Epílogo

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  O INCAPAZ

   A minha vida não nunca foi do meu agrado, mesmo porquê não sei o sentindo da mesma. Ainda que um certo período dela frequentando uma Igreja, aprendendo de Deus, existia um lado; apenas um lado que eu queria que fosse diferente.

  Sou um daqueles filhos que nunca deu orgulho ao seu pai. Desde pequeno toda a atenção e elogio eram direcionados ao meu irmão Jônatas. Jonny nunca usou isso contra mim, mas eu criava uma barreira entre nós para que ambos não saíssem machucados.
  Só me lembro de ter dado gosto a ele quando ganhava as gincanas bíblicas da Igreja. Aquilo inflava seu ego devido aos elogios dos irmãos. Quem disse que o mesmo me parabenizava?

  Cresci sendo apoiado por Jonny e minha mãe. Por mais que eu os machucasse com palavras, não queria que sentissem pena de mim.
  Curso uma profissão que é de contra vontade do homem que, infelizmente, me gerou. Ele queria que eu seguisse a tradição da família: POLICIAL. Nunca que me dedicaria a uma tradição!

  Jônatas escolheu por admiração, mas eu achava ridículo essa ideia. Por isso aproveitei que ele não se importava muito comigo e me inscrevi em outro curso. Quando soube, quase infartou.

   Mas uma coisa é admirável: meu pai nunca deixou faltar nada em nossa família, sempre responsável por nossa educação, zeloso com tudo, temente ao Senhor, mas aquele defeito insuportável estava lá! Então, do que adianta tantas qualidades sendo que não ama seu próprio filho? Nossas brigas infinitas acabam matando minha mãe por dentro, mas não posso fazer nada se é o esposo dela que ao mesmo tempo que pede perdão, reclama se eu tocar no assunto do meu curso.

  Cresci revoltado, porque a pior coisa é morar com seus pais e viver como se não os tivessem! Jonny fazia o papel dos dois, já que pedia para que minha mãe não se aproximasse de mim.

  Desequilíbrio, incapacidade e inutilidade. É como me sinto. Palavras fortes para um homem como eu. E quem mais sofre com isso é a minha noiva, Natálie. Nem sei se ainda posso a chamá-la de noiva. Não tenho certeza do casamento. Como? INCAPAZ desse jeito.

— Filho, trouxe seu lanche predileto. — Minha mãe entrega-me um prato repleto com meu salgado predileto.

  Ela tentava me animar a qualquer custo, mas tornei-me frio. 

— Obrigada. — A olhei e depois voltei a encarar a paisagem pela janela.

— Quando terminar de comer, eu e seu pai te levaremos para sair. — Se retirou, sem me deixar chances de protestar.  Minha vontade é de gritar para que todos entendam que odeio ele e o que o mesmo tanto sonhava se cumpriu. 

  Passado alguns minutos, mamãe empurra-me até a saída. Tivemos que se mudar depois do incidente, pois Filip's é a única cidade próxima onde existe a melhor clínica de reabilitação.  
  Eu só via Natálie aos finais de semana. Quando podíamos. Quando não, nos falávamos por chamada de vídeo. Era a única que me dava esperança de alguma coisa, por mais que nosso relacionamento sobreviva debaixo de brigas devido minha implicância. 

— Pronto. — Murmura meu pai após conseguir vencer o obstáculo da calçada. Eu odiava depender deles, odiava esse objeto andante, odiava a vida. 

  Vejo que estamos indo em direção ao parque central. De longe, avistei minha cunhada, Jonny, minhas sobrinhas e o namorado de Maressa.

— Titio! — Eloá corre em minha direção. Aquela menina tem alguma coisa dentro dela que consegue animar qualquer coração independente do quão machucado esteja. — O senhor está cada dia mais lindo. Parece um príncipe.

— Acredito em você. — Sorri. Era raro eu sorrir. — Minha noiva diz o mesmo todos os dias e acredito apenas em vocês duas. — Fiz questão de enfatizar o "apenas" justamente para afetá-los.

  Todos sorriem ao me ver, mas eu me sinto totalmente vulnerável aos olhares, porque sei que são de pena.

— Irmão! — Jonny levantou-se para me cumprimentar. — Tudo bem? — Deixou um beijo em minha testa.

— Sabe a resposta. Não tem como estar bem, vivendo sentado em uma cadeira idiota. — Reclamei.

— Deveria agradecer por Deus ter poupado sua vida. Seja grato, meu filho. — Ele toca em meu ombro. Sinto nojo.

— Eu preferia estar morto do que lhe dar o prazer de viver INCAPAZ como sempre pensou de mim. Se hoje me encontro dessa forma é porque o senhor profetizou. — Desdenhei.

— Pai... — Jônatas faz um sinal com a mão para que o indivíduo atrás de mim não diga nada. — Irmão, vamos aproveitar esse momento sem discussões? Estou aqui, hm? Te amo.

— Tudo bem. — Murmurei.

  Ele, juntamente com meu pai me carregam, colocando-me sobre a toalha quadriculada.

— Oi, meu bem. — Maressa deposita um beijo no meu rosto. — Está a cada dia mais bonito. — Sorri sincera.

— Eu sei, eu sei... Não precisa ficar lembrando dessa parte. — Brinquei, arranco risos de minha cunhada.

— Ainda bem que não perdeu o senso do ridículo. — Ruama faz uma careta para mim.

— Diga que sou o cunhado que a senhorita mais ama. 

— Só existe você mesmo. — Ela rolou os olhos sorrindo.

— Ainda bem. Já pensou se existisse mais um policial na família? Que chatice. — Falei com sarcasmo. Eu até tentava controlar, mas era impossível. A presença de meu pai me deixava assim. Impulsivo.

  Depois que meu pai sentou, começaram a mudar de assunto e as gargalhadas ficavam cada vez mais altas. Meus olhos focaram em meu anel de noivado. Era o meu sonho e o dela antes da minha vida virar o completo caos. Será que ainda me ama como antes? E ainda que todos a minha volta digam que Natálie é completamente apaixonada por mim, nem sei mais o que é SENTIR. Não sinto minhas pernas e tampouco a mim mesmo.


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"Agora você sente tristeza, porém os verei outra vez, e então todos se alegrarão e ninguém poderá roubar essa alegria de vocês."
🌟 João 16:22 🌟

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O INCAPAZ - História de Joabe e NatalieWhere stories live. Discover now