Rastro de Morte

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Após caminhar por horas, Remy encontrou mais um corpo, e depois mais dois e depois mais três e mais quatro e mais oito e eles não paravam de crescer em números enquanto ele se aproximava de uma pequena cidade a oeste.

— Isso está ficando mais horrível do que eu imaginava — Disse Remy chocado com o que estava vendo. — Se for você que está fazendo isso, Eclipse. Eu vou ter que para-la de uma forma ou de outra da maneira que for necessária. — Disse lamentando-se. — Nem mesmo meu pai seria capaz de algo tão terrível.

O Cavalo Relinchou em resposta

— É um absurdo você dizer algo desse tipo, Gale. Aquelas pessoas mereciam — Concluiu Remy.

Na entrada da pequena havia tantos corpos que nem mesmo era possível andar sem pisar neles. Estava completamente escura e as casas pegavam fogo como se um exército tivesse passado por ali. Remy estremeceu.

Mulheres e homens, provavelmente todos muito religiosos. Bocas distorcidas de dor e agonia de terem as suas almas extraídas para fora.

— Isso é terrível, Gale. — Comenta Remy. — Ao ver esses corpos lembrei das histórias de meu pai sobre o seu antigo reino. Ele dizia que só existem duas sensações possíveis ao ter a própria alma removida do seu corpo. — Desceu do cavalo e começou a puxa-lo — A de ter o seu corpo derretendo lentamente em caldeirão de agua fervente sentindo todo o corpo se desfazendo aos poucos, ou de um orgasmo tão intenso capaz de fazer com que a vítima se torne una com o seu próprio sexo num gozo tão terrível quanto o brilho do Sol. — Encarou um dos cadáveres com expressão de horror e pavor. — Pelo bem dessas pessoas eu torço seriamente para que Desirée seja um súcubo. — Disse Remy.

— Não me diga que se importa com essas pessoas seu hipócrita. — Disse uma voz amigável na entrada da cidade.

— Dardeno! Leroy, Alain! Vocês vieram.... — Disse o cafetão.

— Por acaso você não se lembra de que nós o encontramos numa condição semelhante a essa, seu idiota? — Disse Alain a Remy. — Eles tiveram dificuldades de adentrar a pequena cidade mas rapidamente chegaram até o seu amigo.

— Não exagere, Dardeno. Não eram tantos corpos assim quando nós conhecemos Remy. — Disse Leroy. Essa mulher que procura é realmente muito terrível. — Concluiu.

— Certamente, Leroy. — Respondeu Dardeno — Entretanto isso tudo não deixa de ser ironicamente nostálgico. — Disse o ex-padre.

— Nostálgico? Você é mesmo doente, Dardeno. — Disse Alain o arqueiro a respeito do comentário do seu companheiro mercenário.

— Mas o que vocês estão fazendo aqui? Pensei que não tivessem acreditado em mim. — Disse Remy.

— Nós não acreditamos — Revelou Leroy — O caso é que decidimos ir a mansão e Nicole nos contou toda a verdade sobre a criança e a mulher que está procurando. Nicole nunca mente. — Afinou levemente a voz o cavaleiro enquanto se referia a jovem prostituta. Alain deu uma cusparada no chão.

— Cara isso é nojento, pare. — Disse Dardeno ao arqueiro.

— Bom, amigos é realmente muito bom ver que vocês todos vieram ajudar onde estão os demais? — Perguntou Remy.

— Nós os deixamos lá, achamos melhor que ficassem fora disso quando decidimos ajuda-lo. Você já está nos devendo demais, seria um problema se tudo isso for apenas mais um dos seus truques. Nós confiamos em Nicole, não em você. — Disse Alain.

— Hora essa... — Disse Remy Indignado — Vocês me veem com péssimos olhos.

Ao dizer isso um urro gutural como o de um dragão fora ouvido ao longe em direção a lua sangrenta que pintava os céus de vermelho, o som veio seguido de uma luz terrivelmente brilhante que iluminara os céus atrás da catedral.

— Mas que maldição é essa!? — Perguntou Dardeno enquanto eles quatro se escondiam atrás dos escombros de uma casa chamuscada, Você nos meteu no Apocalipse Remy!?

— Não sei mas espero que tenham trazido os espelhos — Disse Remy.

— Nós trouxemos, mas temo que eles não sejam o suficiente — Disse Leroy. — Como enfrentar essa criatura? — Perguntou. — Por sorte deu tempo de me despedir da bela Nicole. Tocou a rosa que carregava no cinto da sua enorme armadura.

— Nós precisamos ir até lá, amigos. Melhor deixarmos os cavalos por aqui e irmos a pé. Com essa quantidade de corpos seria um problema cavalgar por aqui.

Eles então caminharam por mais alguns minutos enquanto ouviram o som de uma porta cair e um vulto a se esconder numa enorme casa.

— Veja parece que eu vi uma criança ali — Disse Alaim — Talvez ela saiba de alguma coisa.

Ao se aproximar da casa, se deparou com um monte de crianças encardidas pelas cinzas das chamas que cobriam a cidade. Havia dezenas delas.

— Veja o que temos aqui, Pessoal — Disse ele.

Os demais se aproximaram do local e se surpreenderam com o que viram também.

— O que vocês estão fazendo aqui? — Perguntou Dardeno.

A criança começou a chorar — A mulher, ela matou todo mundo! Ela tinha chifres e sua pele era negra e um rio de magma parecia correr por dentro de suas veias iluminando a sua pele rígida. Ela matou todas as pessoas da cidade. — Disse o menino.

— E o que ela disse a vocês? — Questionou Dardeno.

— Ela nos disse que entregaria a sua vida de bom grado para todos quando nos ver novamente pelo o que havia feito com os nossos pais e disse que nós éramos inocentes e não tínhamos culpa pelo que fizeram a ela. — Concluiu a criança.

— Nós vamos ter que matá-la, Remy. Eu sinto muito — Disse o arqueiro.

— Temos que ir rápido, amigos — Disse Leroy. — Ao que parece os seus gritos estão se distanciando a cada segundo que perdemos aqui,

— Sim, Vamos. — Disse Remy.

Idílica MisantropiaOnde histórias criam vida. Descubra agora