A História que Ninguém Contou.

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— Meu senhor, eu conduzirei o seu exército à vitória — disse Jeanne, um dia, diante de seu Rei Charles VII, o filho do Louco.

Jeanne d'Arc tinha crescido e se tornado uma bela mulher, parte de sua família havia sido morta pelo exército inglês e seu ímpeto a transformara numa guerreira praticamente inabalável. Fora finalmente prestigiada com o título de cavaleiro quando matou cinco homens mais fortes do que ela no campo de batalha.

Com muita dificuldade foi aceita como líder militar, mesmo sendo muito habilidosa. Mas conseguira superar os olhos da discriminação dos soldados, que insistiam em medir sua força pela quantidade de masculinidade.

Isso aconteceu depois que Charles assumiu o trono. Graças ao tratado que seu insano pai assinara anos atrás, a França tinha agora dois reis disputando o poder. A situação ia de mal a pior, os conflitos beiravam a insanidade.

Jeanne enfrentou todos os desafios à sua frente para chegar ao seu rei e garantir que poderia vencer e recuperar o território perdido. O que a história não disse é que ela tinha uma boa estratégia.

Mas não seria assim tão simples. Após uma difícil prova, na qual interrogaram a força e "verificaram" a sua virgindade, Jeanne conseguiu milagrosamente convencer a nobreza de que era uma pessoa confiável. Quanta inocência a deles acreditar numa moça tendo apenas a sua virgindade como garantia.

Para a sorte deles, Jeanne era muito mais ingenua.

Com uma espada e o estandarte em mãos, pela força das profecias que a impulsionavam para a vitória e o desejo de uma França livre, ela chegou à gloria máxima comandando um exército de quatrocentos mil homens.

Graças a Jeanne, os franceses se sentiram parte de algo muito maior do que os seus senhores feudais, algo que no futuro .

Foi graças a sua mão que Charles foi coroado rei, único e legítimo, e foi graças as suas mãos que o povo da França pôde ter esperança mais uma vez.

O rei, no entanto, estava mais preocupado com o prestígio e a fama que conseguira às custas de Jeanne e, como um bom político, usou-a a favor de sua própria popularidade e aceitação. O "Vitorioso", como ficou conhecido, deitava-se com inúmeras mulheres e se servia das melhores bebidas, enquanto a famosa Lady de Orleans sangrava em seu nome.

Naquela mesma noite, Jeanne chegou de uma expedição e se instalou em um dos fortes nas proximidades do feudo real. Estava anoitecendo, e portanto, não era prudente vagar pela noite. Alem disso, os seus homens estavam cansados e feridos demais para continuar. A área pertencia a um dos lordes que fora prestigiado por Charles.

Jeanne não conseguia dormir. Algo a estava incomodando. Assustou-se ao ouvir de madrugada o choro de uma criança. Ela se levantou, se armou e caminhou pelos arredores do forte, onde um dos homens do feudo estava supostamente fazendo a vigília noturna. Entretanto o choro vinha de fora, próximo da floresta.

Aproximou-se dos muros e perguntou ao soldado que fazia a vigília:

— Morris, você não está ouvindo esse choro?

— Que choro, minha senhora? — indagou o soldado, sonolento que não tinha ouvido absolutamente nada. — Quer que eu acorde os homens?

— Não, mantenha-se em guarda. Eu vou averiguar o que está acontecendo. — Atravessou os portões para o lado de fora — Fique alerta — ordenou.

— Sim, senhora — respondeu o soldado, tentando manter-se alerta em meio aquele escuro tão pacífico e convidativo ao sono.

Preocupada com a segurança da criança perdida, Jeanne se aventurou pela floresta, com uma tocha em mãos. Aquela bravura inocente era o que existia de mais virtuoso no espírito humano naquela época.

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