A noite estava tão boa que tudo o que eu olhava era de inteira loucura e felicidade. Meus pés formigavam a pedido de uma dança, e eu não hesitei em ir novamente para a pista.
A música que agora tocava era "Toxic" da Britney Spears. Meu copo agora era de plástico, para poder ter mais flexibilidade e cuidado na pista. -palavras do barman.
Procurei por Thalel e não encontrei. As luzes que me cercavam me causavam uma tontura alucinante. Talvez aquilo estivesse me deixando mais louco do que eu já estava e eu não sabia.
Procurei por Thalel em alguns lugares e não o encontrei; fiquei ali parado me movimentando de um lado para o outro até que senti duas mãos fortes me segurarem pela cintura e me balançar um pouco mais rápido no ritmo da batida.
-Posso te pagar uma bebida? -Perguntou aquela voz infantil.
Meu Deus, não é o Thalel.
Por um minuto inteiro eu achei que aquele que tinha segurado na minha cintura era o ruivo, mas eu estava muito errado, o garoto que estava atrás de mim tinha cabelos pretos e era um pouco mais baixo também.
-Desculpe, eu não te entendi. -Falei observando os seus músculos marcarem na camiseta azul.
-Posso te pagar uma bebida? -Gritou novamente.
A música estava muito alta.
-Eu posso fazer isso por mim mesmo. -Respondi querendo dar a conversa por encerrada.
-Ah, então eu posso dançar com você?
Insistente até demais.
-Pode! -Falei dando a ele o espaço que precisava para me agarrar novamente pela cintura e me puxar pra perto.
Me virei de costas e continuamos naquele ritmo frenético e delicioso. Sua boca percorreu o meu pescoço e seus dedos tentavam adentrar por de baixo da minha camisa. Deslizei e me virei novamente de frente para ele.
-Qual o seu nome? -Perguntei.
-Henrique! Muito prazer.
-Prazer é todo meu... Sou Leonardo!
-Me dá um beijo? -Perguntou deixando seu sorriso safado estampado no rosto.
-Nas circunstâncias atuais, a minha resposta é não! Mas eu te dou o meu número, quer? -Respondi passando a mão sobre seu peitoral musculoso.
-Se isso for futuramente garantir um beijo seu, sim, eu quero. -Gritou aproximando seu rosto do meu. -Gatinho.
Henrique então pegou o seu aparelho do bolso e me entregou. Disquei o meu número e dei uma ligada até o meu celular vibrar no meu jeans.
-Você está bêbado, Léo! Será que vai lembrar de mim amanhã? -Indagou passando a mão no cabelo.
-Com certeza eu vou. Estou louco já! Cadê o Thalel? -Disse como se o pobre do garoto soubesse.
-Eu não sei de quem você está falando. -Falou arqueando as sobrancelhas. -O que está bebendo?
-Ah, isso? Bom, isso é vodka com Halls... Acredito que tenha algo mais, mas aquele homem disse que é batidinha de Halls, então... Quer um gole?
-Ah, não, obrigado, eu... Eu vou comprar uma para mim, quer ir comigo?
Olhei para meu copo e estava ficando vazio. Meus olhos por um minuto quiseram chorar, e então comecei a rir.
-O que foi? -Perguntou rindo também.
-Meu copo tá vazio e eu... Estou bêbado, Henrique? -E nessa hora eu virei todo o resto do líquido. -Vamos comprar mais.
Chegamos no balcão e eu me sentei. Ele fez os pedidos e ficamos nos encarando por um bom tempo. Ele parecia ser muito novo. Aparentava ter 18 anos no máximo.
-Você tem quantos anos? -Perguntei.
-Dezessete... E você?
-A mesma idade.
Continuamos a nos encarar e minha vontade de beijá-lo falava tão alto que eu sentia a minha cabeça ir se aproximando para frente, e ele sequer recuou.
-Tem certeza disso? -Perguntou sorrindo. -Não vá se arrepender depois.
-Eu só quero a minha batida de Halls. -Respondi me afastando e olhando pro lado e vendo Thalel beijando o cara que a pouco estava dando em cima dele.
Ah não! Eu não estou vendo isso.
Fiquei quieto por um tempo até o barman me entregar o meu copo -Sim, o cavalheiro pagou- e grudei Henrique pelo braço e o arrastei até perto do ruivo. Dei uma longa golada e o olhei nos olhos.
-O que você queria de mim antes? -Falei.
-Acho que era um beijo. -Disse dando uma golada também.
-Se você beijar bem, eu deixo você me levar pra casa. -Sussurrei em seu ouvindo já dando o passe livre para me beijar.
Seus lábios nos meus dançaram conforme a música que até hoje eu não me lembro qual era e sua língua procurando pela minha me causava uma certa ereção.
-Vai soltar ele agora, ou vou ter que te dar um pau, parceiro? -Falou Thalel colocando suas mãos entre nós e nos separando.
O olhei por um breve momento e sorri.
-Volta lá pro seu beijo, volta.
-Nós vamos voltar é pra casa! -Repreendeu me segurando pelo pulso. -Você está bêbado.
-Ei, cara, solta ele! -Gritou Henrique me segurando pelo outro pulso.
-Como é que é?
Eu vi fogo nos olhos do ruivinho.
Fudeu.
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