Caça À Beleza

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Eu adentro uma caverna escondida
Atrás de uma cachoeira borbulhante
Perseguindo a pegada sangrenta e
Descuidada de um coração flutuante

É infantil, e eu sei, perseguir maravilhas
Assim, como se eu nunca tivesse respirado
Na presença da beleza antes, como se
O mundo fosse todo verde e tenro,

Como se a carne da realidade fosse áurea
E macia, adocicada com mel e geleia
Servida entre inflorescências delicadas
E provada entre goles de denso icor

Nem sempre será primavera na floresta,
Nem sempre o rio estará seguro, e nem
Sempre o que é belo é bom, nem sempre
Você estará segura nas mãos do mundo

Mas o mundo é repleto de maravilhas,
Mesmo se nem sempre maravilhoso
E eu estou esfomeada; reduzida a uma
Criatura que deseja, e o faz incandescente

E eu sou infantil, e tola, e inconsequente
Em meu amor, guiada pelas diáfanas mãos
Do instinto e surda aos conselho da Razão,
Cintilando com essa estupidez dourada

Arranquei meus olhos certa noite,
Cansada de uma enxaqueca insistente
Que coloria o cenário em tons de escarlate
E me tirava o paladar, emudecia o mundo,

Os lavei em uma corrente de luz estelar
Cuja nascente começava nas Plêiades
E quando os coloquei de volta em suas
Cavidades, notei que haviam corado pérola

E agora eu encaro as terras selvagens e seu
Brilho febril, sua severidade e irreverência
A mim parece sim que a primavera é eterna
E que nenhuma de suas maravilhas poderia

Jamais me ferir.
E se elas um dia o fizerem; se esse coração
Quiser tomar o meu, eu rirei, e perdoarei,
E continuarei a caçada.

chá e rendaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant