Ahnara cerrou os olhos e, sem dizer nenhuma palavra, afastou ambos os braços, fazendo com que os jovens fossem jogados com força contra as paredes, mantendo-os presos ali apenas manipulando a força cinética.
A rainha se aproximou da adolescente lentamente, de braços abertos.
— Majestade! Eu posso explicar — gritou Artos, sem poder mexer, de cara com a alvenaria que compunha a estrutura do palácio.
A mulher, então, baixou o braço esquerdo com veemência, rolando Artos pela parede e lançando-o ao chão, quebrando os seus dois braços e alguns dentes devido à queda.
Depois, a rainha apontou dois de seus dedos para o alto, prendendo-o no teto de braços abertos. O rapaz desmaiou no momento do impacto.
— Artos? — clamou Desirée — Artos!
— Shiu! — repreendeu Ahnara, de frente para a jovem. — É a sua vez. Há mais de dois anos eu tenho vontade de ter uma conversa com você. Quem você pensa que é para invadir o meu reino e profanar a minha paz?
— Eu... eu fui convidada. Eu... eu... não vim por conta própria — justificou.
Ahnara agarrou o pescoço da adolescente na altura do maxilar, calando-a imediatamente.
— Eu conheço todas as suas justificativas. Não precisa falar.
Puxou a venda dos olhos de Desirée.
— Não faça isso! Eu não quero machucar ninguém! — disse a jovem, comprimindo as pálpebras.
— Não quer me machucar? Mas que piada. Pensava que eu ia deixar alguém como você entrar aqui em Avalon sem saber como me defender? — Riu, debochada.
— Você é mesmo Ahnara? Se você está aqui, quem é que foi aos limites das brumas ao norte para enfrentar os invasores ingleses?
— Sim, eu sou a verdadeira rainha. E estou no norte enfrentando os invasores ingleses. Assim como estou no leste com os franceses. E ao mesmo tempo, estou aqui com vocês dois.
— Como isso é possível?! — questionou Desirée, chocada. — Eu não compreendo.
Entretanto, apesar de parecer impossível, ela mesma admitiu para si mesma quando lembrou que a rainha partiu para o norte de Avalon alguns minutos atrás.
— Quando você se aperfeiçoa na arte, estar em vários lugares ao mesmo tempo não é algo difícil. Merlin ainda não te mostrou como se faz? — Riu. — Ah, é mesmo. Ele não sabe fazer.
Desirée cerrou as sobrancelhas, mas seus lábios e seu corpo inteiro tremiam de medo. Tinha ouvido boatos horríveis de como Ahnara chegara ao trono.
— Ouça, Desirée. — Sentou-se na cama, distante da adolescente. — Me dê um motivo para não quebrar todos os seus ossos e devolver o seu corpo, moído, para a sua avó.
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Idílica Misantropia
Fantasy[História Registrada. Copiadores não Passarão] Depois da morte misteriosa de Joana D'Arc surge Desirée, uma mulher cega que fora acusada de trazer a praga para um pequeno vilarejo. Século XVI, a 'bruxa do eclipse' como fora chamada pelos moradores l...