a cozinha caminhando rápido e procurei por um saco de lixo. Felizmente encontrei na dispensa de produtos de limpeza e tornei a subir as escadas novamente. Desde o quarto, recolhi tudo o que deixamos largado. E em um instante, a sala estava em seu estado normal.

Fui para o lado de fora com o saco de lixo em mãos e por lá permaneci. Talvez Enzo demorasse para encontrar a casa, ou talvez, o porteiro não o deixasse entrar por ser um desconhecido. Mas as minhas dúvidas foram deixadas de lado quando vi seu carro dobrar a esquina. Meu coração não sabia se batia forte ou se ficava acelerado. Era uma mistura que não se combinam.

-Não quer entrar? -Perguntou ele abrindo a porta do carro. -Por que está sem camisa? Está frio...

-Ah, eu não me importo... -Respondi entrando e fechando a porta. -Afinal, acho que é até melhor sentir um pouco da natureza.

-Naturalmente... Mas... O que realmente houve para você me ligar agora?

-Podemos discutir esse assunto longe daqui? Eu não quero que o porteiro ache suspeito... Sabe como é né?

-Ah, sim, sei... Vou te levar para a minha casa, tá bem? -Falou por fim ligando o carro.

-Certo, vamos então.

Não demorou muito para chegarmos. Não era longe. Caminhei rápido até o seu apartamento para que ninguém visse e logo me sentei no sofá assim que me vi dentro da casa. Enzo veio até mim e se sentou ao meu lado. Não seria difícil dizer a ele o que aconteceu, mas de certa forma, eu não iria contar exatamente como tudo teve seu desfecho. Ele não precisava saber que eu o procurei depois de descobrir que Thalel era um verdadeiro fiasco comigo.

-Enzo... Lembra quando você me disse sobre ser intenso? -Falei. O álcool ainda não tinha me abandonado, e eu sabia que estava sobre o seu controle.

-Claro que eu me lembro, Léo... Não faz nem algumas horas que conversamos sobre isso.

-Então, eu pensei... Pensei muito pra ser sincero, e cheguei a conclusão de que eu quero sentir a sua intensidade... Ah... É... De todas as maneiras que você pode imaginar. -Falei ainda o encarando. Meus olhos estavam murchos.

-Tem certeza de que não é da boca pra fora? É isso que você realmente quer? -Perguntou acariciando o meu rosto.

-Sim... Não quero perder nenhum segundo mais... Eu... Olha, eu acho que demorei pra enxergar que você é o homem da minha vida...

-E o Thalel? Ele é o que na sua vida?

-O Thalel? Bom, ele é apenas o Ruivo do Uber... Não passa disso... Eu quero você, só você... E acho que, de qualquer forma...

-Eu acho que você excedeu as minhas expectativas... -Disse me interrompendo e me deitando no sofá. -Você é tudo aquilo que faltava para completar a minha...

-Papai?

Yasmin havia acordado e nos olhava com aquela carinha de sono.

-Qual dos dois você está chamando, princesa? -Perguntei afastando Enzo de mim e indo até ela.

-Você mesmo... Escutei a conversa de vocês dois, e... Você vem morar aqui agora? -Falou largando o ursinho de pelúcia que segurava e me abraçando.

-Hoje não... Mas quem sabe talvez daqui uns dias? -Respondi levando ela até o sofá e a colocando entre Enzo e eu.

-Pode ser amanhã? Queria muito que vocês me levassem na casa da vovó... Ela quer muito te conhecer...

Olhei incrédulo para Enzo que sorria deliciosamente.

-Eu falei de você para ela... Não queria que fosse uma surpresa... Na verdade, eu não queria que houvesse distúrbios entre a família de Agnes e a minha... E a sua... Mas ela compreendeu que isso é mais do que normal nos dias de hoje... Então não terei rodeios a partir de hoje e, já que me deixou ser intenso, você quer namorar comigo, e daqui uns dias, se for possível, nos casarmos?

-Vejo que essa sua intensidade ainda vai me deixar muito desconcertado... Mas... Sim, Enzo, eu aceito.

Yasmin abriu a boca o máximo que pôde e começou a pular no sofá. Ela, mais do que ninguém apoiara aquele desfecho, e foi aí que percebi que, embora o tema deste livro seja o Ruivo, eu jamais o escolheria, afinal, ele sequer saberia ser intenso comigo, ele jamais saberia conduzir essa história da mesma forma que Enzo a conduziu, e ele jamais me proporcionaria a experiência de ter comigo um belo companheiro, e uma filha tão linda. Depois daquele dia, eu soube que, por mais que as pessoas façam parte das nossas vidas, nós nunca faremos parte da história das mesmas... Seja você, seja sincero, seja o dono da Sua história, e mesmo que apareçam diversos personagens, mesmo que você pense que uma pessoa pode passar a ser o tema dos capítulos que estarão por acontecer na sua vida, não se engane... Pessoas vêm, pessoas vão, e no final, só restará você... Apenas você... E o Ruivo, bom, o Ruivo não passou disso, de alguém que veio e que se foi, igualzinho o ar puro que entra nos meus pulmões,  saindo apenas o que não é mais necessário para o meu organismo.

Ah, Ruivo... Se ao menos eu tivesse tomado coragem de ir para a escola a pé no dia em que nos conhecemos, talvez o título de toda essa confusão jamais seria descrito com a cor dos seus cabelos. -Pensei olhando para a noite estrelada lá fora.

Fim.

                                   ~×~

O RUIVO DO UBER -ROMANCE GAY- Where stories live. Discover now