Alvorada Prateada

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Aeon sacou a espada e correu em direção à mulher. Apesar do peso da armadura, ele ainda tinha muita habilidade para se locomover. Subiu nas pedras até que pudesse furá-la com a espada do rei. Ao se aproximar, notou que ela estava de olhos fechados, e que eles sangravam.

Mesmo sem se virar para o cavaleiro branco, a mulher saltou do alto da pedra na direção contrária a do homem, caindo nas pontas dos pés sobre as margens do rio como uma pluma.

O esforço de Aeon fora completamente em vão. Todavia, ele estava em posição vantajosa. Saltou para cima do monstro com a espada erguida, a fim de dividir a cabeça da bruxa ao meio.

Ela, então, saltou para trás, esquivando-se do golpe que quase lhe atingiu o peito. A lâmina do rei cravou na terra.

— Você é diferente das outras que tive de matar — constatou Aeon, ofegante. — Apontou a espada para a mulher a sua frente, em posição de combate, preparando-se para atacar.

— E você é mais hábil do que os teus falecidos homens, Cavaleiro Branco — disse ela.

O eclipse estava se desfazendo. Portanto, a luz do sol, que se ocultava atrás da lua, iluminou o local aos poucos, para revelar os cadáveres das vítimas da bruxa pelo cenário umbrático, onde ambos se enfrentavam.

— É uma pena que eu não seja como as suas vítimas. Não poderá fazer nada comigo, cavaleiro — disse a bruxa, arrogante, sem se mover, um pouco antes da luz do sol revelar os doze lobos que o cercavam.

— Lorde Aeon! — gritou Ronan, correndo em sua direção ao notar que o herói estava rendido.

Aeon ergueu a mão para os soldados que estavam atrás dele.

— Não venha, Ronan. Nós já passamos por isso antes! — avisou o cavaleiro, confiante em sua experiência de guerra.

— Bruxa desgraçada! — gritou um dos soldados, parando no meio do caminho, revoltado com a situação.

Os homens se aproximavam devagar de seu lorde, buscando a posição ideal para avançar sobre a bruxa.

Ela sorriu com o canto dos lábios.

— Mande os teus homens se afastarem se não quiser ficar em pedaços, cavaleiro.

— Nem você e nem os teus cachorrinhos me assustam, bruxa! — desafiou Aeon, bastante confiante.

Já lutara com lobos antes, mas não com tantos ao mesmo tempo. Estranhamente, os animais estavam agindo em consonância com os desejos da mulher, já que estavam aguardando ansiosamente as ordens dela para atacá-lo. Possivelmente, ela havia domado todos eles.

— É uma pena que um homem tão belo seja ao mesmo tempo tão — ela tomou fôlego — ignorante — zombou.

Aeon riu. Pensou no que faria para escapar dali. Sem ideias, olhou-a debaixo para cima por um instante, admirando-a de certa forma.

— Me diga uma coisa, bruxa. O que te trouxe até este vilarejo? Por que está ameaçando as pessoas deste lugar?

Ela relaxou os ombros e se virou de lado para ouvi-lo melhor.

— Por que o interesse tão repentino, Aeon? — A bruxa cobriu o corpo com o manto vermelho ao notar o interesse do homem.

Aeon não compreendeu bem como ela saberia daquilo estando de olhos fechados.

— Eu cresci nesta região, tenho amigos e família por aqui — informou ela. — E isso é tudo o que você vai saber antes de morrer.

Enquanto isso, Ronan dava a volta por trás da bruxa para pegá-la de surpresa.

Idílica MisantropiaWhere stories live. Discover now