alegoria da paz

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Desmontei-me sobre a terra
Temperada por sangue
Apenas quando ouvi d'um
Cavaleiro dourado, em negro
Cavalo montado, o melodioso brado
Feito a vinda da rósea Aurora

Deliquou-se a miragem árdua
Das armas do apocalipse,
A bruma antiga da batalha
Como carmim sol em eclipse,
E materializou-se no ar
Meu delírio feérico e solar
Coroado em áureos louros

Não foi foice ou tempestade
O Tânatos do ferro de Ares
Mas sim uma doçura antiga,
Um pegajoso mel mais velho
Do que a espuma dos mares,
E este colheu com estrelas
A semente da redenção

Divino Bardo,
Vens e cantes, por lira auxiliado
Do amor netuniano,
E da delicada Afrodite Urania,

Ó amante trágico,
Faz crescer de inocente sangue
Os jacintos brilhantes
Como fizestes nos mitos

Abri mão de minh'armas
Ao som da tua voz
E devo morrer em paz
Sob teu tenro testemunho

chá e rendaWhere stories live. Discover now