8. Tentativa ♿

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  Preparem-se para chorar 😥. Sorry, mas é necessário. Amo vocês 😍

  Cheguei em casa pensativo. Eu preciso me dedicar cem por cento a Natalie. Preciso correr atrás de mudanças, porque não suporto mais vê-la sofrer por mim. Já levei tempo demais em minha zona de conforto. Limitando meus sonhos por causa da minha deficiência.

— Suas sobrinhas estão no escritório. Elas disseram que precisam falar com você. — meu pai avisa.

Concordei, arrastando minha cadeira até o local.
— Minhas flores! — adentrei.

— Oi tio! — ela senta em meu colo. — Viemos aqui tratar de negócios.

— Isso mesmo! — Maressa se conforta na cadeira acolchoada de meu pai. — Negócios bem sérios! — cruza os braços em cima da mesa.

— Hum... Digam. — disse, divertido. — O que essas damas querem de mim?

— Viemos da parte de alguém que lhe ama muito e tem o prazer de salvar sua vida. — Eloá diz, alisando meu rosto. — Eles nos trouxe aqui para avisar que deseja ter um encontro particular contigo e lhe dizer quais são os planos do Seu coração. Lembra quando eu falei sobre Rabi? Que Ele lhe presentearia?

— Sim, mas desconheço esse cara. — crispei os olhos.

— Não, você o conhece, mas nunca prestou atenção nele, pois sempre esteve ocupado com as suas teorias.

— E... Como faço para encontrá-lo?

Elas se entreolham e Maressa faz um sim com a cabeça para Eloá.

— É simples. Quando ouvires a Sua voz, não endureça o seu coração.

  Eu não estava entendendo nada, mas concordei. Não tinha paciência com parábolas e não quero descontar minha irritação nas minhas sobrinhas.

— Rabi... Por que esse nome?

— Significa "Mestre". — responde, Maressa. — Não é um bicho de sete cabeças, tio. Também preciso te falar sobre a zona de conforto. Sabe, é maravilhoso estar sentado, sem se preocupar com as coisas a nossa volta, com as pessoas que se preocupam, verdadeiramente, conosco, mas não acontece nada lá. Você não desfruta de nada, você não aproveita nada, você não conhece nada! É aquela coisa monótona não poder alcançar seus objetivos. Observamos as pessoas ultrapassarem nossa frente e permanecemos ali, em um lugar que, aparentemente, é gostoso ficar, porém nos impossibilita de chegar até os prêmios que estão reservados. A sua deficiência não é a sua limitação, tio. Você precisa sair da zona de conforto e realizar o que está em seu coração. Não deixe que os pensamentos negativos façam com que você se prenda aquilo que lhe impede de andar. É importante ressaltar que a sua deficiência não é eterna. Basta você querer!

  Eu não tinha estrutura para lidar um conselho de pessoas tão jovens. Me sentia uma bosta.

— É isso mesmo. — Eloá continua. — Jesus perguntou aquele cego "O que queres que eu te faça?" E ele respondeu "Eu quero ver". E assim Jesus fez, mas foi pela fé, porque aquele cego acreditou que somente naquele HOMEM encontraria a cura. Assim como aquela mulher do fluxo de sangue que procurou vários médicos, gastou toda sua fortuna para resolver aquele problema, mas no dia em que ela tocou somente na bainha do vestido de Jesus, foi curada. Por que? Porque ela sabia que Nele encontraria a cura. Então, faça o mesmo.

  Depois daquele episódio, elas se retiraram e eu me tranquei no quarto. Estava sentado na cama, observando o ambiente. A tristeza tomou conta de mim, me fazendo sentir-se inferior a qualquer coisa.

Parecia que aquela crise se aproximava. Me esforcei para voltar a cadeira. Destranquei a porta e fui para o jardim. Respirei fundo e fui soltando o ar pela boca, lentamente.

— Joabe? — chama-me após ascender a luz do quintal.

— Eu... Pode me levar até a ponte que liga Filip's as Montanhas de Moriá? 

Não sei como pensei neste local, mas eu precisava fazer aquilo.

— É... Sim. O que vai fazer lá? São quase onze da noite. — pergunta, aflito.

— Muitas coisas que se referem a mim não interessa a você. Nunca se importou para onde eu iria ou com quem, então só me leva lá que você vai ver. Vou colocar uma blusa de frio. — falei, adentrando e seguindo para o quarto. Abri o guarda-roupa e puxei a blusa, colocando em seguida. Peguei um caderno velho e escrevi umas coisas que estavam em meu coração. Prendi as lágrimas presas dentro da garganta. Eu precisava fazer aquilo.

Minutos depois, minha mãe estranhou nossa saída, mas tenho certeza que pensou que iríamos a um um passeio e finalmente fazer as pazes.

Chegando no lugar desejado. Olhei para ponte a minha frente. Suspirei.

— Não saia do carro em hipótese alguma. Preciso ficar sozinho. Estou... Tendo uma crise. — engoli o seco e ele assentiu, receoso.

  Me ajudou com a cadeira e depois entrou no veículo, novamente. Empurrando as rodas da cadeira, me aproximei do lugar paradisíaco até no escuro. O brilho da lua refletia na correnteza das águas, abaixo de mim.

“Se estivesse escolhido seguir a tradição da sua família, não estaria dessa forma, garanto.”

“Volte aqui seu moleque!”

“Poupe-me de suas queixas, Joabe! Estou cansado desse negócio de capacidade, de incapacidade ou sei lá mais o quê! Chegou a hora de você crescer mentalmente. Para de ficar se vitimizando com esse discurso idiota!”

As lágrimas que vieram comigo brotaram em meus olhos. Reprimi um soluço com meu antebraço. Aproximo ainda mais a cadeira da beirada da ponte e escuto passos apressados até a mim, por um descuido a cadeira escorregou...

— JOABE, NÃO!

Fecho os olhos, mas sinto meu corpo ser puxado brutalmente, enquanto a cadeira se espatifa contra a água.

— VOCÊ ESTÁ LOUCO, FILHO?  — grita com a voz embargada..

— SOLTE-ME! Nunca lhe dei orgulho, nunca fui como sempre quis, não posso continuar vivendo! — gritei ainda de olhos fechados, enquanto o mesmo me segurava pelo braço. — EU QUERO MORRER!

Por fim, ele consegue me trazer de volta a ponte, me abraçando em seguida.

— Oh, filho... — soluça. — Não... Não faz isso com seu pai. — geme e eu também.

— Eu... Eu... Quero mo-morrer.

— Não, filho. Se você fizer isso, vai me matar por dentro. Não... Não posso perder você. Eu te amo, Joabe. Te amo tanto meu filho. 

  Fiquei tão emocionado em ouvir aquilo que não consegui falar mais nada. Só se ouvia o barulho dos nossos soluços.

— Ah, Senhor... — murmura, entre seus soluços. — Obrigado pelo livramento. Por não tirar meu filho de mim. Eu não suportaria lhe perder, filho. — desfaz o abraço,  segurando meu rosto. — O que deu em você para fazer isso comigo? Não pensou em sua  família e sua noiva? Ficou maluco?! — limpa minhas lágrimas.

— Eu... Só queria matar o que estava me matando. — respondi com dificuldade.

— Eu te amo, Joabe. Eu amo você, meu filho. Amo tanto!

— Também te amo, pai.

  Ainda que aquele momento fosse muito esperado por mim, meu corpo parecia cansado.

— Agora, o senhor precisa me levar para o hospital. — murmurei, sentido minha visão escurecer.


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“Te peço perdão, Senhor,
mais uma vez.”

🌺💕

Grande susto, não é? Mas é necessário.

O INCAPAZ - História de Joabe e NatalieWhere stories live. Discover now