— É uma longa história, madame — Disse Eclipse. O que acontece é que eu preciso de algo que está preso nesse livro. — Contou.
— Não vejo o que pode haver dentro desse livro que você deseje, minha jovem. — Disse a idosa. — Ele está em posse da igreja, ou seja, você teria que entrar em uma de suas livrarias e rouba-lo uma vez que não terá autorização de entrar lá
— Eu farei se for preciso — Disse Desirée.
— Você tem grande determinação, o que me faz querer saber mais ainda o que busca dentro das páginas dessa abominação. — Desconfiou a idosa.
— Estou atrás da alma de Jeanne D'Arc. — Revelou Eclipse.
Todos olharam para ela chocados.
— Sim é verdade, Jeanne foi julgada com este livro em mãos, eu me recordo. — Ainda sim eu não compreendo.
— Ela precisa da alma de Jeanne para salvar Avalon — Disse Ronan abrindo a porta com um pedaço de trinco em mãos.
— E você quem é? — Perguntou a Idosa.
— Eu sou o escravo dela. — Respondeu ele.
Todos observavam-no estranhando a súbita aparição seguida do comentário bizarro. O silencio da surpresa destacou a risada de Deboche de Remy.
— Digo — Eu estou com ela. Apontou para Eclipse, irritado com o próprio deslize.
— Sim é verdade. Ele é o meu escravo — disse Eclipse, sinceramente.
A senhora cerrou os olhos ainda mais confusa. As meninas no local cochichavam entre elas. Remy estava ainda mais interessado na mulher de nome estranho.
— Você não pode entrar aqui assim, — disse um dos soldados para Ronan.
— Eu estou nessa história antes de vocês. Vocês não vão me tirar disso agora — Enfrentou ele.
— Calma Rapazes, tudo bem ele pode ficar. — Pediu a Idosa — Ele demonstrou que é cativo da mulher, portanto não fara nada de mal algum. Deixem-no onde está. — Os soldados retrocederam.
— Sim ele diz a verdade. Há alguns anos atrás Avalon foi invadida pelos templários em busca do cálice sagrado e acabaram encontrando muitos dos seus tesouros escondidos. Incluindo a arvore da vida, a espada Excalibur e próprio Graal a qual eu fiquei incumbida de proteger. — Revelou Eclipse. — Porem embora as lendas e as visões dos sábios dissessem que eu seria a pessoa a proteger os tesouros desses homens, eu na verdade não tenho o dom para tirar a espada da Arvore, e portanto, seria apenas uma questão de tempo até que eles conseguissem invadir e tomar daquele povo todos os seus tesouros. — Disse.
— Os Templarios? Eles não haviam sido destruídos? — Perguntou Ronan.
— É o que a minha vó havia me contado também, mas, aparentemente não. — Explicou — O caso é que para isso ter acontecido tudo precisou dar errado de uma forma monumental. E eu deixo a tarefa de contar o que aconteceu enquanto estive em Avalon para as meninas. — Suspirou — De qualquer maneira, um homem chamado Isaac apareceu na minha vida poucos anos atrás e me explicou que ainda era possível tirar a espada da arvore se a alma de Jeanne tivesse presa no tal livro. A partir de então eu recobrei as esperanças e comecei a acreditar que as visões de Merlin assim como as de Ahnara estavam certas simultaneamente. — Explicou
— E onde este esse homem que você disse ter conhecido nesse tempo — Perguntou Isabelle.
— Nós brigamos e ele partiu para o norte de onde ele veio — Respondeu. — Isaac me contou que estava em busca de um ser muito antigo e que acreditava que ele estava escondido entre os nobres dessa região. No início eu duvidei.
— O que quer dizer com no início eu duvidei, mademoiselle. — Perguntou Remy.
— Quer dizer que depois de um tempo eu encontrei Ronan. — Disse ela.
— E o que eu tenho a ver com isso? — Indagou o soldado.
— Você estava junto de Aeon, não estava? — Perguntou ela.
— Aquele então é o mesmo Aeon que você nos contou? — Questionou Isabelle.
— Sim aquele era o Mesmo Aeon, — Responde Desirée. — O mesmo Aeon que agora está aqui na minha cabeça e me mostrou tudo o que aconteceu depois que sai de Avalon até o momento em que ele fora convocado para me caçar. — Revelou.
Todos se entreolharam.
— O caso é que esse belo homem chamado Aeon, o qual os franceses chamavam de escolhido era o mais novo e talentoso cavaleiro templário, e há alguns meses atrás esteve num encontro com o próprio Charles VII
— Mas Charles VII está morto a mais de dez anos! — O seu filho Louis XI o substituiu, eu até mesmo estive no enterro dele. — Confessou Ronan.
— Exatamente Ronan. — Disse Desirée. — Então quem era esse homem que esteve com Aeon? Eu lhe pergunto, Ronan. — Disse Eclipse virando-se para o soldado.
Contudo a Madame, Remy e os soldados não compreenderam bem o que ela queria dizer com estar na sua cabeça.
— Certo então você diz que o Charles está vivo e Louis XI é apenas um peão do seu pai? — Questionou a senhora querendo acreditar na sinceridade da estranha mulher a sua frente.
— É isso mesmo, Madame. — Disse Eclipse.
— Nossa, disse a idosa. — Bom eu acho que estamos todos muito cansados. Creio que amanhã poderiam me contar essa história um pouco mais devagar.
— Levem os dois para o meu quarto e deixe-os descansar lá. — Ordenou a Idosa.
— Mas senhora... — Protestou Remy.
— Não se preocupe, Senhora. — Disse Isabelle — Já combinamos que ela ficará no meu quarto. Eu só vou precisar de mais uma cama.
— Muito bem — Disse a idosa— Leve-os até lá, Remy, por favor.
— Mademoseile — Disse ele beijando a mão de Eclipse. — Me siga por favor. Você também Monsieur escravo. — Riu
— Isabelle, espere um pouco por favor. — Disse a senhora após eles saírem da sala. — Notei que ela estava um muito exausta e não quis prendê-la aqui por mais tempo, mas fiquei intrigada para entender essa história direito, você poderia me contar? — Pediu a velha.
— Claro que sim Madame — Respondeu Isabelle. — Mas antes eu preciso ver como está Charllote. — Disse sorrindo — Sabe que eu não posso deixa-la sozinha que ela começa a aprontar. — Concluiu.
— Ahh Isabelle. — Alertou-a antes de sair.
— Trate bem a nossa convidada — Sugeriu — Ela me parece muito machucada. Tinha sangue e sujeira pelo corpo todo. — Concluiu.
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24/02/2019
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Idílica Misantropia
Fantasy[História Registrada. Copiadores não Passarão] Depois da morte misteriosa de Joana D'Arc surge Desirée, uma mulher cega que fora acusada de trazer a praga para um pequeno vilarejo. Século XVI, a 'bruxa do eclipse' como fora chamada pelos moradores l...