Vagabundos e Mercenários

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— Eu estou indo, Adeline. — Disse Remy despedindo-se da mulher encarregada de cuidar do lugar na sua ausência. — Eu já convoquei os mercenários para que fiquem de guarda até que eu volte. Eles chegarão aqui em breve — Informou.

Adeline e as demais prostitutas preparavam o velório de Isabelle, entretanto não tiveram coragem de chamar um padre para fazer o enterro devido aos acontecimentos do dia anterior.

— Tem certeza de que irá mesmo atrás daquela mulher estranha? — Perguntou Adeline — Porque tem que fazer isso? — Indagou chateada.

— Depois de todas as coisas que aquela mulher e o seu escravo nos contou, eu sinto que preciso ajuda-la de alguma forma. Ao que parece há muitas coisas em jogo, além do mais, meu objetivo principal é encontrar Charlotte, já que as suas irmãs não encontraram-na. — Acariciou os cabelos da prostituta de olhos manchados pela dor — O que Isabelle diria se deixássemos a sua filha perdida por ai? Eu prometo que não demoro a voltar. — Disse se despedindo.

Remy estava vestido com uma armadura feita de couro e peles negras colada pelo corpo, botas, carregava um florete embainhado na cintura e uma grande túnica também negra para cobrir o seu corpo nos dias de frio. Ele preparava o seu cavalo para partir.

— Além do mais a madame voltará em breve, mas, se por acaso ainda acontecer alguma coisa nesse meio tempo lembre Ronan das minhas instruções. — O homem sorriu enquanto o cavalo girava trotando em volta do próprio corpo. Deu uma piscada charmosa a prostituta e partiu.

— Por favor tome cuidado Remy!!! — Gritou Adeline, chorando ainda mais pela sua partida.

Não cavalgou por muito tempo até encontrar um cadáver pelo meio do caminho completamente seco até os ossos.

— É.. Parece que isso bate com as descrições Ronan não é mesmo, Gale? — Disse ele para o seu cavalo e continuou a seguir até que após alguns minutos encontrou outro e outro.

— Acho que isso vai ser mais fácil do que nós imaginamos — comentou ironicamente.

Remy então tomou um caminho alternativo desviando-se então dos corpos que formava uma trilha adentrando a um vilarejo próximo daquela região, atravessou a praça central e chegou até uma igreja onde havia mais três homens aguardando-o.

— Você demorou, Remy — Disse o homem montado num cavalo marrom com roupas de couro esverdeadas e um enorme arco nas costas. Seus cabelos eram compridos e negros. Ele deu uma cusparada no chão.

— Me desculpe, — Disse Remy — eu precisei ajustar algumas coisas antes da minha partida, eu não quero que nada de ruim aconteça enquanto eu me mantenho fora da mansão. — Justificou. — E vocês juntaram os homens como era planejado?

— Certamente, — Disse o rapaz de armadura da cabeça aos pés de maneira que nem mesma a sua voz saia com clareza da sua máscara, ele estava carregando uma espada longa. — Eu vou chama-los — Após dizer ele se afastou da igreja cavalgando até uma pequena construção abandonada.

— Com o que estamos lidando, Remy? — Perguntou o terceiro deles vestido de uma armadura pesada cuja a cruz vermelha no peito parecia ter sido apagada com algum tipo de malha de aço. Ele carregava uma maça pesada. — Você me parece mais nervoso do que o normal.

—No caminho eu contar-lhes-ei o que aconteceu. Vocês por acaso trouxeram os escudos espelhados que eu lhes pedi? — Perguntou Remy Olhando para os lados.

Enquanto dizia isso o cavaleiro trouxe mais de trinta homens armados e equipados com um escudo brilhante.

— Ai estão eles. — Disse o homem da cruz apagada. — Porque pediu que trouxéssemos isso? Por acaso vamos enfrentar a medusa? — Riu.

— Teríamos sorte se fosse ela, — disse Remy — Não percamos tempo eu contarei a história toda no caminho.

Dois dos três homens se entreolharam e seguiram o cafetão até a encruzilhada onde havia encontrado um dos corpos secos.

— Eu já vi isso antes —Disse o homem da cruz apagada descendo do cavalo. Ao que parece ele foi sugado até a morte. Retirou um livro debaixo da sua túnica encardida e começou a folheá-lo de olhos fechados até apontar para uma página.

— Mas que péssima hora para isso, Dardeno. — Disse o homem de verde.

— Cale-se imbecil e ouça com atenção, — disse Dardeno lendo com cautela o que estava escrito: — "E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o dragão. "

— E o que isso significa, idiota? — Perguntou o arqueiro.

— Certamente está relacionada a criatura que fez isso. Não é mesmo Remy? — Perguntou Dardeno.

— Você está certo, velho amigo. O nome seu nome é Eclipse. E ela é um demônio como eu. — Revelou Remy.

— Ah... não é possível, Remy. Você sempre fazendo isso — Disse o homem de armadura da cabeça aos pés. — Não não não... eu não vou entrar em catacumbas antigas caçando os seus irmãos novamente, nem pensar. — Indignou-se ele.

— Ela não é a minha irmã Leroy, na verdade, ela é uma experiência daqueles alquimistas com quem você viajava a muito tempo atrás. — Contou Remy.

— Não importa quem ela seja, Remy. Porque acha que nós iremos nos arriscar tanto assim? Você não nos paga o suficiente. — Disse Leroy.

— Bem, é porque eu soube de sua própria boca que ela mesma viu o santo graal. — Disse Remy. — O mesmo graal que os templários procuraram por séculos. — Disse animado.

— A quem você quer enganar, Remy? — Disse o arqueiro de verde. — Você sempre com o mesmo truque para nos convencer a fazer algo estupidamente idiota. Por acaso acha que nascemos ontem? — Perguntou a seguir.

—Não, não...Alain meu caro! — Disse contornando o arqueiro que ameaçou partir — Eu realmente lhes causei problemas financeiros das outras vezes com aquelas lendas, mas dessa vez é diferente, tenho certeza de que a coisa existe mesmo. Eu ouvi dos próprios lábios daquele tal de Pierre Cauchon — Remy sorriu amarelo.

— Ahhh não é possível que eu ouvi essa... Pierre Cauchon morreu faz décadas Remy, Eu fui ao seu enterro quando ainda era um padre! — Reclamou Dardeno completamente aborrecido com a suposta mentira do cafetão.

Os três estavam indo embora junto com a sua tropa de mercenários

— Não amigos, é sério eu o vi mesmo! Eu cometi muitos erros sim mas vocês têm que acreditar em mim dessa vez é muito importante e.... — Dizia rapidamente tentando convence-los sem sucesso.

— Adeus Remy! — Disse Leroy...

— Babacas — Disse Remy em voz baixa cavalgando para direção contraria. — Parece que seremos apenas nós dois meus amigos. — Disse ao cavalo.

Ao vê-lo se distanciando, Dardeno perguntou: — Para onde ele vai, a Mansão não é parta o outro lado?

— Ele está tentando nos fazer sentir culpados com drama, Dardeno. Não der atenção. — Sugeriu Leroy.

— É só que dessa vez ele parecia mais convincente do das outras vezes. — Disse Alain o arqueiro. — Ele realmente está ficando bom nisso.

— E o que nós fazemos com o dinheiro que ele adiantou? — Perguntou Dardeno.

— Foda-se, — ignorou Alain — ele está nos devendo uma fortuna. Não se sinta culpado por isso Dardeno.

— Que tal irmos até a mansão? Estou com saudade da minha Nicole — Disse Leroy.

— É uma boa ideia, parece que eu não transo por longas duas horas. — Disse o ex-padre.

Os três riram juntamente com os mercenários que os acompanhava.

Idílica MisantropiaKde žijí příběhy. Začni objevovat