CAPÍTULO 17 "ANJO DA GUARDA"

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Enzo não demorou a chegar e eu não demorei para sair de casa. Me vesti com um macacão-calça, uma camiseta branca e um tênis azul-claro combinando com o jeans.

Yasmin veio correndo até mim e pulou no meu colo. Por incrível que pareça, ela ainda estava de pijama, e ao olhar Enzo dentro do carro, deduzi que ele ainda estivesse com as roupas que dormiu. -um short pano mole e uma regata branca.

-Filha, senta no banco de trás... -falou para Yasmin assim que abriu a porta para mim -Você está... Deslumbrante.

-Não sei se devo acreditar. -Brinquei -Só me vesti de acordo para uma tarde prazeirosa... Vamos?

-Vamos. -Falou rindo e ligando o carro.

-Titio, ontem na escola eu fiz um desenho muuuuito lindo! -Disse Yasmin de pé entre o banco do motorista e passageiro.

-Sério? Eu quero ver, fiquei curioso agora! -Falei olhando seus olhos brilharem.

-Filha, conta pra ele também a bagunça que você fez na sala? -Disse Enzo num tom de reprovação -Eu não sei como não enlouqueci... Na verdade, eu ia te ligar, mas estava muito tarde e acabamos de nos conhecer... Então não quero abusar!! Já não sei o que fazer... Nada que eu ofereço está bom... Mas aí você aparece, e a única coisa que ela quer agora é a sua companhia... E eu também.

Não pude evitar a corada que meu rosto deu.

-Não exagere... Ela só precisa conhecer gente nova, sair da rotina, por assim dizer... E você também.

Chegamos em seu apartamento e fomos logo para o quarto. Primeiro caminhei em direção ao cômodo que era todo rosa -Segundo Yasmin- e antes de chegar nele, avistei a montanha de brinquedos despejados próximos ao enorme e longo sofá cinza que ficava defronte à TV de plasma. Observei a pequena estante que ali tinha e a mesinha do computador a um canto totalmente solitário. A sala realmente era vazia.

Olhei para Yasmin e ela riu envergonhada -imagino que seja pela bagunça- tapando o rosto. Ela pegou em minha mão e me levou até uma porta de madeira com um "Y" desenhado e suspirou girando a maçaneta.

Tudo ali era composto por vários tons de rosa. A cama, o guarda-roupa, o criado mudo, o tapete, a pintura nas paredes. Enfim, e mesmo não gostando muito dessa cor enjoativa, me encantei.

Sentei-me na cama enquanto Yasmin correu até uma gaveta do criado-mudo para pegar o tal desenho. Naquela folha tinha quatro pessoas. Todas de mãos dadas. O desenho não era lá aquelas coisas, vamos dizer que eram feitos de "pauzinhos": um que definia o corpo, outros os braços e as pernas; a cabeça, feita por um círculo -que na verdade parecia tudo, menos um círculo- e os cabelinhos.

Encima de cada pessoa tinha um nome: Papai, Mamãe, Eu; e o que mais me surpreendeu, Titio. O último personagem não havia sido feito na escola, porque eu imagino que foi a professora que escreveu aquelas legendas definindo cada um deles, mas o que era eu tinha sido feito de lápis rosa, igualzinho a sua mãe.

-Eu colori de rosa porque é a cor que eu mais gosto... Eu fiz você ontem à noite quando estive sem sono... O papai amou, e ele disse que só ficou magoado porque de eu não ter pintado ele de rosa também... Ele não entende.

Soltei um risinho. Pela primeira vez uma criança havia demonstrado tamanho afeto por mim. Aquilo era novidade e eu não estava acostumado.

-Cadê o seu papai? -Perguntei.

-Ele disse que iria tomar banho... Sabe, Tio, meu papai é o meu Super-Homem e a minha mamãe é a Mulher-Maravilha... -Seu olhar focou nos meus olhos e então ela me abraçou forte.

O RUIVO DO UBER -ROMANCE GAY- Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ