chá e renda

ECLIPSE LUNAR PENUMBRAL

AMO UMA MENINA QUE É MEIO-MENINA, AZULÃO EM SEUS SONHOS DE BESTA FERINA; MEIO-VIVA, SOBREVIVENDO DE SEGUNDAS, TERCEIRAS VIDAS, EM TEMPO EMPRESTADO, RECÉM-DOMINADO, TEMPO CONQUISTADO, PARTIDAS DE XADREZ ESOTÉRICAS JOGADAS EM MILENARES TABULEIROS DE PEDRA, PERDIDAS ENTRE A PELE FLÁCIDA DO TEMPO SELVAGEM AS DOBRAS NEBULOSAS E OBSCURAS DESSA CRIATURA MEIO-DOMESTICADA CHAMADA TEMPO, AS FLORESTAS BRUMOSAS E ALMISCARADAS DO TEMPO A PROMESSA VIOLÁCEA DE TEMPESTADES XEQUE-MATE XEQUE-MATE XEQUE-MATE TERNO EM SEUS LÁBIOS COMO BATOM VERMELHO COMO UMA MULHER MORTA REPETINDO SUAS ÚLTIMAS PALAVRAS EM UM CICLO VICIOSO AGARRANDO-SE INSANA AO PÁLIDO E INCHADO CADÁVER DA VIDA INCAPAZ DE ACEITAR A DERROTA DA VIDA XEQUE-MATE XEQUE-MATE XEQUE-MATE ESCONDIDO NA BELEZA DE SEUS LÁBIOS COMO UMA SERPENTE VENENOSA ESPERANDO SEU TEMPO MULHER MORTA ENCANTADORA MULHER MORTA COBERTA EM MUSGO COBERTA EM LÍQUENS PAGANDO DE VOLTA SUA DÍVIDA COM A TERRA COM JUROS DERROTADA PORQUE NÃO PODE MAIS CORRER E A VIDA COSTUMAVA SER INTEIRAMENTE SOBRE A CORRIDA SOBRE CORRER DAS GARRAS DO TEMPO CORRER NA DIREÇÃO DO ABRAÇO CÁLIDO DO TEMPO PRECISANDO DE MAIS TEMPO INVADINDO AS RUÍNAS SAGRADAS DO TEMPO COMO UM LADRÃO MISERÁVEL QUE DESCONHECE O VALOR DE SEU SAQUE UM PÉ ESQUELÉTICO CRESCENDO COMO A LUA DES ONDAS ENTALHADAS EM BRUMA PÚRPURA E OUTRO BANHADO EM LUAR ADVINDO DA MAIS LONGÍNQUA NASCENTE DAS PLÊIADES SE ESCONDENDO PROFUNDO NA NA PRETA, PRETA TERRA; Ó SENHORA DO MAR, SENHORA DO MAR, SENHORA DO MAR QUEIMANDO SAL NAS FERIDAS DO MUNDO E LIMPANDO COM BEIJOS SEU SANGUE SECO MEU AMOR MEU AMOR ENQUANTO ESTOU NESSE CORPO EU QUERO QUE VOCÊ O QUEIRA, NÃO A FEBRE BRANCA FLAMEJANTE QUE PINGA EM GOTAS GORDA DA PÉTALA LIRIAL QU'É MINHA LÍNGUA MAS A FORMA DE MENINA QUE A ABRIGA EM SUAS BRANDAS, VOLÁTEIS CURVAS.