ao meu lado

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não tema. não ao meu lado, nunca ao meu lado. não sob minha luz e não entre meus braços, não no embalo de meus perfumes e não entre meus cachos. aqui tal coisa não existe. deixe seus temores, esses monstros que pairam, essas sombras que se espalham, os deixe escondidos em outro canto, os largue antes de abrir a porta.

não se preocupe. não ao meu lado, nunca ao meu lado. não aqui onde o Tempo, esse infame saqueador violento é derrotado. não aqui onde o mundo para e é silenciado, onde fala quieto e suave em suspiros cantados como canções de ninar. chore, chore ao meu lado, deixe o pudor em outros abraços e aqui chore, chore em meu ombro, na curva macia do meu pescoço, nos tecidos que cobrem meu colo. não tenha vergonha de lágrimas cintilantes ao meu lado, e permita-se ser tão patético e triste e dramático quanto seu coração pedir. não exija de si mesmo o que não pode dar, não ao meu lado, porque ao meu lado o mundo entende que você é humano e que seu coração é um infinito lago, sem fundo e sem limites, denso e multi-colorido, vivo com vida, brilhante sob luz e violento sob tempestade.

se mergulhas em meu mundo não julgue seus passos, porque ao meu lado tudo é graça e tudo é classe, e tal coisa como gravidade não existe. ao meu lado tudo é balé, toda queda é performance e todo tropeço é arte. ao meu lado a vida se dissolve em algo inexplicável e maleável como sonhos, brilhante como estrelas, translúcido como água corrente, um rio brando de margens delicadas que se move e move sem temer, sem pudor, sem vergonha ou ansiedade, porque o rio se curva, fácil a minha vontade, e se move melífluo e tranquilo. não tema. não ao meu lado, nunca ao meu lado, onde a vida é simples e esse amor suave me transborda o peito e pinga, pinga açucarado.

chá e rendaDove le storie prendono vita. Scoprilo ora