A Rainha das Rosas

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— Ei, moço. Acorde — Disse a prostituta a Ronan, que gemeu e abriu lentamente os olhos.

— Onde eu estou? — Questionou-se ao deparar com a moça bem vestida e exageradamente perfumada. — Onde está Desirée?

— Quem? — Devolveu a pergunta a prostituta. — Você precisa se levantar, preparamos uma cama para você. — Explicou.

Ronan se levantou com dificuldade, embriagado pela pneumonia. Ao sair da carroça, uma das mulheres em volta conduziram o cavalo para um dos estábulos.

— Quem é você? — Questionou ele.

— Eu sou Adeline. — Respondeu-o ajudando-o a caminhar. Ambos estavam entrando na enorme residência bem ornamentada.

— Muito obrigado, Adeline. Onde é que estamos? — Perguntou o soldado.

— Estamos em Maison de roses coupées. Uma casa de banho. — Respondeu ela. Adentrando a porta de trás da mansão, que levava a uma enorme escadaria. Ambos começaram a subir.

— Eu nunca ouvi falar desse lugar. Por acaso vocês encontraram uma mulher com uma máscara de metal nos olhos que... — Dizia até ser interrompido pelo que acabara de ver. Uma mulher completamente nua passava por ali de mãos dadas com um homem que provavelmente pertencia a nobreza. Ambos adentraram uma porta lateral.

A prostituta abriu a porta a sua frente e atravessou junto com Ronan pelo grande salão vermelho. Um cheiro misto de perfume e resíduos humanos diversos invadiu o seu nariz, mas Ronan não se importou com isso, pois nunca havia tantas mulheres juntas de uma só vez, algumas muito bem vestidas outras completamente nuas, cada uma mais perfeita que a outra.

— Isso aqui parece um paraíso — Disse ele. — Eu não estou entendendo. O que está acontecendo aqui?

— A moça cega disse que você estava doente, disse que você era o seu escravo, então a madame pediu que levássemos você para um dos quartos. — Confessou. Ao terminar, os dois chegaram num dos corredores — você não parece melhor — disse ela abrindo uma das portas do mesmo. Ao abrir se depararam com um casal gritando e gemendo como loucos enquanto transavam.

— Natalie Está no quarto errado. — Alertou Adeline mas sem obter respostas. Ronan estalou os olhos.

— Natalie !!! — Adeline Retirou uma adaga debaixo do seu vestido e fincou-a na porta gritando. — Esse é quarto para Hospedes!! Fora!! — Ambos saíram completamente aborrecido do quarto.

— Você escravo deite aí — Avisou ela retirando a adaga da porta com dificuldade devido a força do golpe e ao fio completamente afiado.

— Esta molhada, — Disse ele. — Não tem como trocar o forro? — Perguntou Ronan levemente enojado.

— Não reclame, — Disse a prostituta. — Eu já volto. Não tente fugir — Ao sair trancou a porta com trincos de metal.

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— Onde estão indo as senhoritas sem passar por mim? — Disse um Homem ao chegarem numa pequena antessala vermelha. Junto com eclipse estavam Isabelle e as filhas.

O Cavalheiro se aproximou de Eclipse, afastou as prostitutas delicadamente, segurou uma de suas mãos e ergueu-a para o alto enquanto conduzia o seu corpo a girar, para olha-la para as suas nádegas no momento oportuno. Depois então Beijou a sua mão. O movimento foi tão natural e fluido que Desirée seguiu-o instintivamente.

— Pelos deuses antigos! Quem é essa beldade, Isabelle? — Perguntou ele.

— Este Remy du Rosaire, Eclipse e esta é.... — Dizia Isabelle

— Eclipse? — Disse Remy interrompendo-a — Eu prefiro 'Dame du belles jambes' disse ele. As filhas de Isabelle, riram baixinho.

— Como? — Perguntou Desirée — Não compreendendo bem aonde ele queria chegar.

Isabelle temendo que a convidada pudesse se irritar avisou: — Não Remy, você está enganado. — Disse Isabelle segurando o braço do homem — Ela está aqui para ver a Madame, insistiu.

Remy se desvencilhou suavemente de Isabelle dizendo: — Você sabe bem que ninguém vê a madame sem passar por mim antes, Isabelle. — Avisou ele avaliando o seio desnudos da convidada pela lateral. — Certo, meninas podem tirar a roupa dela. Eu preciso vê-la por completo — Concluiu.

As jovens, tocaram o ombro de Desirée puxando suavemente as suas roupas rasgadas, quando foram interrompidas por Isabelle.

— Não, Não e Não! Remy, ela não veio se prostituir — Avisou Isabelle.

— Tem certeza? — Perguntou Remy — Pois, não queria dizer não, mas ela é perfeita.

— Não Remy! — Empurrou o homem do caminho e abriu a porta a sua frente. — Agora Saia. Terminou puxando Desirée para fora dali.

Eclipse não podia ver detalhes do seu rosto apenas sentir a sua forma através das vibrações do som. Entretanto Remy era um homem muito belo. Ele era um pouco mais alto que ela, possuía cabelos cor de cobre amarrados numa trança para trás com franjas rebeldes escapando em frente aos seus olhos. Estes por sua vez eram semicerrados e negros como a noite, ele possuía tambem um cavanhaque bem fino sob o seu rosto delicado. Ao vê-la saindo, ele rapidamente deixou uma rosa vermelha com um único espinho na mão da convidada cega, que depois de cheirar, sorriu.

— Me desculpe Eclipse. — Disse Isabelle fechando a porta — Remy é legal mas vezes é insuportavelmente insistente.

— Ele me parece sincero — Disse Desirée.

— Não caia nessa. — Avisou Isabelle.

Na sala de estar que estava oculta estava dois homens bem armados e bem vestidos e uma senhora sentada numa espécie de trono usando vestimentas nobre.

— Com licença Madame, Esta é Eclipse. — Disse Isabelle a pessoa. Diferente dos demais locais, o cheiro ali era definitivamente agradável.

A Madame a qual Isabelle se referia era já uma senhora de idade, que se não fosse prostituta provavelmente era nobre.

— Senhorita Eclipse, Esta é.... — Disse Isabelle até ser interrompida.

— Eu a conheço. — Disse Agnes Sorel através de Eclipse como se fosse a própria. — Ela é Marrie Bécu de Cantigny.

— Como você me conhece, criança? — Perguntou a Velha prostituta a sua frente.

— Me desculpe — Disse Eclipse — Eu soube através de Minha mãe a muito tempo atrás. Você foi uma das amantes secretas de Charles VII não é mesmo? — Perguntou Eclipse.

— Sim, criança. Mas me diga, quem é a sua mãe? — Perguntou a Senhora.

— Agnés Sorel — Disse Eclipse a senhora, que quase teve um infarto no seu frágil coração.

— Como isso é possível? — Perguntou Marrie. — Eu conheço todos os filhos de Agnes. Eu não me lembro de você. — Levou uma das mãos a boca, chocada. — Como sabe quem eu sou sem sequer ter me visto?

— Eu nasci logo após a sua morte, Madame. — Confessou a bruxa. — Quanto as minhas capacidades, são segredos antigos ha muito tempo perdidos, minha senhora.

— Quer dizer que Agnes estava gravida antes de morrer? — Questionou-se a mulher ao se deparar com tamanha surpresa. — Isso é algo realmente muito impressionante, mas o que você está fazendo aqui nesta 'casa de banho' Senhorita Sorel.

— Ela quer saber sobre o livro das prostitutas, Madame — Disse Isabelle a senhora.

— Livro das prostitutas? — Perguntou Desirée.

Remy Adentrou o local em seguida para acompanhar a pequena reunião.

— Ahh sim... aquele maldito livro. O 'Igne Luxuriae' — Disse a senhora — O livro feito do couro de prostitutas. Diz-se que as suas palavras foram escritas com o sangue e vísceras de virgens férteis e o seu papiro de sêmen de animais, com um olho na capa. Porque quer saber sobre essa nojeira minha jovem?

Todos olharam para Desirée, curiosos.

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24/02/2019

Idílica MisantropiaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora