CAPÍTULO 24 "VEM CALAR"

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Ficar ali naquele meio me deixou um pouco mais sóbrio. Revirei meus olhos e sai andando rumo a saída. Henrique veio em meu calcanhar e Thalel também.

Cheguei ao lado de fora e joguei meu copo longe. Continuei andando e ouvi passos atrás de mim. Olhei para conferir quem era e vi que Henrique ainda me acompanhava.

-Henrique, por favor, não precisa vir! Volte para a festa e fique longe de confusão... -Falei de um jeito que lhe transmitisse conforto e segurança.

-Onde você mora? -Perguntou.

-Moro a duas quadras daqui -Menti -Pode ficar tranquilo, eu tenho o seu número e você tem o meu, então relaxa.

-Okay, eu até volto pra festa, mas... Me dá mais um beijo?

Nem respondi a sua pergunta. Agarrei seu colarinho e o puxei para perto. O beijo foi quente e me excitou aos limites.

-Cara, você é muito gostoso. -Sussurrou nos meus ouvidos.

-Vamos conversando, talvez você possa até experimentar de outras formas...

Dito isso, me soltei dele e sai andando. Caminhei pela rua vazia e ainda assim me senti sendo observado. Olhei para trás e vi que Henrique ainda estava por la; acenei e então virei a esquina.

Fazia vinte minutos que eu estava andando sem parar. O chão parecia um tanto mole e me causava uma certa tontura.

Então é por isso que os bêbados caem? Nunca mais irei julgar nenhum que estiver por aí nas calçadas.

O barulho de buzina a minhas costas me deixou curioso e eu queria muito olhar para trás, mas eu sabia quem era, e evitar aquilo tudo era o melhor a se fazer.

-Quer fazer o favor de parar de andar? -Gritou Thalel com a metade do corpo para fora do carro

-Me deixa! -Falei o olhando por um breve segundo.

-Por favor, Léo, entra que eu te levo... Vamos conversar!

-Você acabou com a minha noite. -Disse por fim parando e fazendo-o frear o automóvel bruscamente.

-Não quero conversar contigo aqui na rua, entre, por favor.

Atravessei a rua e entrei. Meus braços cruzados sobre o peito deixava evidente de que eu não estava muito afim de enrolação.

Ficamos em silêncio até chegarmos na frente da minha casa e então, ao tirar o sinto, me olhou e começou a falar.

-Qual as suas intenções sobre mim? -Perguntou sério.

-O-O que? Minhas intenções? Bom, não tenho intenções... Pelo menos não mais... Me diz você, quais as suas intenções? Me disse que sente irmandade por mim, mas fica de pau duro com uma simples dança.

-Nada mudou... O que eu sinto ainda é irmandade, e o que aconteceu foi algo que não vêm ao caso no momento.

-Ah, mas é aí que você se engana! Eu quero saber o motivo, e você vai me dizer agora!! -Falei em tom de reprovação, e realmente eu estava reprovando aquela fala.

-Eu estou embriagado, e antes de você dançar comigo, aquele cara estava flertando e eu estava um pouco excitado... Não sei o que aconteceu, mas eu vi o rosto daquele cara em você... Eu não sinto atração por ti, é mais carinho.

-Okay, e por que você brigou comigo quando eu estava ficando com o Henrique? -Perguntei novamente.

-Ele só queria se aproveitar de você... Ele é um gavião, se é que me entende.

-Thalel, cala a sua boca, por favor.

-Cala você a sua! -Gritou.

-Vem calar! -Retruquei.

Ficamos em silêncio nos encarando e o meu instinto me fez por a mão na porta e a abrir. Coloquei minha perna direita para fora e estava pronto pra sair.

-Tchau, Thalel... Só me procure quando se der conta de que eu não preciso de proteção.

-EU MANDEI VOCÊ CALAR A BOCA! -Repetiu apertando meu braço.

-E eu mandei você vir calar. -Falei calmamente.

-Como quiser.

Um beijo foi tudo que eu menos esperava. E tudo o que eu mais desejava.

                                    ~•~   

O RUIVO DO UBER -ROMANCE GAY- Where stories live. Discover now