O Diabo XV

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I.

Caminho — não corro — vestida em branco. Que cor mais pacífica e intensa... água parada e em sua calma tão agitada. Esse leito tão verde e escuro, é aqui que morro. Ou pelo menos aqui que encontro a morte, trazendo o sol, vestindo a flora. Ela chega com trigo no véu, montando um garanhão branco. A lua ri.

II.

Te amo. És o corpo da manhã. Vestes púrpura e negro. Me ama com o amor de cadáveres — meu, sempre meu, sempre argila sob minhas mãos, sempre a terra sobre lágrimas. Te amo. Deito lama em teu peito. É meu. Com quem falo? Não sei. Porque me suspiras? Em que parte do lago vives que não lhe desvendo? Ele mora em minha casa mas não o vejo. Vive em meu ombro. Na minha cama. Abre as janelas de madrugada. Suspira junto a brisa. Finjo que não escuto e permaneço sob os cobertores.

III.

Te amo. Vestes azul e branco. Parece estranhamente comigo. Tens cabelos longos. A luz passa por entre seus cílios albinos como água ensolarada. A aurora é pálida quando sigo para o caminho direito. Como romãs para o café da manhã.

IV.

Te temo. Às vezes temo minhas próprias costas. Me assombra como o fantasma de alguém que matei — eterno. Julgando. Feito um pacto de uma vida passada. Me assombra a totalidade e eternidade. Isso é uma floresta.

V.

Te amo. Vestes branco. Carregas infinitos por baixo das unhas. Mora fora do lago. Dentro do lago. És outro e igual. Meu amor. Minha morte. Te amo. Despe-se de meu corpo. Se torna vapor. Corpo d'água. Corpo dos corpos. Te amo. Te amo. Te amo. Te amo.

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