CAPÍTULO 33 "ANOITECER"

3.3K 292 116
                                    

Depois do episódio com o ruivo, nós dois permanecemos ali por mais alguns minutos. Ele literalmente havia adormecido no meu colo e sua respiração era calma e doce. Quando me mexi, seus olhos foram abertos me causando um pouco se recentimento; talvez ele não gostaria de ser acordado, e eu o fiz sem querer.

O seu sorriso era um dos melhores; seus olhos estavam meio murchos e a cada segundo que passamos nos olhando, sentia como se ele tentasse conversar comigo através do seus olhar.

-Acho que é melhor retornarmos... -Sussurrei acariciando seus cabelos.

-Eles devem estar preocupados com a gente; principalmente com você -Falou se levantando num pulo e me estendendo a mão.

Levantei com o apoio de seu braço e depois de feito, ficamos cara a cara. Eu poderia perfeitamente me render e dar-lhe um beijo ali mesmo, mas as circunstâncias me deixaram com vontade de beijá-lo em casa, na nossa cidade, ou no conforto de seu carro.

Respirei fundo afim de mostrar que aquele não era o momento e funcionou. Caminhamos lado a lado em silêncio. O som de galhos secos se quebrando embaixo dos meus pés era o único som que ouvíamos até que os gritos ganharam voz. O barulho dos tambores estava mais alto; parecia tudo muito mais feliz desde que me retirei daquele meio.

Enzo dançava algum tipo de dança com uns rapazes e ele estava todo desengonçado. Eu tive certeza de que ele aprendera os passos naquele momento. O sol já havia se escondido e tudo ali estava iluminado por tochas grandes que golpeavam a noite com suas enormes chamas fosforescente.

Fiquei olhando por um tempo até que ele me viu, em seu olhar eu via vergonha e um chamado. Sim, um chamado, talvez ele queria me eu me juntasse a eles naquela dança, e por mais que ela fosse legal, com certeza eu não iria. Enzo então veio caminhando e segurou a minha mão me puxando para onde estava a lancha. Fomos caminhando lento e assim que chegamos até ela, fui surpreendido com o seu gesto de agarrar minha cintura e sussurrar no meu ouvido:

-Estou precisando trocar essa roupa, você me acompanha?

-Eu não acho que seja uma boa ideia, Enzo. -Falei deixando ele ali, agarrado na minha cintura com aquela cara de bêbado safado. -Mas se você quer tanto assim, não vejo maldade nisso.

Subimos a escada e ele foi direto para o convés, e antes de sumir lá pra baixo, pediu pra eu ligar um pouco o som. É, ele disse que precisava ouvir música normal, e não aquilo que aqueles "indígenas" escutavam.

O ponto de interrogação que se formou em cima da minha cabeça foi enorme; eu não via aquelas pessoas como indígenas ou coisa parecido, era estranho ele encarar eles daquela forma.

Fui até o som e apertei o play. A música que tocou não poderia deixar as coisas piores pro meu lado. Era "Halo" -Beyoncé-, e logo assim que escutou o primeiro toque, tratou de voltar para onde estávamos antes mesmo de eu poder trocar para a próxima -Talvez uma mais agitada.

Enzo, que até então havia se despido da sua camiseta vinha em minha direção com o sinto solto e descalço. Por um momento, eu pensei que ele iria me beijar ali, mas não, ele foi novamente um Lord, e apenas me puxou pelo braço e me sentou perto dele em um dos bancos que tinham ali perto.

Confesso que fiquei tenso e apreensivo com toda aquela situação. Eu não esperava aquela atitude, e assim que nos sentamos, ele ficou me encarando, quando finalmente deixou escapar uma lágrima do seu olho direito. Nossos olhares estavam fixos e eu jurava que podia ouvir seu coração bater dentro de seu peito.

Embora toda a química que tinha rolado, nós não falamos nada um para o outro. Ele segurava forte minha mão e eu podia sentir que ele precisava de ajuda, por pelo menos da minha parte. Abri a boca diversas vezes para poder dizer algo, mas minha mente não estava trabalhando direito. Já estava ficando nervoso com tudo quando Enzo finalmente decidiu falar.

O RUIVO DO UBER -ROMANCE GAY- Where stories live. Discover now