ouves-me, deus sol?

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quero que me busque dessa mesa escura e insípida. quero que venha, em seu dourado, com suas mãos de dedos longos e musicais, quero que venha cheirando a jacintos e ao sol, quero que venha brilhando como o astro rei. quero que venha, dourado e jovem, ébrio com beleza. esse desejo que queima de dentro para fora, escorregando da ponta dos meus dedos, quero que o sacie. quero que me leve desse mundo enfadonho, quero que me arranque dessa realidade monótona e me coloque em seu mundo de luz extravagante; o mundo mágico do futuro; a realidade brilhante da arte; a vida celestial do sol; o universo inconsequente da juventude.

quero que me apanhe com braços quentes em um abraço-portal e me leve para teu mundo de música, profecia, palavras e pinceladas. essa orquestra de harmonia, equilíbrio, perfeição e sol. tome esse cinzento canto particular e pinte-o com suas promessas apolíneas. quero que me alcance, imergindo de tinta secando, e me leve, como Zéfiro levou psiquê, para o palácio de um deus.

chá e rendaWhere stories live. Discover now