a menina afogada

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penso que não é um momento de morte, mas um momento de paz. em minha mente de menina adolescente — esta tenra e gigantesca coisa que eles gostam de chamar de tola e fútil — reverto toda a idealização que o olhar masculino deitou sobre Ela. eles pintam sua morte em cores vibrantes, com longos cabelos cobertos de flores e uma perfeita, pálida feição se elevando acima da água. como, então, ela se afoga? não, penso que entre as tolices dos homens, elas se deita nos vaus e deixa água fria amar seu corpo, e se deixa amar a natureza, pois os frios corredores de palácios não lhe amam. penso que ela se levanta e, pés descalços, despe todo o fabulado amor que veste. seus lábios nunca mais suspirarão o nome dele, não agora que ela se transforma em ninfa e salta por entre árvores. hamlet, Ela não está morta; você simplesmente não consegue imaginá-la deixando de lhe amar em vida. ser ou não ser, eis a questão. ela escolheu ser.

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